segunda-feira, julho 30, 2007

Fim de semana...e as memórias...




E o final de semana foi de temperaturas baixas e muito calor no coração.
Em Santiago, com os netinhos queridos e com os filhotes, matando um pouquinho da saudade, sempre enorme.
Tempo de abraçar amigos, festejar aniversários de pessoas que moram em nosso coração.
Dias movimentados.
Menos mal, o frio foi aquilo tudo que a gente não via nem sentia, há anos. Muita roupa, muitas meias, umas por cima das outras, botas compridas.
Nossa, a gente quase nem consegue se mexer!
Muito fogo na lareira, chocolate quente, pipocas e um gole de vinho, de vez em quando, à volta do fogo, prá aquecer as conversas intermináveis com os amigos e a família.
De manhã, geada, deixando tudo branquinho... a grama estalando sob os nossos pés.
E os desenhos da memória da infância, em Domingos Petrolini.
O pai fazendo o ovo quente prá gente comer antes de sair prá tomar o ônibus (precisa não, pai...não precisa). A gente acabava comendo e até hoje lembro exatamente o gosto...diferente e especial. O café com leite quentinho (sem nata, que essa era pro pão caseiro batido, que ele sabia fazer como ninguém). A manteiga derretendo por cima do pão e o frio, medonho, lá fora. A gente deslizando por cima da geada, como se aquilo fosse a coisa mais linda de se fazer. Rindo! Cachecol de lã todo colorido, que a mãe tecia até de olhos fechados (como a tecer os sonhos que ela via prá nossa vida. Cheia de cuidados, a minha mãe. Tecia de coragem e otimismo o nosso coração). E a gente se achando maravilhosa no meio daquela estrada fria e cheia de geada, atalhando pelos campos, tropeçando nos galhos, em plena madrugada de inverno, no sul do sul do Brasil. A caminhada longa e apressada, de quase três quilômetros até a "faixa", o caminho escuro como o breu, iluminado pelos restos de lua e a lanterna do pai. Eu fechando os olhos, ouvindo o barulho dos sapatos quebrando a geada e sonhando com a cama, quentinha e fofa, lá em casa. O pai deixando a gente na parada do ônibus e depois voltando prá casa, já sem precisar acender a lanterna, porque o dia já se fazia claro. Eu, a guardar aquela imagem, até que ele sumisse ao longe, o meu pai. Tão bonito e tão bom que era o meu pai.
Depois encontrar os colegas no ônibus. As gurias todas apaixonadas por aquele guri loiro, de olhos azuis e cabelo muito liso, comprido, que vinha de Rio Grande prá estudar em Pelotas, como a gente, e que ficou sendo sempre só amigo, como de resto todos éramos, a turma do ônibus da seis e meia. Os pirulitos de morango, a fome da volta, mais três quilômetros, o sol queimando a cara, o calor da caminhada e a gente debulhando os cachecóis, mantas, casacos...um monte de coisas prá carregar e mais a pasta.
Enfim, o feijão com arroz e a carne de panela, que se desmanchavam na boca, quase uma e meia da tarde, deixados à beira, no fogão de lenha, pela mãe, que já tinha ido prá escola, trabalhar. A sobremesa era sempre sagú, banana caramelada com gemada e merengue por cima ou arroz de leite. Umas vezes era arroz com pêssego (e eu adorava). Noutras, goiabada, daquelas de caixa de madeira, quando a mãe não achava a pessegada de Pelotas, que sempre foi o doce preferido dela, depois do doce de laranja cristalizada.
Até hoje não sou capaz de entender como a mãe conseguia fazer tudo aquilo, cuidar de nós (somos sete irmãos), da nossa roupa, da casa, fazer comida, e ainda trabalhar mais dois turnos em escolas da vizinhança.
O "depois do almoço" da gente era de plantar sementes, fazer as mudas, fincar enfileiradas na terra fofa e preta, uma a uma, retinhas...sob a vigilância do pai, que nos ensinava pacientemente a tarefa. Outros tantos dias e nosso olhos a contemplar, maravilhados, as cebolas, já bem grandonas, prontas para virarem réstias bonitas e brilhantes, como tranças loiras, na mão dos adultos. As menores viravam molhos em nossas mãos pequenas. Tínhamos cada um a nossa quota de molhos por dia. E nos divertíamos em fazer cada um o mais bonito.
Brincar era depois.
E como a gente inventava...
Circos, malabaristas, trapezistas, limonada tão doce... cortinas de abrir e fechar, o bolo vendido em fatias, prá comprar chicletes depois, com o que sobrava, tirando o preço da farinha, do açúcar, dos ovos, do fermento e do tempo de forno. Trabalho, nem por isso, que era com prazer.
Eu gostava mesmo era de ficar dependurada, de cabeça prá baixo. Queria ser sempre a trapezista. Mas isso foi bem antes, tempos depois já tinha decidido ser ginasta, como a Nádia Comanecci.
Ia mudando com o tempo, acompanhando o crescimento das árvores, das flores, das cebolas e o meu próprio. Não via a hora de fazer quinze anos.
Mas de cantar sempre gostei. Até hoje. A primeira vez em que ganhei um festival de calouros, tinha uns 10 anos (ou talvez menos), ganhei um canarinho belga. É. Verdade mesmo. Um canarinho belga, com gaiola e tudo. Foi num clube do Povo Novo e a música era " Bahia...os meu olhos 'tão brilhando, meu coração palpitando, de tanta felicidade..."
Custava tão pouco ser feliz...
A vida era simples e cheia de graça.
E a gente sabia muito bem o que fazer com ela.






sexta-feira, julho 27, 2007

Sexta-feira...

