sábado, novembro 27, 2010

A ABRAÇO em Portugal, no mês de Dezembro

A Associação ABRAÇO trabalha o ano todo, há dezoito anos, apoiando pessoas infectadas e afetadas pelo HIV/AIDS.
Mas no mês de Dezembro multiplica-se em muitas frentes, juntando-se a muitos parceiros, que fazem o DIA MUNDIAL DA LUTA CONTRA A SIDA ser um momento de parada obrigatória, para que todos possam refletir e tomar consciência de que a questão é de responsabilidade de TODOS.

Confira aqui todos os eventos programados:
http://abracoeventos.wordpress.com/

E a neve chegou em Dublin...


Eu bem desconfiei, quando vi a previsão do tempo prá semana. Úmido e frio. Graus negativos.
Foi por um dia, saímos de lá ontem e hoje amanheceu tudo branquinho.
O Gabriel acaba de postar uma foto no facebook, uma vista da sacada da casa deles.
Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...
Muita roupa quente, gurizada!

quinta-feira, novembro 25, 2010

Água cobrada

Os irlandeses, a partir do plano a ser colocado em ação para a recuperação da economia do país, deverão passar a pagar pelo consumo de água.
Eu achava muita fruta que não fossem cobrados pela água que consomem.
Mas era assim mesmo, até aqui.
Só uma curiosidade: a despesa que o governo terá para implantar o sistema de medição e de cobrança parece ser mais complicada do que continuar a distribuí-la de graça. A menos que façam como em Portugal, onde se cobra taxa mensal pelos contadores.

Frio de rachar em Dublin

Hoje foi um dia muito frio por aqui.
Não sei de quantos graus, mas de certeza que eram bem poucos.
Agora, lá fora, o termômetro marca 2 graus.
Estamos aqui do lado de Dublin que fica perto do mar, Docklands. O rio Liffey também fica a dois quarteirões. Sei lá, pode parecer que por isto seja mais frio.
O fato é que hoje se viu menos gente nas ruas. A maioria estava dentro dos pubs, shoppings, lojas, cafés. E quem andava na rua estava enroupado até a cabeça. Toucas, cachecóis, casacos, casacões, botas, outro casaco por cima, luvas...Deus do céu, isto é mesmo frio. O corpo dói.
E o fim de semana promete temperaturas negativas e tudo.
Espero que em Lisboa esteja um pouco mais quentinho.
Amanhã à tarde chegamos em casa.

Fico aqui tentando convencer a Renata e o Gabriel a ir viver em Lisboa. Lá, pelo menos há mais sol, não faz tanto frio. Isso aqui no auge do inverno, vai lá...vai.



With Love, from me...to me. Brilhante idéia!


A jornalista irlandesa Miriam O´Callaghan é uma figura interessante.
Estudante de Direito pela UCD, foi uma menina tímida, triste e solitária na adolescência. Formou-se e fez uma especialização em Leis Européias.
Hoje tem um programa de entrevistas em uma rádio aqui em Dublin e apresenta outro na TV, onde comenta assuntos atuais e também política, mas de forma simples, como para chegar ao grande público.
E tem oito filhos.
É considerada uma mulher de sucesso. Uma Marília Gabriela irlandesa.

E teve recentemente uma idéia genial.

Fez uma pergunta a cinquenta e nove celebridades irlandesas, como artistas, apresentadores de tv, homens de negócios, desportistas, escritores, músicos, modelos e outras estrelas, e pediu que respondessem em forma de carta, endereçadas a eles próprios, como se estivessem falando consigo mesmos, aos dezesseis anos.
- O que você diria para si mesmo, se encontrasse aquela pessoa hoje?
São sessenta cartas, incluindo a da autora.
Há também uma menina de dezesseis anos que escreve a si mesma, projetando-se no futuro.
O resultado está neste pequeno livro, editado por Joseph Galliano.
Muitas das cartas foram impressas manuscritas e há fotos de todos os autores, na adolescência ou atuais, algumas com adesivos de bonequinhos,coraçõezinhos, rabiscos e desenhos. Aquelas coisas clássicas que se faz quando se tem dezesseis anos.
Original, fascinante, surpreeendente, emocionado e divertido, mas sobretudo escrito com o coração.
E não fica nisso.
Toda a renda obtida com a venda do livro reverterá para uma causa super importante: a Irish Youth Foundation, que trabalha com jovens adolescentes que não tiveram as mesmas oportunidades, tentando promover a educação e mantê-los longe das drogas e de situações de risco. Também apoia jovens com necessidades especiais.
E a pergunta refere os dezesseis anos por ser a faixa etária que aqui demarca, de certa forma, o fim da adolescência.

