terça-feira, fevereiro 26, 2008

Espanha...

Multibanco? Pois é...

Imagem da Virgen del Rocío.

Ontem saímos de Monte Gordo por volta das dez da manhã.
Tomamos o caminho de Vila Real de Stº. António e logo chegamos à ponte que atravessa o Guadiana, para entrarmos na Espanha.
Optamos pelo caminho que contorna o mar, por ser sempre de estradas mais verdes e que passam mesmo dentro das povoações, dando-nos uma noção maior da realidade de cada lugar. Há também a questão dos pedágios (portagens, em Portugal).
O Arsénio programa o GPS de forma a evitar as auto-estradas, na tentativa de baratearmos o percurso.
A primeira cidade de tamanho relevante é Lepe.
Mas ainda assim é pequenina.
Passamos rapidamente dentro da povoação, como estávamos querendo chegar a El Rocío ainda antes do almoço, não nos dedicamos a explorar melhor. Vai ter que ficar para outra.

El Rocío é uma aldeia surpreendente.Uma Espanha que se mostra em suas tradições.
Fica a 15 km de Matalascañas, nos limites do Parque Nacional de Doñana, na província de Huelva, Andaluzia. E toda ela está à volta da Ermida da Virgen del Rocío, onde mora a "Blanca Paloma", como a virgem é conhecida. Conta a lenda que ela apareceu no local no século XVIII e é a padroeira da Andaluzia.
Bem, não é fácil descrever o que se vê ali. Uma aldeia bem cuidada, as casas todas muito conservadas e pintadas, com jardins floridos. Algumas existem desde 1400 e algo ou talvez até antes, por volta do século XIV. As grandes abrigam as Hermandades. Mas é estranho, parece uma aldeia vazia. Cheia de casas, mas vazia.
E não há calçamento, as ruas são todas de areia. Em frente de cada casa ou estabelecimento comercial, há uns palanques para amarrar cavalos.
À primeira vista, lembrou-me uma daquelas cidades que aparecem nos filmes de faroeste, mas depois de bater boa parte das ruas, acabamos por chegar à frente da Ermida, que termina por explicar o que ali se passa.
Anualmente El Rocío recebe em torno de um milhão de pessoas, que vêm venerar a Virgem durante a Romeria del Rocío. Dizem que a aldeia se transforma durante uma semana, tem a sua apoteose no sábado de Pentencostes e depois volta à sua quietude normal, até o próximo mês de maio.
Fui sem saber nada disso, o que me causa pena, poderia ter me aprofundado na pesquisa, porque decerto teria valido ainda mais.
O fato é que existem ali as sedes de mais de oitenta hermandades, que se instalam durante o período da Romería, para prestar devoção à Padroeira.
Vou pesquisar mais, depois conto.

Depois de caminhar bastante, resolvemos tomar uma caña e provar umas tapas no Bar El Pocito, que fica ao lado da Ermida. Ainda no caminho de volta até o carro, entrei na loja do Parque Doñana e comprei um chapéu e um colete para caminhadas, para lembrar da visita. Parecido com aqueles coletes de fotógrafos profissionais, muito cheio de bolsos e fechos, que dão um jeito danado, ainda mais prá mim, que vivo a carregar tarecos, cartõezinhos, guardanapos de restaurantes, essas coisas prá lembrar, na hora de contar aqui. Depois não guardo, não. Ficam na memória da retina.

Continuando o passeio, fomos almoçar em Matalascañas, que é uma zona balneária não muito badalada, talvez esteja no roteiro por localizar-se à beira do Parque Nacional de Doñana, que é outro capítulo dessa viagem, caso um dia alguém queira fazê-la.
A comida não foi exatamente o que esperávamos, o Arsénio tinha comido ali umas ovas fritas, há uns anos atrás e queria repetir a dose. Não foi muito feliz. Além de estarem muito fritas (elas são parecidas com qualquer coisa à milanesa), ainda estavam quentes demais e ele acabou por queimar o céu da boca. Eu pedi o prato do dia, nesses casos sempre acho mais garantido. Das opções (e até eram várias), escolhi a paella. Não era nenhuma Brastemp, mas era comível, como dizemos. O empregado de mesa devia ser filho do proprietário ou mesmo ser o dono do restaurante. Havia uma foto grande numa das colunas da casa, onde ele aparecia, vestido de toureiro e muito sorridente, com aquele famoso olhar matador. Todo ligeirinho, também meio que atirava os pratos em cima das mesas.
Que nada... deve ser assim mesmo, eu é que não estou muito acostumada.
O preço é razoável e o lugar agradável. Numa mesa próxima, alguém comemorava o cumpleaños com uma data de amigos. Um grupo barulhento e divertido.