Ahhhh...as sextas-feiras.
Sempre chegando com a esperança dos sábados e domingos inesquecíveis.
Bom fim de semana a todos!






Já é setembro?

Sento-me à frente do PC com uma chávena de café quente entre os dedos, prá aquecer o corpo e a alma... E escrevo.
Sei...teclados não comem e nem bebem, mas tomo todos os cuidados, não hei de entornar uma gota sequer.
Abro a casa toda, as janelas, as cortinas da marquise. O ar puro sempre tem o poder de limpar a vida que está cá dentro. Entra revolucionando o ambiente e sacudindo todos os ácaros, que já andam a gritar por socorro, batendo-se uns contra os outros, engasgados de vento, numa dança frenética e desengonçada.
Aspiro o pó, os ácaros tresloucados e o resto das lágrimas de ontem, entre os lençóis...depois espalhados pela alcatifa. Estendo a cama (outro dia sem a tua presença...outra noite...mais uma, menos uma). Estranha a forma com que se faz a vida... penso dentro do meu silêncio... essa coisa de querer estar em todos os lugares num só tempo.
Lá fora, onde a minha visão alcança, as árvores são de um verde matizado e brilhante e o céu ainda não mostra todo o seu esplendor. Anda envolto em brumas, como anda minha alma, a reclamar baixinho e chorosa, a tua presença.
Varro...varro...varro tudo.
Não há sol. Mas a vida sim, desde cedo anda a mostrar suas cores.

Ouço uma música suave que toca ali na rádio Antena Um. Não é nenhuma das nossas, mas a esta altura, tudo o que tem melodia e soa harmônico, me sufoca um pouco.
Até o suspiro, que é quando tudo parece ficar livre lá por dentro, no caminho tortuoso que leva à alma.

Faço um esforço sobrenatural prá sair de dentro de mim mesma e lançar-me ao dia.
O céu já se pôs azul, compondo um quadro tão lindo...
Saudade de casa.
Saudade do jardim à frente da nossa casa e do banco de sentar e ler, à tardinha (que eu ainda nem vi), a cabeça encostada no teu ombro.
Diz-me...já é setembro?


quinta-feira, julho 26, 2007

À propósito, repararam, não é?

Já tenho acentos, tis e cedilhas.
Há três textos.
Ahhh...como sou feliz!

Mas é claro...

...que a gente não consegue ficar em casa o tempo todo...mesmo com todo o frio. Há que ter coragem, mas a gente cria e vai. Toma banho...brrrrrrrrrrrr...fica se equilibrando ali na restiazinha do sol que entra pela janela, enquanto se veste. E tá pronto! 'Bora prá rua, que tem sol lá fora e o corpo já pede uma caminhada. Não tem jeito.
Bom mesmo é andar sem rumo...no desenrolar das vontades.
Paro na banca de revistas, compro o jornal. Depois é o cafezinho...descafeinado, claaaaro. Prá aquecer. Compro também uma revista, desde que cheguei de Lisboa não ando lendo nada de jeito, a não ser uns livros, bem bons, até...
No café dou umas folheadas na revista, mas deixo prá ver melhor em casa. Leio o jornal. A maioria das notícias têm a ver com desgraça, normal. Não se pode passar batido mesmo. As coisas estão aí, acontecendo debaixo do nosso nariz quase congelado pelo frio...
Vou andar ao sol. Não é sempre que temos um solzinho assim...sem vento.
No caminho, alguns amigos, ex-colegas do banco, abraços, beijos, coméquetá a vida por lá...a gurizada tá boa? Quando chegaste e tal...Gosto de ver as pessoas da minha vida, de saber o que andam fazendo, se estão felizes...essas coisas que a gente deseja pros amigos queridos.
Não tenho bem certeza de ter me ausentado por tanto tempo assim, as coisas parecem normais, nos seus lugares e...com certeza, andando...não mudou nada...
Passo na agência de viagens prá confirmar e pagar o vôo da volta, disseram na TV que os bilhetes vão aumentar não demora...é menos uma coisa prá me preocupar.
Depois tomo o rumo da CESMA. Já sei que lá são horas e horas de passeio entre os corredores, a "cheirar"os livros todos, ver o que tem de novo e, por fim, comprar alguns, prá garantir a leitura à frente da lareira ou na cama, à noite, ou ainda, de madrugada, já que, com esse frio todo, acabo por deitar "com as galinhas" e despertar mal o dia amanhece ou quando ainda nem.

Escolho os livros:

Um do António Lobo Antunes, um bom autor português, que comecei a ler na revista VISÃO, lá em Lisboa, onde ele tem uma página semanal, crônicas do cotidiano e tal... A primeira coisa que li dele na revista foi quando estava hospitalizado, tendo sido diagnosticado um tumor que, segundo os médicos, não lhe deixava muita chance de qualquer esperança. Fiquei chocada. Passei a lê-lo com freqüência, tem um modo esquisito de encarar essa coisa de vida e morte e, diga o que diga, sabe dizê-lo muito bem. E acabei por procurar coisas dele por lá, mas vim achar aqui em Santa Maria, na CESMA. Há vários livros dele, ali. E tem uma boa referência do autor. O livro é "Conhecimento do Inferno" e relata uma viagem solitária de carro, pelo sul de Portugal. A reflexão interior de um psiquiatra, personagem que funciona como alter ego do próprio autor, que é formado em medicina, com especialização em Psiquiatria.