Fiquei encantada.
Uma campanha que não é de simplesmente pedir donativos, sobretudo apropriada para os dias atuais em todo o mundo, onde a crise parece ser a causa e, de certa forma, a justificativa para não fazê-lo. E as fundações, associações, ONGs e tantas outras instituições, tendo que fazer o trabalho que os governantes deveriam fazer (e muitas vezes não conseguem) precisam contar cada vez mais com o mínimo de ajuda que cada um de nós puder dar, pelo mundo afora.

O livro custa em torno de 16 euros.

Quem me falou nele foi a Rê, que a conhece pessoalmente, de encontrá-la nos eventos onde trabalha.
Curiosa ao extremo, tive que ir atrás do livro.

Realmente, uma idéia das boas e por uma excelente causa. Tomara que o livro venda como água!

quarta-feira, novembro 24, 2010

Dun Laoghaire






Hoje fomos para o outro lado, a sul de Dublin.
Dun Laoghaire é um condado e a capital é Dun Laoghaire mesmo.
Fica a uma meia hora de trem, saindo da Connolly Station.
O dia estava bonito, conseguimos fazer uma boa caminhada, eu, a Renata e o Arsénio.
E almoçamos lá, num pub muito simpático, com vista para o mar.

VÔO CANCELADO

Voltamos só na sexta-feira.
A Aer Lingus também teve que se render à Greve Geral.
Assim que ficamos mais dois dias em Dublin.
O que fazer não falta.
E o dia está lindo.

Voltando hoje para Lisboa

Aqui deste lado de Dublin a gente é acordado de manhã pelos gritos das gaivotas.
Inusitado, mas bom.
O dia amanhece bonito, com sol e tudo.

Estou aqui tentando descobrir se vamos conseguir voltar hoje prá Lisboa ou não. A greve geral marcada para para o dia de hoje, por lá, está mesmo em força. Várias companhias aéreas cancelaram seus vôos com partida e destino em Portugal. O país deve parar.

Ainda não sabemos nada, não recebemos nenhum comunicado da Aer Lingus.

Se não der prá ir, ficamos. É mais um dia que estamos com a gurizada.

segunda-feira, novembro 22, 2010

A CRISE

Por mais que não se queira falar, acabamos por nos dar por vencidos. As notícias estão na TV, jornais, rádios, revistas, em tudo o que se vê e escuta.
Não quero fazer nenhum juízo.
Isto é com os entendidos.
Apenas tenho uma percepção e como tal coloco aqui.
Penso que o governo irlandês demorou algum tempo para dar o braço a torcer e esteve até há pouco afirmando que não precisavam de ninguém de fora para resolver os seus problemas.
Tentaram de verdade.
Entendo o pensamento deles. É uma questão de manter a soberania. E acho louvável que queiram manter. Amam o seu país, têm orgulho dele, querem ser capazes e mostrar que são.
Mas na última semana as coisas se complicaram.
E hoje houve um pronunciamento do Primeiro Ministro, Brian Cowen, que definiu as ações que deverão ser postas em prática a seguir.
No final de dezembro dissolve o Parlamento e convoca novas eleições para o início de 2011, mas somente após aprovar o próximo Orçamento (2011) e implantar o pacote de ajuda financeira da União européia e do FMI ao país.

Quem vive aqui comenta que já começam a aparecer consequências no dia-a-dia.
Pessoas a perderem o emprego, empresas a cortar horas de trabalho, os preços nos supermercados a baixar, começa a haver mais promoções de produtos, os preços dos imóveis a sofrer reduções, e por aí vai.