Depois do almoço ainda demos uma caminhada pela praia, o dia estava bonito e apetecia. Mas logo o almoço pesou e resolvemos sentar-nos à fresca, antes de seguirmos viagem.

A próxima parada foi em Isla Antilla.
Sem dúvida, logo se vê que foi e ainda é uma praia muito bem freqüentada em época de temporada. É a parte turística de La Antilla, que teve origem em uma aldeia de pescadores, mas que hoje já está cheia de prédios com vários andares e em nada lembra a antiga aldeia. Sinal dos tempos, sim. É o que sempre acontece.
Em Isla Antilla há muitos condomínios luxuosos, hotéis imensos e caros e Centros Comerciais bem estruturados. A praia é bonita e ainda tem um ar meio primitivo, se não nos virarmos para olhar a povoação que fica em frente ao mar.
Um lugar bonito, bom de se estar ou, pelo menos, bom de conhecer.

De Isla Antilla fomos para Isla Cristina, que já é um local mais movimentado e não tão organizado feito a anterior. Mais parece uma cidade normal e não uma zona balneária. Mesmo assim, tem os seus encantos. Mas apenas passamos. No caminho, muitas plantações de morango em sistema de plasticultura. Mas algo bem significativo mesmo. Há momentos em que o olho se perde no horizonte. Por ali andam muitas marroquinas, com suas vestes tradicionais. São trazidas de Marrocos para trabalharem na atividade do morango e, segundo matéria que lemos noutro dia, numa revista semanal, escolhem as mais novas e que têm filhos pequenos para vir. Mas os filhos ficam em Marrocos, com as famílias, que é para os proprietários das fábricas daqui terem certeza de que voltarão à sua terra.
Curioso...
Vimos também muitos africanos, talvez nigerianos, argelinos, muitos vindos da Costa do Marfim, que ficam por ali para o trabalho sazonal.
Andei lendo sobre a produção de morangos naquela região e há preocupações bem importantes com relação à ecologia, uma vez que está localizada ao longo do Parque Nacional de Doñana. Utilização irregular da água, de forma a promover o desequilíbrio do ambiente, além dos venenos utilizados na cultura. E são só algumas delas.

De Isla Cristina direto para casa (hotel, né...).
Depois um banho, o lanche leve e uma cama, que estávamos cansados.
E também era preciso acordar cedo para irmos a Tavira, que foi o que fizemos hoje e eu já conto.

4 comentários:

Vivi disse...

Nossa Hello, da umainvejinha, mas nao e inveja má viu.
Otima viagem para vc e o arsenio.

bjão

helo flores disse...

Obrigada, guria. De coração.
Olha, eu quero te ver um dia escrevendo sobre viagens que fazes. E se penderes pro lado do jornalismo, eu vou estar batendo palmas, daqui.
Podes apostar.
Pensa nisso com carinho. Beijão.
Helô

Anônimo disse...

Heloísa Maria!!!!!!!!!!!!!!!
Eba, te achei, criatura, que legal!
Criei um blog só prá "falar" contigo,mas não pense que serei aplicada como tu.
Cara, estou em Santa Maria, aposen tada.Eta vidinha mais ou menos a que tenho levado.
manda email para: smguterres@yahoo.com.br
Aguardo notícias...
Bjs
Sonia Guterres

helo flores disse...

Hahauahauahauahauahauahau!!!
Soninha, mas que beleza!
Quanta alegria, mulher!
Como é que tu tá?
Pois é...o blog sempre tem notícias, a idéia é esta, tá todo mundo meio desgarrado, é o jeito de todo mundo saber de todo mundo.
Mas e qual é o teu blog, afinal?
Manda aí.
Beijo enorme.
Saudade, guria!
Bem-vinda ao grupo dos "reformados"