sexta-feira, julho 27, 2007

Já é setembro?

Sento-me à frente do PC com uma chávena de café quente entre os dedos, prá aquecer o corpo e a alma... E escrevo.
Sei...teclados não comem e nem bebem, mas tomo todos os cuidados, não hei de entornar uma gota sequer.
Abro a casa toda, as janelas, as cortinas da marquise. O ar puro sempre tem o poder de limpar a vida que está cá dentro. Entra revolucionando o ambiente e sacudindo todos os ácaros, que já andam a gritar por socorro, batendo-se uns contra os outros, engasgados de vento, numa dança frenética e desengonçada.
Aspiro o pó, os ácaros tresloucados e o resto das lágrimas de ontem, entre os lençóis...depois espalhados pela alcatifa. Estendo a cama (outro dia sem a tua presença...outra noite...mais uma, menos uma). Estranha a forma com que se faz a vida... penso dentro do meu silêncio... essa coisa de querer estar em todos os lugares num só tempo.
Lá fora, onde a minha visão alcança, as árvores são de um verde matizado e brilhante e o céu ainda não mostra todo o seu esplendor. Anda envolto em brumas, como anda minha alma, a reclamar baixinho e chorosa, a tua presença.
Varro...varro...varro tudo.
Não há sol. Mas a vida sim, desde cedo anda a mostrar suas cores.

Ouço uma música suave que toca ali na rádio Antena Um. Não é nenhuma das nossas, mas a esta altura, tudo o que tem melodia e soa harmônico, me sufoca um pouco.
Até o suspiro, que é quando tudo parece ficar livre lá por dentro, no caminho tortuoso que leva à alma.

Faço um esforço sobrenatural prá sair de dentro de mim mesma e lançar-me ao dia.
O céu já se pôs azul, compondo um quadro tão lindo...
Saudade de casa.
Saudade do jardim à frente da nossa casa e do banco de sentar e ler, à tardinha (que eu ainda nem vi), a cabeça encostada no teu ombro.
Diz-me...já é setembro?


Um comentário:

João Lemes disse...

Heloísa, por um descuido, não copiei o título do teu artigo, o qual publiquei no Expresso. Então, na hora de editá-lo, tive que dar um a meu modo. Tens todo o direito de não gostar, afinal, mudei sua escrita. Me perdoe. No próximo eu acerto, ou não mereço uma segunda chance?
Abraços e que Deus a ilumine.
João Lemes