Mas, como eu falei noutro dia, se estamos em Dublin, a julgar pela aparência, custamos a acreditar nesta realidade. Os pubs estão cheios, as ruas repletas de pessoas fazendo compras de Natal, as lojas com movimento aparentemente normal e as pessoas continuam alegres, simpáticas, educadas e solícitas. Não se vê ninguém mau humorado.

Tenho um carinho especial pela Irlanda, talvez pelo fato de terem acolhido tão bem o Gabriel e a Renata e tantos outros amigos que fizeram por aqui, de muitos lugares do mundo. Torço de verdade para que consigam reverter muito depressa este quadro, mas tenho consciência de que não vai ser uma tarefa nada fácil. Deus ajude.

H O W T H






Hoje, apesar da chuva e do frio, apanhamos um trem para Howth, que fica qualquer coisa em torno de meia hora a norte de Dublin.
É uma cidadezinha simpática, à beira do Mar da Irlanda, e teve origem em uma aldeia de pescadores.
Chegamos à hora do almoço e, como chovia, não deu para caminhar muito. Tivemos que nos render ao calorzinho no interior da Oar House, restaurante que serve delícias em peixes e frutos do mar.
Descobrimos também uma casa que vende os peixes e mariscos que não encontramos em Dublin. Ali encontramos camarão de bom tamanho. Amanhã sou eu a cozinheira de plantão e o prato é bobó de camarão.

Hoje o jantar é por conta do nosso amigo Matus, aqui na casa da gurizada. Ainda não sei o cardápio, mas ele é conhecido pelo bom gosto e mão boa na cozinha.
A ver vamos. Depois eu conto.

Sorte que quarta-feira estamos voltando para Lisboa. Não fosse assim, nem sei. As roupas já começam a apertar. E com o frio, apetece tudo. Isso aqui é uma perdição.

Homens na cozinha

Pausa para o petisco.
O cozinheiro e o provador.

Cogumelos grelhados.

Ontem à tarde tivemos pica-paus e cogumelos grelhados na chapa.
O Arsénio foi o gourmet da vez. E nós, os provadores.
Na cozinha aqui da casa deles há até uma mesinha pro efeito.
Bem bom!

Cenas de rua








Breakfast

Hmmmmmmmmmmmmm...

Dublin com frio e chuva...




domingo, novembro 21, 2010

A magia do pub.



É impressionante o gosto que me dá estar comodamente sentada numa dessas poltronas fofas e floreadas, rodeada de móveis todos em madeira rústica, as mesas, o balcão e os bancos altos, as cervejas e outras bebidas cuidadosamente dispostas nas prateleiras, o pé direito baixo, o clima de aconchego e, claro, um belo pint de guinness à frente, porque senão nem tem sentido. Quem lê deve achar que sou uma beberrona. Mas não. Se beber um inteiro, já é muito, aquilo tem quase meio litro.
Mas o tempo que levo nisso é precioso, porque estar ali é qualquer coisa de muito especial.
Depois a música, inconfundível, a boa disposição das pessoas, uma atmosfera simples que faz dar vontade de ficar, ficar, ficar e ficar.

Estes bares típicos irlandeses têm uma vibração diferente.
São cômodos. A luz é sempre difusa, há pessoas de todas as idades, os irlandeses são super simpáticos e receptivos, adoram conversar, a música é alegre e o ambiente é quente, quando lá fora o resto é inverno de chuva e de vento.
Por isso estão sempre cheios.

sábado, novembro 20, 2010

Provando sabores...

A comida aqui em Dublin, decididamente, é diferente. É forte em sabor, bastante temperada e com uma predominância para os fritos e cozidos.

Segundo o Arsénio, um alentejano que viesse viver aqui, ao fim de quinze dias, ou morria ou tinha que ir embora.
Não comia ou só bebia vinho.