Antes de vir de lá, no final de junho, li que ele estaria curado, dito por ele mesmo, numa crônica na mesma revista e referindo-se ao fato como algo inexplicável e milagroso, o que me deixou especialmente feliz.
Estou a lê-lo. O livro é narrativo e recheado de coisas muito peculiares da região por onde ele viaja, o que me encanta. Além disso, tem um jeito todo único de trabalhar as metáforas, que também me encanta. E mistura isso tudo com as coisas da sua infância, o que torna o texto muito interessante. E triste, quando relata a condição humana vista sob o ângulo da loucura. É este o inferno.

O outro livro é Cartas, do Caio Fernando Abreu. Estou especialmente curiosa com ele. Mas quero terminar o outro primeiro. Tenho essa mania de ficar lendo dois ou três ao mesmo tempo, no fim vira um que é aquilo...estou tentando me disciplinar.
Mas o Caio sempre me intriga. Já li coisas muito boas dele. Sou uma admiradora incondicional de sua obra. Muito pela sua ligação com Santiago do Boqueirão, mas não só, com certeza foi e será sempre um de nossos escritores mais brilhantes.
Esse foi publicado após a sua morte e, como diz o título, são cartas escritas por Caio durante a sua vida, numa edição organizada por Italo Moriconi. O prefácio é de Luciano Alabarse.

E o terceiro livro é de outro português, Prêmio Nobel de Literatura em 1998, José Saramago. A bagagem do viajante mostra uma admirável faceta de mestre do relato de registro instantâneo, da expressão concisa, num timbre cálido e informal, como bem referencia José Geraldo Couto, em suas considerações a respeito da obra e do autor. São crônicas publicadas na imprensa portuguesa entre 1969 e 1972 que têm a característica da renovada atualidade de sua reflexão sobre as armadilhas da linguagem.

Decidi que serão lidos nessa ordem, se eu conseguir me manter fiel à disciplina a que me propus, o que acho bastante difícil, considerando a minha dificuldade natural em manter-me disciplinada.

Por agora é só.
Hora de ler.
Boa noite.

quarta-feira, julho 25, 2007

Um dia frio...um bom lugar prá ler um livro... (Djavan)


Pois é verdade, nesses dias de frio tão rigoroso, só mesmo bem enrolada num cobertor de lã xadrês, daqueles do tipo que a gente usava quando pequenos, que a mãe trazia lá de Rivera, de trem... Não se sabia de coisa mais quente.
Em dias assim a gente tem vontade de ler, enrodilhada em frente ao foguinho básico na lareira, um solzinho entrando pelo vidro da sacada...um chá de qualquer coisa que seja bem perfumada...pode ser morango ou outro qualquer, bem quentinho.
O frio, só lá fora...

Que coisa bem boa, isso. Prá lá de aconchegante, vai dizer que não...

O Gabriel chegou de viagem com o
The Dark Side of the Moon, os bastidores da obra-prima do Pink Floyd. Fiquei curiosa, sou bastante apaixonada pela música deles, desde a adolescência, e vivo perguntando coisas sobre os caras, prá gurizada. Mais ainda depois de ter comprado o DVD Pulse e de tê-lo assistido algumas dez vezes...se não mais. Curiosa com as coisas de que gosto, tenho tentado encontrar todos os trabalhos deles e ouvir tudo "de novo", agora com ouvidos bem mais apurados. Pena que o álbum só exista em cd. Gostaria de ter um dvd com imagens e gravações da época. No Pulse está grande parte das músicas do álbum, mas foi gravado no show em Londres, durante a turnê que fizeram em 1994, quando se reuniram David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright, do grupo original, para levar platéias ao delírio, mesmo sem a presença de Roger Waters.
Gostei do livro. Adorei. Li de um dia pro outro, sem parar.
Nada...nenhum feito...o livro tem só duzentas e poucas páginas e várias ilustrações. Bom de ler. E é interessante.

Além de "conhecer" os bastidores e um pouco da trajetória da banda, fiquei com uma outra impressão do Roger Waters. Não que a que eu tivesse fosse má, mas eu o tinha por bem mais agitado e complicado. Na verdade, segundo o autor e depoimentos de gente que trabalhou com eles, foi o cara que segurou o grupo por muitos anos, fazendo o que fizeram. Maravilhas!
Para os aficcionados da banda, uma boa fonte de informação, sem dúvida. Vale a pena conferir. Boa parte fala de Syd Barret, cantor, guitarrista e principal compositor do Pink Floyd, até sua saída do grupo, por volta de 1967.

O autor é John Harris, o livro foi editado por Jorge ZAHAR Editor, Rio de Janeiro, em 2006, com tradução de Roberto Muggiati. O original tem o título The Dark Side of the Moon (The making of the Pink Floyd Masterpiece), publicado por Da Capo Press, 2005, membro de Perseus Book Group, de Cambridge, EUA.
Boa leitura!


domingo, julho 22, 2007

As "passadeiras" e o respeito ao pedestre...

