quarta-feira, julho 28, 2010

VIENA e a XVIII International AIDS Conference

Chegamos em Viena na tardinha de sábado, dezessete de julho, pela Lufthansa, embora os aviões fossem da Austrian Airlines. Ainda não entendi se é só uma parceria com vôos partilhados, ou se a Austrian foi adquirida pela Lufthansa e agora é tudo uma coisa só.
Olho no google, realmente formaram uma parceria entre as duas companhias. Agora se explica. Nos vôos para a Áustria , os aviões são da Austrian. Nos demais países, são da Lufthansa. Mas parece ser mais para cargas. Criaram um empresa conjunta.
Enfim, fomos.

A noite foi de nos organizarmos no hotel, sair para comer qualquer coisa e dormir cedo, porque no domingo tínhamos que ir à primeira hora para o Messe Wien, tratar do credenciamento para a XVIII Conferência Internacional sobre AIDS 2010. Ficamos no GartenHotel Gabriel City, em Landstrasse.

O evento é extremamente organizado e grandioso.
Estava prevista a participação de algo em torno de 30.000 pessoas, mas afinal, foram aproximadamente 20.000.
Nem demos pela falta dos outros 10 mil, digo eu. Aquilo tudo era um mar de gente circulando pelas dependências do centro de eventos.

Analisamos o programa e escolhemos, cada um , os locais e horários de palestras, workshops e as atividades das quais poderíamos participar, uma vez que são inúmeras e simultâneas. É humanamente impossível estar em todos os lugares. Como estávamos em sete pessoas, dividimo-nos por áreas e assim tentamos abranger ao máximo a nossa participação.

Como não sou de nenhuma área técnica e fui como mídia da Abraço, acabei por ficar a maior parte do tempo dentro do espaço chamado Media Centre, destinado a respórteres, fotógrafos, jornalistas, gente de todo o lado do mundo. Só saia para fotografar e recolher dados. Amei a função. Tivemos ali bons momentos de troca de informações, de conhecimento, de coletivas com os palestrantes. Lá dentro havia três salas para as coletivas e todos os palestrantes importantes estiveram lá, respondendo aos questionamentos.
Foi uma experiência emocionante, que gostaria de repetir em 2012, em Washington, onde deverá ser realizado a XIX edição da Conferência.
Segunda que vem vou atrás de um curso regular de inglês. Recomeçar a estudar. Tanto tempo sem exercitar, acaba que ficamos sem fluência e, sem ela, nada feito em eventos como este, que só admite trabalhos e apresentações em língua inglesa. Claro que entre nós falamos português, quando é o caso, e espanhol. Mas sem um inglês quase excelente, aquilo se torna mesmo inviável.

Quanto à estrutura logística, espetacular. Também o atendimento dado aos participantes, com destaque para pessoas soropositivas, que tinhas salas especiais, alimentação apropriada e locais para massagens, relaxamento, tratamentos vários para o bem estar.
Nós tínhamos vouchers para almoço, um passe para todos os transportes dentro de Viena, durante 24 horas, todos os dias da conferência, além de farto material.
No meu caso, todo o material passível de divulgação estava ao nosso dispor dentro do Media Centre, tão logo acabavam as apresentações.
Show de organização. Tudo funcionou.

Falar dos assuntos mais importantes ali tratados, fica complicado eleger. Mas acredito que o que se quer mesmo, quando se vai a uma conferência mundial, é saber o que há de novo e quando começará a ser disponibilizado, em termos de medicação, vacinas, tratamentos, resultados de pesquisas científicas realizadas, enfim, tudo o que envolva a cura ou que se aproxime dela, em termos de HIV/AIDS.
Mas principalmente os avanços em termos de acessibilidade àqueles que precisam, infelizmente ainda está longe o dia em que todos poderão ter as mesmas possibilidades.
Há muito movimento de ativistas nestes eventos.
Assistimos a vários. Todos pertinentes.
E é assim que deve ser, para que não fiquem esquecidas as promessas não cumpridas depois dos acordos feitos em cada conferência.

O que dá prá sentir é que todos os governantes, oradores, delegados, cientistas, sejam o que forem, todos estão absolutamente impregnados da vontade de encontrar a solução ou, no minimo, de amenizar o sofrimento de tanta gente.

E por menos que se tenha avanços, é preciso estar atento, é preciso falar, conversar, buscar entendimentos, apresentar caminhos. É isto o que se vai fazer lá. E o assunto, desta forma, vai tomando cada vez mais relevância.
O que ficou claro prá nós.
A preocupação enorme com os países com grandes populações, como a China, a India, além da África, que já está na pauta há tanto tempo. Mas não se enganem, não há ninguém que possa se dizer fora da problemática. Cada vez mais é gritante.
A forma mais adequado do uso dos recursos existentes, o que foi assunto dos discursos de quase todos, a exemplo de Bill Clinton e Bill Gates, que salientaram que o uso deverá ser cada vez mais criterioso, uma vez que são cada vez mais escassos.
Há muita gente envolvida nesta luta.
No entanto, a despeito disso, a AIDS avança em progressão geométrica. É imparável.