Exageros à parte, a carne de Irlanda é saborosa, provavelmente graças aos pastos de que se alimenta o gado. O presunto assado ao forno com cravos e açúcar, o refogado de carne com cerveja, o porco assado com mel, as costelas de cordeiro com creme de menta ou o faisão
recheado de castanhas são alguns dos pratos com mais tradição.

Mas ainda não provei nenhum destes, são servidos nos restaurantes mais requintados, portanto, não posso dizer se são bons ou não.

A questão é que adoramos um pub e, nos pubs, a comida servida é normalmente frita ou cozida. Os pratos apresentados, começam com o tradicional irish breakfast, que é composto por pão de batata (potato cake), pão de soda (soda bread), salsichas (sausages), bacon, tomate grelhado (grilled tomato), ovo estrelado (fried egg)e o blak pudding, uma espécie de bolo em forma circular, de consistência semelhante à morcilha ou morcela que comemos no Brasil. Dependendo da região, há variações. Às vezes servem também feijões ou cogumelos.
Convenhamos que não dá prá ter a pressão alta, senão tá tudo lixado.

Depois ainda temos o smoked salmon, um prato com salmão defumado acompanhado de salada e meias fatias de laranja, o irish stew, ensopado de carne de ovelha com legumes,
irish stew
os famosos fish and chips (peixe frito com batatas fritas), a sheperd´s pie, torta de carne irlandesa, feita com carne guisada e purê de batata, ao forno ( esta eu adoro).
Shepperd´s pie

Há também boas sopas e os vegetais e legumes são servidos no ponto. Os mais usuais são batatas, brócolis, ervilhas e cenouras. O purê de batatas é muito consumido como acompanhamento de diversos pratos. As batatas são também o principal ingrediente de outra das receitas mais tradicionais do país, o colcannon - um purê de batatas que acompanha couve, cebola, leite e manteiga.
Come-se também rodelas de cebolas fritas e há bastante consumo de carne de ovelha.
Os peixe mais encontrados são salmão e bacalhau.
As sobremesas são strawberry and cream, morangos com nata; porter cake, o bolo clássico de frutas cristalizadas e a apple tart, uma deliciosa torta de maçãs, servida com natas ou com uma bola de sorvete de creme.
Ainda há os queijos, originalmente feitos nas fazendas e monastérios irlandeses, hoje com novos processos de fabricação. Os mais famosos são o St Killian, o Carrigaline, o Cashel Blue e o Durrus.
As bebidas mais consumidas são a cerveja irlandesa Guinness, o whisky Jameson, também fabricado aqui e a famosa Cider, a cidra de maçã, que tem um teor alcoólico semelhante ao da cerveja e, em alguns casos, é mais cara. A mais conhecida é a Bulmers.
Vendo assim, é de dar água na boca, não é?
De qualquer sorte, a Irlanda não é muito famosa pela gastronomia. Come-se. E há coisas muito apetitosas, sobretudo os doces.
Mas comer fora de casa, em Dublin, é bem salgadinho. Por isso costumamos fazer por aqui as nossas almoçaradas em casa e daí a comida é brasileira, com certeza. Neste momento, como temos um "tuga" a bordo, também saem os famosos petiscos de fim de tarde, tudo regado a uma saborosa guinness ou uma taça de vinho, que não é irlandês, claro, porque aqui o forte é mesmo a cerveja irlandesa e esta ninguém bate.
Cheers!

Pois é...

É provável que a tal bebida fumegante que trazia a tacinha da senhora, lá no pub, seja o hot port, que nada mais é do que o vinho do Porto quente, misturado com um pouco d´água e temperado com cravo. Vinho do Porto branco, claro.
Algo que se assemelha ao nosso quentão, no sul do Brasil.

Cá deste lado da Irlanda

A vida pulsa em Dublin.
Aliás, tudo aqui pulsa com muita energia.
A despeito das notícias de crise que correm pelo mundo todo, se não as tivéssemos lido e ouvido, não daríamos por ela.
As ruas cheias. Os pubs cheios. As lojas abarrotadas de gente.
Há cheiro de comida no ar e alegria no rosto das pessoas, apesar do frio.