Algo que verdadeiramente me encanta em Portugal e nos paises que já tive a oportunidade de visitar, na Europa, é a coisa das "passadeiras" (faixas para pedestres) na ruas das cidades e o valor que elas têm para a população.
Basta uma criatura fazer menção de atravessar a rua e os carros, automaticamente, param. O motorista que não parar, leva uma punição bem pesada e, por isso, creio que todos têm o maior respeito. E a punição realmente acontece, diferente do que a gente está acostumado a ver. Claro que primeiro deve ter sido pela dor no bolso e depois então pela dor da consciência, mas o fato é que dói e, doendo, se cumpre. Depois, incorpora-se à cultura.
Quando dirijo aqui no Brasil, depois de me acostumar àquilo, fico realmente tentada a proceder dessa forma. Passa a ser uma coisa automática. Mas já me alertaram de que, qualquer dia desses ainda acabo levando com tudo por diante, porque provavelmente o sujeito que vem atrás pode não estar prá aí virado e então...como dizem lá e aqui também, está entornado o caldo.
Mas é um gesto bonito, de respeito aos pedestres. A gente, enquanto pedestre, se sente importante e valorizado lá. Sem falar no que o ato resulta em termos de evitar acidentes e no quão seguros nos sentimos.
Gostaria muito de ver isso funcionando prá valer, aqui. As coisas boas a gente devia mesmo copiar.

Domingo cheio de chuva em Santa Maria, RS

Estando onde estiver, em ferias ou nao, acordo, invariavelmente por volta das 06:45hs da manha.
Por que?
Nao sei.
Sempre foi assim.
Meu pai tambem sempre foi de levantar muito cedo e acho que herdei esse gosto dele.
Levantar cedinho, preparar um cafeh bem gostoso, com tudo o que se tem direito e sentar bem a vontade, olhando a paisagem lah fora, com seus barulhos caracteristicos, eh tudo de bom.
Adoro cafeh com leite. O cafeh tem que ser descafeinado, porque sempre fui meio aceleradinha demais, melhor nao potencializar as coisas... E o leite tem que estar a uma temperatura ideal, prah ficar melhor ainda. Fervo e depois, jah na xicara, tempero com leite frio, ateh chegar naquele ponto. Delicia. Cafeh morno nao dah, neh gente!
Depois eh pao com manteiga, que nao hah nada melhor do que pao com manteiga, ainda mais se o pao estiver quentinho, estalando. Verdade, nao eh um espetaculo?
Pois eh.
Mas hoje chove. E apesar de gostar do barulho que a chuva faz, nao gosto do cenario. Prefiro os dias abertos, ensolarados e um tantinho frios. Aqueles em que a gente se encasaca bem, poe uma touca, um cachecol e sai a rua, prah caminhar sem destino, olhando a vida, as pessoas, os sorrisos, os caminhares, as vozes...As vozes e a conversa que se escuta na rua eh algo que me fascina.
Um cafe aqui, outro acolah...as vitrines reais, ruas afora.
Pode ter algo mais gostoso do que caminhar sem pressa, saboreando cada detalhe de uma cidade ou de uma cena de campo, ou da beira de um lago, de um rio, assim, sem compromisso qualquer com coisa alguma? Com olhos de olhar e ouvidos de ouvir detalhadamente?
Nao tem, nao.
Mas com chuva, a menos que seja mais amena, nao dah.
E hoje ela estah assim. Desde ontem estah assim. Nao eh aquela chuvinha de molhar parvos, estah mesmo caindo em baldes.
Dai que fica tudo estragado...Rua sem gente nem eh rua.

Nao chego a ficar melancolica, fico achando o que fazer num domingo de chuva. Nao gosto de ficar deitada, a nao ser que seja prah ler um bom livro ou revista. A TV nao tem lah nada de jeito e, tambem, sinceramente, nao eh muito a minha praia. Enfim, ficar deitada quando o dia estah claro, me parece esquisito, a um certo ponto comeca a ficar incomodo. Em suma, nao me apetece fazer nada em especial, mas tambem nao me apetece ficar sem fazer nada. Pode?
Pode.
Resolvo vir aqui pro computador escrever...

Depoiss resolvo ouvir musica a todo o pau e cantarolar junto. Tenho coisas interessantes que ainda estao por aqui, em Santa Maria. 'Albuns que fui comprando pelo caminho e que tem um valor inestimavel. A musica sempre tem muito a ver com as nossas fases. Entao, quando se ouve, vai-se desenrolando a fita.

Abro caixas, volto aqui e escrevo, troco a musica...examino o cd...se isso ficar desconexo, me perdoem...

Pensando um pouco na vida...nao tenho do que me queixar.
Tenho uma historia de vida muito bonita. Cheia de experiencias enriquecedoras, repleta de emocoes muito verdadeiras. Sempre fui assim, muito intensa nos meus sentires e fazeres. Tenho alguns valores de que nunca vou abrir mao. O mais importante deles eh o de que, se nao houver VERDADE, nada vale a pena. Seguem-se o AMOR e o RESPEITO. Eles estao profundamente ligados.
A Verdade, porque gosto de olhar nos olhos, profundamente. E gosto que o facam, da mesma forma. Prah mim, pessoas que nao me encaram de forma transparente, ficam olhando prah cima, para os lados, para alguma coisa que passa no ceu ou para os pes, metem-me medo. Soh consigo confiar em pessoas que me mostram o sentimento, que sao feridas abertas.
O Amor eh incondicional, pelos seres humanos e o Respeito eh pelo outro, qualquer que seja o outro, em todas as circustancias, ateh por aqueles que nao conseguem me olhar nos olhos. Tento respeita-los.
Sendo assim, sempre vivi bem. Em paz. Embora a emocao as vezes possa ter mascarado um pouco, mas lah no intimo, a paz sempre esteve se fazendo maior.