O Brasil fez boa figura na Conferência. Os números traduzem alguns sucessos. Mas ainda não basta. É preciso muito mais.

Para mim, que estou há relativamente pouco tempo envolvida, comecei a trabalhar na Abraço no início de 2007, foi uma injeção de ânimo, em relação à luta, e uma forma de ter a verdadeira dimensão do que acontece em termos globais.
Faz-nos sentirmos úteis, com a certeza de estarmos fazendo alguma diferença neste mundo.
Valeu por tudo.

BRATISLAVA



A simpática capital da Eslováquia fica a 60 km de Viena, tem cerca de 429 mil habitantes e também é atravessada pelo rio Danúbio.
É a maior cidade do país e divide-se em cinco distritos e dezessete bairros.
Saímos no domingo, logo após termos feito o credenciamento na Conferência. Tínhamos algumas horas livres, uma vez que a Abertura Oficial no Messe Wien estava marcada para o final da tarde.
O trem leva qualquer coisa como uma hora para chegar lá. Da estação Hlavná Stanica tomamos um elétrico para o centro da cidade velha, até a praça Hviezdoslav Námestie, que fica no coração de Bratislava. Compra-se os bilhetes em máquinas automáticas, espalhadas por toda a cidade e têm validade de 10, 30 e 60 minutos. No intervalo escolhido, pode-se andar em qualquer das linhas com o mesmo bilhete.
Um dos prédios mais imponentes é o do antigo Teatro Nacional Eslovaco. Muitos dos prédios da cidade velha têm arquitetura barroca. O turismo é um dos pontos fortes da economia. A moeda oficial era a Coroa Eslovaca, mas desde 01 de janeiro de 2009 passaram a usar o Euro como moeda oficial, portanto podemos usá-lo à vontade por lá. A maior fonte de economia são os serviços.
Não há grande movimento nas ruas, parece uma calma cidade do interior. Mais calma ainda decerto por ser domingo. O movimento maior é mesmo no centro histórico e fica por conta dos turistas.
Ali fala-se pouco o inglês, sendo um pouco complicada a comunicação. Mas afinal acabamos nos entendendo, com alguma boa vontade. O passeio foi curto, mas interessante.
O trem de retorno a Viena era às cinco e dez. Resolvemos esperar em um café ao lado da estação. Quando entramos, o Sérgio teve a sensação de que olharam para o nosso grupo com cara de poucos amigos, tipo - temos que fechar e estes, agora?
Talvez tenha sido só impressão.
Fomos bem atendidos e a comida foi baratíssima. Ainda encontramos uma figura, o Thomas, que andava por lá meio perdido, vindo de um festival de música em um lugar qualquer, que não lembro. Falava muito e muito alto. Praticamente não parou de falar nunca, enquanto estivemos dentro do café. Sentou-se à nossa mesa com seu imenso copo de cerveja e contou coisas da sua vida. Um rapaz de uns vinte e tais anos, estudante do Erasmus, que andava com a mochilona às costas. Oferecemos algo para comer, não quis, pediu um cigarro. Como ali dentro não se podia fumar, logo foi advertido pelo garçon. Apagou o cigarro e guardou para depois, lá fora. Disse-nos ainda que ocasionalmente trabalhava como "estátua", por onde andava e tocava um instrumento australiano, que me pareceu ser uma grande corneta. Tinha todos os apetrechos na grande mochila. Puxou uma câmera da mochila e pediu prá tirar umas fotos conosco. Fez muitas caretas engraçadas. Depois o fotografamos com as nossas câmeras.
Era hora de irmos. Na saída ainda tentou seguir-nos, sempre falando. O garçon veio atrás e disse que não podia ir embora sem pagar a conta. Voltou para dentro do café.
Ainda acenou de longe, muito simpático, e fomos embora para o nosso trem.

domingo, julho 25, 2010

PRAGA

Mesmo sabendo que não poderia ser uma viagem de aprofundado conhecimento, pelo pouco tempo que tínhamos disponível, eu a Cristina e o Gonçalo aproveitamos a folga da sexta para uma visita a Praga, que fica a aproximadamente 290 km de Viena. Um motorista da agência contratada foi nos buscar no hotel às 06:30hs da manhã e depois nos juntamos a um grupo de mais de trinta pessoas que já esperavam em um ônibus, na rua lateral ao prédio da Ópera de Viena.