E há fatos pitorescos, próprios dos irlandeses, penso eu.

Ontem estávamos em um pub, a saborear uma guinness e aproveitando o tempo prá colocar as conversas em dia com o Gabriel. A Rê tinha muito trabalho, desta vez não pode nos acompanhar.

Entra uma senhora, aparentando uns setenta e tais, ou quase oitenta. Muito magrinha, as maçãs do rosto rosadas e os olhos muito azuis. Senta ao nosso lado, muito simpática. Chama a moça - que aqui não se deve chamar com um aceno de braço ou por "moça!", como a gente está acostumado, e sim com um leve abanar de cabeça ou um sorriso discreto - e pede qualquer coisa, que imagino seja o que pede todos os dias, provavelmente à mesma hora do dia. Se calhar, pode ser somente nas sextas a tarde, o fato é que eles, do pub, parecem conhecê-la e muito.
Observo os movimentos da senhora e parece-me estar dentro de um filme. Tira o casaco, o cachecol e as luvas e os coloca os dois últimos dobrados em cima da mesa, a um canto. O casaco deposita ao lado, cuidadosamente arranjado para não amassar.
Espera muito convicta pelo pedido e, quando lhe é posta a tacinha à frente, com mais ou menos uns três dedos de uma bebida dourada, sorri agradecida e coloca uma moeda na mão da moça que a atendeu. Depois enfileira cuidadosamente as luvas,o cachecol, os óculos de sol, a taça, o troco em papel e a seguir as moedas empilhadas, tudo em cima da mesa.
Sorve a bebida com um prazer comedido e apanha uma saquetinha de açúcar no pote à frente, também milimetricamente arranjado por ela, em sequência, em cima da mesa.
Despeja um bocadinho do açúcar na mão e depois, com a língua, saboreia cada grãozinho.
Olha tudo com atenção. Sorri, às vezes.
Bebe muito devagarinho, deliciando-se com cada gole.
Volta a contar o dinheiro e empilhar as moedas, por tamanho, da maior à menor, de baixo para cima. E tem na mão uma nota de cinco euros, que dobra, enrola, desdobra e alisa. Depois de mais de hora a beber o mesmo tantinho daquilo que estou morrendo de curiosidade para saber o que é, e que por fim acaba, sorri, agora para o moço do balcão, que vem atendê-la cheio de simpatia. Ela faz um novo pedido, entrega-lhe a nota de cinco euros e põe-lhe dentro da mão uma moeda. Depois espera com paciência.
A taça de vidro que lhe traz o moço é uma taça normal, como a de vinho, mas agora é fumegante. Parece chá, mas tem cor de bebida, um dourado brilhante. E vem com uma daquelas palhetinhas de mexer, cor de laranja forte e com uma bola na ponta, como aquilo que se mexe em copos de drinks. Fico a pensar se é assim mesmo ou se ela - e aqui viajo - pede um chá e quer fazer parecer uma bebida.
Seja como for, volta a contar o dinheiro, agora com algumas moedas a mais, depois do troco que lhe trouxe o moço, e novamente a dispor em fila, arrumando o cachecol, as luvas, os óculos e o dinheiro. Mexe a bebida com elegância e leva o dobro do tempo para beber aquilo.
Ao final de tudo, coloca o cachecol, apanha os óculos, guarda as moedas numa bolsinha muito pequenina, ajeita a mesa e recolhe a taça e o guardanapo, mais as saquetinhas de açúcar vazias, caminha até o balcão com muita dificuldade, em passinhos curtos e desajeitados, e entrega ao moço, com outro sorriso.
Na rua chove. Ela para um pouco à porta, veste o casaco, arranja o cachecol, enquanto a acompanho com o olhar, pela vidraça da janela. O Arsénio ainda comenta que aquilo é só um aquecimento, que quando sair à chuva começará a andar desabalada tentando fugir dos pingos. Eu acho engraçada a observação, mas não tiro os olhos dela.
De fato, agora a senhora lá fora parece outra pessoa. A passos largos, rapidamente some no meio de um amontoado de gente que anda apressada debaixo dos seus guarda-chuvas.
Olho para a mesa ao lado, já há dois senhores a tirar os casacos e cachecóis, prontos a fazer o pedido.
No cantinho da mesa, uma moedinha de um cêntimo brilha, esquecida.

sexta-feira, novembro 19, 2010

E só agora descobri

Que José Saramago foi registrado no mesmo dia em que eu, 18 de novembro, embora se tenha notícias de que nasceu no dia 16.
Não importa, é uma honra imensa.
Só me falta aprender a escrever um milésimo do que ele escreveu.
Era bom, não era?