Tenho filhos maravilhosos, encanto-me com eles o tempo todo. Vejo-me em cada um, de uma forma muito especial. E, ao mesmo tempo, sinto que tem uma energia propria, pulsante, cheia de vontades. E como tem coragem, essa gurizada! Coisa boa eh quando a gente olha e ve que criou os filhos para o mundo e que eles estao ali, trilhando com maestria, aprendendo, trocando, sendo solidarios, fazendo suas escolhas. Cada um no seu proprio ritmo, que nunca vai ser igual para todos. Pessoas bonitas, inteiras.
No mais, quando estamos juntos, ainda cantamos as nossas musicas, damos boas risadas, contamos nossos segredinhos, nossos planos, nossas vitorias, nossas falhas, nos abracamos, nos beijamos e entendemo-nos pelo olhar. Existe uma cumplicidade imensa entre a gente.
Hah coisa melhor do que isso?
Claro, vou falar um clich'e...mas mae eh mae, ne??? Nem preciso dizer mais...

Escuto a Joan Baez. Ela eh divina, sempre. Houve um tempo em que eu catava discos dessa mulher por todo o canto onde ia. Pra mim, ela eh "a voz". Por um bom tempo foi a minha trilha sonora. Ainda hoje curto demais ouvi-la.

E a chuva cai lah fora, deixando o verde muito mais verde, lavando o mundo, sob essa perspectiva minha.
E esse grito eh de um quero-quero?
Eh.
Nao entendo praticamente nada de cantos de passaros, o que querem dizer, por que gritam, por que cantam como cantam...mas lembro de quando era pequena, em Domingos Petrolini, uma povoacao proxima de Rio Grande, costumava tentar entender o que os passarinhos estavam a dizer. E mais, achava que se eu fosse persistente, um dia ainda me entenderiam. Tinha visto isso num filme, de certeza...e de certa forma, sempre fui meio maluquinha em crianca. Alias, e que bom, ainda nao perdi essa condicao.

Um sino toca ao longe. Deve ser o da catedral. Sao quase 10hs, deve ter missa daqui a pouco.

E mais daqui a pouco o Gabriel chega com a Re, prah almocarmos juntos.
Mas eh mais tarde.

Abro caixas, separo livros, roupas. Isso levo, isso nao. Alguem deve aproveitar. Quando fui prah Lisboa, em dezembro do ano passado, levei soh a roupa de inverno, porque estava frio lah. Agora estou levando as de verao e mais alguns livros, cds, coisas "queridas". Jah fui bem mais apegada a "coisas". Hoje em dia tento ser cada vez mais despojada. Mas sempre tem algo que nos diz mais do que outros algos. Esses a gente leva...se nao pesarem muito...(o que couber em duas malas de 32 kg, cada, que eh o limite de bagagem). A partir dai, batatinhas...

Lisboa eh mesmo muito linda.
Gosto de morar lah.
Tem um encanto especial. Um dia ainda descrevo. E mostro, sob o meu angulo, prometo.
Costumo dizer que, se pudesse estar mais perto das minhas pessoas queridas, entao seria perfeito. Mas nao se pode ter tudo e o mundo eh tao grande. Se eu pudesse, queria conhecer cada pedacinho dele. Eh um sonho que tenho desde menina. E corro atras dele, sempre.
Conhecer lugares, pessoas, culturas, a vida, o dia a dia...eh algo indescritivel. O sonho maior ainda era ter acabado o curso de jornalismo e ser uma correspondente de alguma revista do tipo National Geografic...(pensa bem!) Nao deu assim, entao tento fazer de alguma forma, sem tanta pompa e circustancia...hehe. O que nao dah eh prah desistir.
Mas dai, com a santa Internet, jah nao hah tanta distancia. Jah nao dah pra gente ficar se sentindo tao "depayse" - com acento agudo no "e"(isso deve querer dizer despatriada ou delocada ou desenraizada ou coisa que o valha, em frances, se bem me lembro...). o frances tambem, com acento circunflexo no "e". Esse teclado sem acentos, tis e cedilhas ainda me mata! Menos mal que agora em breve entra em vigor o novo acordo ortografico da lingua portuguesa.
Mas, como eu dizia ou queria dizer, o mais dificil eh ficar sem o abraco, sem o contato fisico. Abracar a mae da gente, os filhos, os irmaos, os netinhos...isso nao tem preco.
Mas a gente vai driblando, tentando minimizar, viajando de vez em quando nesses avioes e espacos aereos complicados...quando a saudade aperta mesmo, nao hah outro jeito.

"Soh quero estar onde nao estou..."(cantava um campositor portugues dos anos 80, o Ant'onio Joaquim Rodrigues Ribeiro, mais conhecido como Ant'onio Variacoes.
Mas eu nao, ateh jah fui meio assim. Hoje em dia tenho uma coisa bem legal. Depois que faco a escolha, tento curtir o maximo dela. Dessa forma, procuro estar em paz, onde estou. Eh claro que mudo bastante vezes o tal do "onde", mas nao passa de forca do habito...hehe

O dia eh molhado e a gente fica meio inclinado as consideracoes gerais...mais intimas.
Fico por aqui, empacotando coisas e revendo o filme da minha vida ateh entao.
Positivo.
Extremamente positivo.
Fiz muitos amigos, essa eh a parte melhor.
Amo as pessoas e tenho delas o maior amor do mundo. Isso sim, nao tem mesmo preco.

Chove lah fora e aqui.