O CAMINHO


A viagem foi agradável, ouvimos valsas vienenses e as explicações do nosso guia Carlos, num inglês cheio de sotaque austríaco. Como eu digo, é pegar a idéia, de resto, salve-se quem puder. Mas a gente se safa.
Paramos por duas vezes. As duas já em território checo, pois a fronteira entre a Áustria e a República Checa, para quem sai de Viena, é logo ali. A moeda é a Coroa, mas no caminho aceitavam euros. Compramos sanduiches e guloseimas.

Chegamos em Praga por volta das 11 da manhã.




A CIDADE

Praga, conhecida como a Pérola do Oriente, é a capital e maior cidade da República Checa. É banhada pelo rio Vltava e tem cerca de um milhão e duzentos mil habitantes.
Fica na região da Boêmia Central e em dezembro de 1992 deixou de ser a capital da Checoeslováquia, para ser capital da República Checa.
Começamos a visita pelo complexo do Prazský Hrad, o Castelo de Carlos, que é praticamente uma cidade dentro de Praga. É o maior castelo do mundo, segundo o Guinness Book.
A Catedral de São Vito (estilo gótico) e a Catedral de Venceslau são o destaque do conjunto que forma o castelo, construído entre os séculos XIV e XVII e que hoje abriga também a residência presidencial.


Descemos pela escadaria que leva a Karlúv Most (Ponte de Carlos), que une os dois lados da cidade e onde se pode ver trinta estátuas de santos, esculpidas entre 1600 e 1800.


Caminhado pela ponte, encontramos uma grande quatidade de turistas, encantados com o trabalho de muitos artesãos, que vendem ali suas esculturas, gravuras e artigos típicos místicos. Há também alguns grupos musicais, executando belas melodias típicas. É tudo um encanto. E cada recanto é uma obra de arte.

Na extremidade da ponte, temos o Portão da Pólvora, que leva este nome por ter sido utilizado como paiol.

Descendo ainda mais, encontramos ruas estreitas e cheias de cores, com muitas lojas pequenas, algumas vendendo marionetes de todos os tamanhos. Há sempre alguém a dar vida a um deles, o que faz com que muitas pessoas parem para admirar.


Chegamos já perto das duas horas da tarde à lateral da Antiga Prefeitura, onde está o Radnice, o Relógio Medieval. Havia uma multidão de pessoas à espera. À cada hora cheia, Cristo, seguido por seus doze apóstolos, faz uma procissão, saindo de uma pequena portilhola situada na parte superior. Atrás seguem figuras humanas representando a Avareza, a Vaidade, a Morte e o Turco. Em 1865 foi colocado mais abaixo também um relógio astronômico, com os signos do zodíaco.





Ouvem-se as badaladas e assiste-se ao espetáculo. Depois um corneteiro toca lá no alto das torres e o pessoal todo cá em baixo aplaude. É possível subir à torre. Pena não termos tido tempo. Neste mesmo momento acontecia um casamento ali na mesma rua e eu queria tê-lo seguido, mas mesmo sem fazê-lo, acabei por perder o grupo por uns momentos. A multidão é realmente imensa. A terra de Franz Kafka e de Antonín Dvorak é a capital européia mais visitada por turistas de todo o mundo.



Começamos a retornar a Viena por volta das 16:30hs.

Foi uma visitinha muito curta, mas fantástica.
Se me perguntassem no que poderia melhorar, eu diria que a cortesia no atendimento aos turistas (talvez a falta dela seja devido ao grande número de visitantes, somado ao calor) e também o fato de não aceitarem euros na maioria dos estabelecimentos comerciais. Como a República Checa não está na zona do Euro, apesar de fazer parte da comunidade européia, até se entende, mas é bem chato ter que estar fazendo câmbio, quando se vai só por um dia. Eles continuam com a sua própria moeda, a Coroa Checa, que ao câmbio de sexta, estava em 24 a 25 para cada euro. Parece bom, mas o fato é que eles aumentam muito o preço em coroas e acaba dando um valor muito parecido com o que temos em Portugal, Espanha e outras capitais européias. Prá terem uma idéia, um sanduiche de queijo branco, alface, tomate e orégano, mais uma mini Coca Cola e um pretzel que só eu comi, nos custaram a cada um, dividindo a conta, o valor de 16, 50 euros. Uma nota de 1000 coroas não conseguiu pagar a despesa.

Mas isso não tira o encanto, amei Praga.
E já disse antes, quero voltar.
De preferência em um mês de maio. E prá passar lá pelo menos uma semana.
É tudo um espetáculo, não tem lado prá onde se olhe que não seja magnífico.