DUBLIN ontem.




5.2 - A vida é, em si, uma festa natural.


Nos dias especiais sempre se quer estar junto da família e dos amigos mais queridos.
Bom mesmo seria se os tapetes voadores fossem reais. Ou se nos pudéssemos teletransportar.
Gabriel e Rê representando o melhor lado da nossa vida no momento do bolinho e dos mimos, na casa deles, em Dublin.


Obrigada, gurizada!

Aos meus filhotes mimosos, à minha família amada e aos amigos que enviaram as mensagens mais carinhosas e queridas do mundo, renovo o meu amor a cada dia, total e incondicional.
Vocês são tudo o que há de bom!

sexta-feira, novembro 12, 2010

A Pilar, que ainda não havia nascido e tanto tardou a chegar.


É a simples e amorosa dedicatória do livro de Saramago que veio hoje acompanhando a revista Sábado. As Pequenas Memórias.

O livro de cabeceira de hoje, com toda a certeza.
E diz aqui na capa da revista que é o único livro autobiográfico escrito por José Saramago.

Há uma outra frase, do Livro dos Conselhos que me encanta: Deixa-te levar pela criança que foste.


Estou super curiosa.
Até amanhã, gente.

E o Prêmio PT de Literatura foi para ELE, o gajo dos olhos ardósia.

Chico Buarque "brasileiro" de Holanda chegou para receber o seu prêmio de paletó creme.
E sentou elegantemente ao lado de Pilar del Rio, a viúva de Saramago, na sala de vidro da Casa Fasano.
Com o mesmo livro, Leite Derramado, ganhou noutro dia o Prêmio Jabuti.

Quando perguntado sobre se merecia o importante prêmio, repondeu:
_ Acho que não sou mau.

É claro que ele não é mau.
Eu acho ele o máximo!

ANGOLA

Ando aqui embasbacada com os números trazidos pela Revista Visão desta semana, sobre Luanda, a capital mais cara do mundo.
Já há uns tempos, quando fazia um workshop sobre marketing ali na Universidade Lusófona, uma colega que havia morado um período lá nos contava o que era viver em Luanda. O marido trabalhava na Embaixada, ganhava bem, mas a vida custava uma pipa de massa. A criminalidade era um grande problema, por isso voltou com a filha pequena, deixando o marido lá. Ela nos dizia que uma calça jeans era vendida por volta dos 500€, em lojas normais. Isso era só um exemplo.
A gente custa a acreditar, mas parece que se confirma.
Segundo a Visão, a maioria dos seus habitantes vive com menos de dois euros por dia, mas o preço de um hambúrger pode ultrapassar os 15€.
Um litro de leite custa 2,60 € e um café vale 3 €.
Um apartamento de quarto e sala, sem saneamento nem elevador por US$ 3.500 é considerado um achado.
O povo de lá vive esmagado pelos preços do outro mundo.
A nova via rápida que vai para Luanda sul é bem um retrato dos contrastes da cidade. De um lado, os musseques, os seus montes de lixo e as poças de lama; do outro os condomínios junto da praia, com arame farpado e gusrdas à porta.

Há disso e muito mais na matéria da Visão.
Fico aqui pensando em tantos portugueses que estão largando tudo para tentar a sorte por lá.