Um lindo domingo prah todos. Aproveitem prah sonhar. Eh o primeiro passo prah construir qualquer caminho que se queira.

Ouve-se o estrondo de um raio imenso, muito perto daqui. Credo!



sexta-feira, julho 20, 2007

Tentando nao lembrar da tragedia...mas...

Bom, esclareco desde ja e me confesso, mais uma vez, uma mal informada nessas coisas da informatica.
Fica meio complicado escrever e depois ainda ler um texto sem os devidos acentos, sem o til, sem os cedilhas...e por ai vai... Mas estou no Mac do Gabriel e isso aqui tem um teclado que, como diria a gurizada, eh prah lah de "trash".
Va lah...tentemos.
Os acentos a gente ainda resolve com o "aga" depois, a maioria das pessoas entende que isso serve prah dar a ideia do acento, seja ele agudo ou circunflexo.
Vou tentar me explicar, mesmo dispondo dessa pouca estrutura digital (minha...hehe)

Quando estava vindo de Lisboa, no final de junho, claro que nao escapei da interminavel espera, caracteristica dos aeroportos do nosso Brasil brasileiro. Eramos muitos naquele voo que veio de Lisboa pela TAP e fez conexao em Sao Paulo, prah chegar em Porto Alegre, voando pela TAM.
Ao fim e ao cabo, como nao tinhamos mais o que fazer, nos reunimos num grupo. Todos tinhamos chegado por volta das 5 da tarde no aeroporto de Guarulhos e, prah evitar possiveis transtornos, fomos logo fazer o tal check-in. O voo era as 22hs. Nos guiches da TAM a informacao era a de que os voos estavam normais, mas que os da noite sempre tinham algum problema de atraso, em funcao de que eh o horario de maior fluxo. Mas fomos informados de que o nosso voo estava dentro do previsto. Sem problemas.
Eram 20hs quando o pessoal comecou a entrar prah sala de embarque, depois de fazer um lanche, dar uma boa pernada pelas lojas do aeroporto e tal, tomar um cafezinho aqui, outro ali...sempre estava bem mais frio do que do outro lado do oceano, que lah eh verao (e bem quente), agora.
Poderia contar detalhes e mais detalhes de gente deitada pelo chao, criancas dormindo em cima de malas, um menino com febre, o pai apavorado. Talvez ateh conte...
Foi ver isso e deu prah perceber que a nossa sorte nao seria toda aquela. O voo ia ter problemas, sim.
Durante algum tempo passaram passageiros e passageiros, jah de voos que deveriam ter saido hah muito. Foram indo embora, aliviados, depois de tanta espera.
As 22 hs avisaram pelo microfone que o voo estaria com problemas, em funcao de que o aeroporto havia fechado em Porto Alegre, por questoes de mau tempo e que deveriamos aguardar naquele local, porque a qualquer momento poderiamos ser chamados. Eram 3 da manha quando nos disseram que o voo havia sido cancelado. A esta altura jah nao se via um soh espaco vago ali no recindo de embarque. Nem nas cadeiras, nem rente as paredes, nem no chao. Qualquer minimo espaco era praticamente disputado. Por isso, ninguem ousava levantar. E por isso jah nos doia o corpo todo.
Depois de muito bate-boca e falta de explicacoes, nos mandaram realizar o desembarque e reaver nossas bagagens junto as esteiras. Ou seja, nem tinhamos embarcado, mas jah estavamos desembarcando. E nem era em Porto Alegre. E ainda nem tinhamos entrado em aviao algum.
Depois disso fomos encaminhados aos balcoes da TAM, dois pisos acima e mais uma infinidade de corredores. Lah se achava instalada a maior confusao. Alem de nao darem qualquer explicacao, ora nos colocavam numa fila, ora em outra, com conexao, sem conexao. Dona fulana prah cah, seu beltrano prah lah, vira, mexe, volta, dificil entender o que as criaturas queriam fazer com a gente.
Andavam prah lah e prah cah com uns bilhetes na mao, a chamar pessoas. Numa dessas achei o meu nome com uma delas.
Foi neste ponto que comecamos a fundar a comunidade dos "Renegados da TAM". E foi ai que ficamos sabendo um pouco de cada um.
Primeiro eramos eu, uma menina que tinha vindo da Italia, onde foi concorrer a Miss Italia, representando o sul do Brasil (a nossa Miss, tinhamos uma miss no grupo, que chique!); uma menina de Porto Alegre, que tinha vindo da Grecia, onde estava visitando a irma; outra garota de Santa Maria que, por acaso, conhecia o meu filho Gabriel e a namorada dele (agora noiva), chegando da Australia, onde tinha ido fazer intercambio, por dez meses; um rapaz que esteve jogando em Santiago de Compostela (futsal) e ia prah Frederico Westphalen ver a filhinha pequena e depois voltaria para a Italia, prah jogar num outro time; um professor da URGS, viajando a trabalho; um empresario de Lajeado, chegando da Alemanha; um paulista e, depois ainda se juntou a nos uma garota, com o filho pequeno, que tinham vindo no mesmo meu voo de Lisboa (por acaso era Gabriel o nome do menino e, por mais acaso ainda, parecem ser meus vizinhos, em Lisboa, vivem no bairro ao lado da Bobadela). Vinham visitar a familia em Porto Alegre. O marido eh professor em uma universidade em Lisboa, mas eh brasileiro tambem.
O mundo eh pequeno.
Depois de mais de hora de confusao, nos meteram em varios taxis e nos mandaram para o aeroporto de Congonhas (ai que medo!!!!!!!!!!) E foi tudo o que pagaram. Nada de hotel, nada de lanche, nada de nada. Alguns revoltados, outros furiosos. A nossa turma, talvez nao por coincidencia, era a da piada. Afinal , se iamos ter que passar a noite em Congonhas, que fosse prah cada um contar a sua historia e as suas experiencias, vividas nos paises de onde vinham. E assim ficou combinado.
O aeroporto de Congonhas fecha a noite. E soh abre novamente as 5 e meia da manha. Mas dah prah gente ficar por ali, dormindo sentado pelos bancos, ou de peh... Felizmente tinha um cafeh aberto. Fizemos uma mesa grande e encostamos os carrinhos das bagagens. A partir dai, eramos um por todos e todos por um.
Trocamos e-mails, vimos fotos de familia, contamos historias, demos muitas e boas risadas e olhamos o "book" da nossa miss. E o Gabrielzinho ali, firme, acompanhando a turma. Querido ele, um guri super esperto.
As 6 da manha, soh por desaforo, resolvemos todos comer um Xis Picanha, prah comemorar o nosso encontro porque, afinal, nao fossem os problemas do voo, a gente nunca teria travado amizade. Afinal, chegamos a conclusao que isso tinha que ser comemorado. Alem, eh claro, de selarmos a criacao da tal comunidade no orkut (por sinal, acho que ainda nao saiu. As fotos estavam comigo...hehe...tenho que passa-las aos demais...)
O Xis demorou uma eternidade. _A "chapa" tah esquentando - dizia a mocinha da lanchonete. Um dos nossos resolveu comemorar a grande. Buscou umas cervejinhas e logo arranjou parceria dos outros guris. A gente soh queria um suco bem fresquinho.
Comemos, bebemos os nossos sucos e cervejas e o aeroporto enfim abriu.
Fomos fazer de novo o check-in.
Nossa!!!!!
Soh que a esta altura, prah nosso desespero, tinha comecado a chover a baldes em Sao Paulo. E eh claro que o aeroporto tambem acabou fechando. Porto Alegre estava aberto, mas lah nao.
Lembro de ainda ter dito:
_Nao interessa, se tiver agua na pista, a gente varre, soh queremos eh ir embora.
E todo mundo concordou.
E a chuva lah fora, caindo a pingos valentes.
A miss perdeu a pose...tadinha, ainda a fotografamos dormindo por cima das malas. Tinha perdido a festa em Caxias, onde o pessoal estava esperando com todo o barulho, tinha ficado entre as 5 finalistas na Italia. Depois ainda inventamos que a foto "babando" a gente nao publicava, nem nada. Judiaria...
Ela, na ingenuidade dos seus 17 anos (se bem me lembro, foi o que disse ter), implorando prah gente nao fazer aquilo...(a pobrezinha dormia bonito e tudo, parecia um anjo).
Passaram-se duas, tres, jah nem sei quantas horas. E nada. Ninguem nos chamava e nem tampouco nos dava conta do tal voo que tinham nos arranjado, as 10 da manha do jah do outro dia. Volta e meia juntavamos dois ou tres e iamos ateh o guiche, fazer "pressao". Mas nem nos davam bola.
Quando foram 10 e meia, fomos prah frente do nosso suposto portao de embarque e decidimos trancar a passagem. Um lah no meio disse que por ali mais ninguem passava...Brinquei de novo: _Isso!!! E o povo levou a serio. A esta altura jah eramos muitos mais. E briguentos! Lembro de ter falado a um dos guris da turma (ele tinha contado prah gente que era muito metodico e nao aceitava situacoes que lhe fugiam ao controle e que era super estressado), que ele tava muito quietinho, pro meu gosto. Brinquei, mas ele tambem levou a serio. Quando vi, estava lah no balcao, aos murros, exigindo a presenca de um dos chefes da companhia, em frente a dois funcionarios muito assustados e de olhos arregalados.
Gente, uma coisa tem que ser dita: Sou completamente a favor da renovacao nas empresas, de oxigenar e tudo, de dar chance aos jovens e tal, mas Deus do Ceu, aquelas criancas que trabalham na TAM quase podem ser os netos da gente...nao tem o menos poder de decisao, sao pagos prah dizer as pessoas que tem que aguardar em seus lugares, que nao tem previsao, que nao podem informar nada de nada e nada mais. Como uns robos. Totalmente despreparados...(o comandante do tapete vermelho bem hah de estar se revirando no tumulo...digo eu)
O pai com o filho cheio de febre foi tentar ser atendido antes, encaminhado por nos, inclusive, que lhe demos a vez. Mandaram-no ficar quieto no seu canto e esperar. E o menino com 40 graus de febre, chorava em cima da bagagem, no carrinho, tentando se ajeitar o corpo todo doido, pobrezinho. Em cima de outra bagagem e a escorregar pro chao, dormiam duas criancas japonesas. O menino tinha cara de gente grande, gozada que era...mimoso... devia ter uns 8 anos.
Quando o tumulto se fez, gritando do jeito que a gente gritava, porque a massa quando se resolve, ninguem contem, nao teve homem prah resolver. Ouviu-se uma voz feminina e decidida de uma comissaria/atendente: _Chega! Nesse momento estou embarcando voces!!!!
Por aqui, por favor...
E tudo se calou.
Tenho prah mim que nos tiraram dali porque jah estavamos a tumultuar o aeroporto todo.
Jah nao tinhamos sono, nem nada. Soh uma moleza sem fim.
E passamos por aquela porta e caminhamos em direcao ao onibus que nos levou ateh a aeronave.
Nao vao acreditar...TINHA UM TAPETE VERMELHO e tudo!
Soh que ficamos parados lah dentro exatamente 1 hora. Se nao foi mais.
Bem feito...hehehe
Uma mulher que parecia ser de origem italiana comecou a discursar que tinha feito uma fiscalizacao no banheiro e que aquilo estava um nojo. Que ela jah era ressabiada com banheiros de onibus e tal...mal entrou no aviao, foi fiscalizar e nao deu outra...
O povo caiu na risada (menos mal, nos, brasileiros temos isso, rimos ateh da desgraca).
A tripulacao tinha cara amarrada. Nao sei se assustados conosco, nao sei se a contragosto, pareciam terem sido chamados as pressas. Foram chegando com as suas malinhas. Tive a sensacao de que nem as tinham bem fechadas, em funcao da correria toda.
E pela primeira vez, desde que viajo de aviao, comecei a sentir uma pontinha de receio pelo destino daquele nosso voo, palavra...