Sobre os musseques: http://arkivao.blogspot.com/2006/07/musseques-de-luanda.html

Lisboa e a Cimeira da NATO - The North Atlantic Treaty Organization (OTAN)

Não se fala noutra coisa.
O futuro da Aliança Atlântica discute-se aqui, numa cimeira rodeada por medidas de segurança nunca vistas em Portugal.
Para a semana que vem está montado um aparato de segurança que deverá custar algo em torno de 10 milhões de euros.
Já falam que Lisboa vai estar sitiada, porque Portugal terá grau elevado de ameaça terrorista.
E tudo acontece aqui pertinho de casa, na FIL, ali no Parque das Nações.

A região toda vai ser fechada para circulação, a não ser para os participantes do evento. Os restaurantes todos foram contactados para não haver nenhum prato acima de 15 €. E só podem servir aos participantes.
Durante os dias da cimeira, circularão por ali os líderes de 27 países e outros tantos parceiros, num total de 60 delegações internacionais.
O Presidente Obama traz na comitiva de 800 a 1000 pessoas. E o carro blindado vem de lá.

Segundo o jornalista Francisco Galope, responsável pela matéria, a questão do desarmamento não ficará resolvida em Lisboa. Uma idéia expressa por Michele Flournoy, subsecretária de Estado norte-americana da Defesa. Para ela, trata-se de uma perpectiva de longo prazo.

Ainda bem que viajamos prá Irlanda na quarta e só voltamos quando isso já tiver acabado.
Vai haver dias em que o transporte será quase impossível.
No dia 19 haverá tolerância de ponto. Quem conseguir chegar ao trabalho, beleza. Quem não conseguir, fica em casa, vai comer pastéis de nato(a) com café.

Mais informações:http://www.ionline.pt/mobile/88154-cimeira-da-nato-lisboa-capital-mundial-da-seguranca


http://aeiou.expresso.pt/cimeira-da-nato-cortes-e-condicionamentos-entre-17-e-21-de-novembro=f614292

A NATO representa:

13% da População do Planeta
em 27 países
que produzem a metade do PIB Mundial
e são responsáveis por 2/3 dos gastos militares do mundo

(fonte Revista Visão Nº 923)

terça-feira, novembro 09, 2010

São Martinho chegando...mas cadê o verão?


Depois de amanhã, quinta, é dia de São Martinho.
Normalmente neste dia temos sol e até calor, em Portugal.
Mas desta vez não.
Os programas todos de tempo dizem que chove e faz frio.
Não faz mal, come-se castanhas assadas e toma-se aguapé.
É dia de abrirem os potes, oficialmente.
Fazem sete anos que vim pela primeira vez a Portugal e era tempo de São Martinho.
O tempo passa correndo. Cada vez mais...

segunda-feira, novembro 08, 2010

Considerações a fazer

Sei que tudo o que eu queria neste momento era andar pelo mundo, fotografando, falando com as pessoas, olhando bem dentro dos seus olhos e dos seus mundos e vivendo plenamente cada cena. Depois escrevendo, escrevendo... sem parar.
Quero ver o mundo! Quero ver o mundo!
Há de ser por isso que Deus, meu pai e minha mãe me deram olhos tão grandes.


Eu não tinha certeza, mas desconfiava muito que a última caminhada de vinte e cinco quilômetros a Ernesto Alves ia me custar a unha do dedão do pé esquerdo.
Na mosca! Está no ir...e não vejo nada por baixo dela. Será? Não me lembro de ter perdido uma unha alguma vez na vida. Mas não deve ser o fim do mundo, há coisas muuuuuuiiiiiito piores.
Credo, claro que há. Isso é um nadica de nada.


Preciso comer mais frutas e verduras, é verdade. E retornar aos exercícios físicos.


Vou passar o meu aniversário com o Gabriel e a Renata, lá em Dublin. Seis diazinhos, prá matar a saudade da gurizada.


Minha mãe está se recuperando bem do braço quebrado, o médico acha mais certo não operar para colocar pinos. Força, mãe. Sei o quanto deve incomodar, mas vai passar. Sei que odeia ficar imobilizada, mas logo vai poder saracotear de novo, mãe. Lembra de me dizer isso tantas vezes quando me acidentei, quando me dava suco de laranja com cenoura todas as manhãs e ovo quente, prá eu ficar forte e me recuperar ligeiro? A senhora tinha razão, passou e nem me lembro mais. Força!