Mas , como era prah ser, correu tudo bem e chegamos ao Salgado Filho saos e salvos, por volta das 2 da tarde.
O meu irmao, vindo de Rio Grande com toda aquela chuva e nevoeiro, estava a minha espera no aeroporto desde a noite anterior, coitado. Tinha medo de sair e o aviao chegar. Dali seguimos para a praia do Cassino, onde vive a minha mae, felizmente tinha conseguido chegar a tempo para comemorar com ela o seu aniversario.

Enfim, pode se dizer, um final feliz.

E eu contei tudo isso, prah concluir que, ainda assim, mesmo que a gente tenha ficado mais de 18 horas a espera ( e muitos ficam muito mais e, as vezes, nem conseguem viajar), zanzando e vendo todo o tipo de coisas que acontecem pelos aeroportos desse nosso Brasil, mesmo chocados, revoltados com a falta de respeito, com o pouco caso que fazem de seus clientes as companhias de aviacao e, enfim, todo um sistema de coisas... ainda assim, estamos aqui, contando, relatando, podendo falar sobre a nossa experiencia. E mais do que tudo, nos sentindo felizes por estarmos vivos!
Porque alguem, por mais que isso tenha nos irritado e nos atrasado a chegada ao nosso destino, teve o bom senso de nao autorizar decolagens ou aterrisagens em condicoes completamente improprias para tal. Abencoado seja.
Jah andamos assim, agradecendo o obvio.
Onde fomos parar, meu Deus!

Alguns dias depois assistimos a essa tragedia, que a cada dia chega mais perto de nos. Ontem no meio da mata, agora em plena chegada, quando as pessoas jah se preparavam para botar o peh no chao. Algumas podiam estar passando um batom, outros alinhavam o cabelo, para ficarem mais bonitos; uns vestiam os seus casacos, outros podiam ter pressa, decisoes importantes a tomar, negocios para efetivar... nao se sabe, com certeza haviam de ter planos e um mundo de sonhos. Que pararam ali, naquele exato momento, sem que ninguem pudesse impedir o curso da desgraca. Da forma mais horrorosa possivel.
E que deixam muita saudade, dor e sofrimento.

E alguns ainda hao de dizer que aquilo que eh pra ser, tem muita forca.

Cah prah nos, nao precisava ser assim. Chega de amadorismo.
Tragedias, sob hipotese alguma, podem virar rotina, obras do acaso, fatalidades.

Em respeito as pessoas que estavam no voo 3054 da TAM. Entre eles, o irmao dos amigos de meus filhos, daqui de Santa Maria. Um menino cheio de sonhos e de planos, que teve cortada a possibilidade de, com sua alegria e vontade de viver, com o seu entusiasmo e energia maravilhosos, fazer a diferenca nesse nosso mundo, como tantos outros que ali estavam.
Que Deus te receba, Richard!
E que Ele continue olhando por todos nos, que precisamos cada vez mais da Sua protecao.




Ensaiando pro Bossa, no estudio do mestre Rica Freire

De Santiago...para o Bossa.

Vieram nos dar a alegria de nos assistir e de cantar com a gente, as minhas filhotas Carol e Raquel, o Lucas, o Dhionatan e o Gugu. Fiquei super feliz, claro!

E a gente cantando...

BOSSA ETERNAMENTE NOVA

Bom estar de volta...

Saudade de todo mundo, aos poucos consigo encontrar as pessoas mais queridas da minha vida. Passeando, sim...
Em setembro volto pra Lisboa.
E ontem cantamos. Theatro Treze de Maio, Santa Maria, fazendo parte do projeto Quinta Musical.
Um belo show.
Esteve lindo. O clima entre a turma que dividiu o palco, mais uma vez, superou as expectativas.
Grandes amigos.
Gente da maior qualidade.
E muita musica, da melhor que existe.
Ricardo Freire
Angela Gomes
Marcelinho Schmidt
Marcelo Massario
Texo Cabral
Felipe Alvarez
Rogerio Lobato
Renato Miraihl
Chicao Dornelles
Tuny Brum
Otavio Segala

...e eu

Valeu, gente! Sempre muito bom aprender com voces!

BOSSA ETERNAMENTE NOVA, mais uma vez, foi show!
Obrigada a todos que foram prestigiar. Esperamos que tenham gostado.