Para pensar...

A FELICIDADE SÓ É REAL QUANDO PARTILHADA.

Outros filmes que eu vi...

O final de semana foi de colar no sofá e virar gosma, como diz uma amiga minha lá de Cachoeira do Sul.
Falando sério, até que não. No sábado andamos a bater pernas na Baixa.
Mas o domingo foi verdadeiramente de gastar os olhinhos na tela da TV, um filme atrás do outro. CINCO.


Julie e Julia - de Nora Ephron, com Meryl Streep e Amy Adams. ( Cenas em Paris e Estados Unidos)


O lado Selvagem - de Sean Penn, com Emile Hirsch, Willian Hurt, Marcia Gay Hayden, Vince Vaughn, Catherine Keener e Hal Holbrook. (Cenas nos EUA, México e Canadá)


Nada Pessoal - de Urszula Antoniak, com Stephen Rea e Lotte Verbeek. (Filmado na Holanda e Irlanda)


A Desconhecida - do italiano Giuseppe Tornatore e música de Ennio Morricone, com Kseniya Rappoport. (filmado na Itália)


Crazy Heart - de Scott Cooper , com Jeff Bridges e Maggie Gyllenhaal. (Estados Unidos)


Na semana passada, mais CINCO.


Intimidade - de Patrice Chéreau, com Kerry Fox e Mark Rylance. ( Londres)


Amor Sem Fronteiras - de Martin Campbell, com Angelina Jolie e Cliven Owen. (Londres, Etiópia, Chechênia, Cambodja).


Saraband - de Ingmar Bergman, com Liv Ullman e Erland Josephson. (Suécia)


Uma Outra Mulher - de Woody Allen, com Gena Rowlands, Mia Farrow, Ian Holm e Gene Hackman. (Estados Unidos)


O Segredo dos seus olhos - produção do diretor argentino Juan Jose Campanella, com Ricardo Darín, soledad Villamil, Carla Quevedo e Javier Godino. (Buenos Aires)

Se querem mesmo saber, RECOMENDO TODOS, sem exceção.


Sobraram TRÊS prá próxima semana.

Amarcord, uma recolha de reminiscências de Frederico Fellini.
A Melodia do Adeus, de Nicholas Sparks, com Miley Cyrus, Liam Hemswotth e Greg Kinnear e
A Insustentável Leveza do Ser, de Philip Kaufman, baseado no romance de Milan Kundera, com Daneil Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin.

Depois eu conto.

quinta-feira, novembro 04, 2010

JOSÉ SARAMAGO

O que influencia o amanhã.

Por Fundação José Saramago

A pergunta que todos deveríamos fazer-nos é: Que fiz eu se nada mudou? Deveríamos viver mais no desassossego. Não haverá amanhã se não mudarmos o hoje. Como se conta em A Caverna, tudo o que levamos às costas é passado e todo esse passado, incluindo a desesperança e a desilusão, é o que influencia o amanhã. Há que fazer o trabalho todos os dias com as mãos, a cabeça, a sensibilidade, com tudo.

* * * * *
Nem por acaso, agora em setembro, quando fui à Festa do Avante, no Seixal, comprei lá uma camiseta da Fundação José Saramago, que leva estampada no peito esta frase:
Deveríamos viver mais no desassossego. Não haverá amanhã se não mudarmos o hoje.
Por ser exatamente o que penso.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Duas vozes novas e lindas da MPB


Maria Gadú e Céu.
Coisa bonita, gente!

Uma imagem bonita prá vocês


Novembro é, de novo, o mês de muitos aniversários.


Hoje fazem anos duas pessoas muito especiais na minha vida: meu irmão Sérgio e minha nora Daiane.
Aos dois, uma vida cheia de alegrias e momentos de muita felicidade, ao lado da família e dos amigos.
Muita saúde, paz, AMOR e sucesso na busca dos seus sonhos.
Um abraço com todo o carinho.