quinta-feira, julho 26, 2007

Mas é claro...

...que a gente não consegue ficar em casa o tempo todo...mesmo com todo o frio. Há que ter coragem, mas a gente cria e vai. Toma banho...brrrrrrrrrrrr...fica se equilibrando ali na restiazinha do sol que entra pela janela, enquanto se veste. E tá pronto! 'Bora prá rua, que tem sol lá fora e o corpo já pede uma caminhada. Não tem jeito.
Bom mesmo é andar sem rumo...no desenrolar das vontades.
Paro na banca de revistas, compro o jornal. Depois é o cafezinho...descafeinado, claaaaro. Prá aquecer. Compro também uma revista, desde que cheguei de Lisboa não ando lendo nada de jeito, a não ser uns livros, bem bons, até...
No café dou umas folheadas na revista, mas deixo prá ver melhor em casa. Leio o jornal. A maioria das notícias têm a ver com desgraça, normal. Não se pode passar batido mesmo. As coisas estão aí, acontecendo debaixo do nosso nariz quase congelado pelo frio...
Vou andar ao sol. Não é sempre que temos um solzinho assim...sem vento.
No caminho, alguns amigos, ex-colegas do banco, abraços, beijos, coméquetá a vida por lá...a gurizada tá boa? Quando chegaste e tal...Gosto de ver as pessoas da minha vida, de saber o que andam fazendo, se estão felizes...essas coisas que a gente deseja pros amigos queridos.
Não tenho bem certeza de ter me ausentado por tanto tempo assim, as coisas parecem normais, nos seus lugares e...com certeza, andando...não mudou nada...
Passo na agência de viagens prá confirmar e pagar o vôo da volta, disseram na TV que os bilhetes vão aumentar não demora...é menos uma coisa prá me preocupar.
Depois tomo o rumo da CESMA. Já sei que lá são horas e horas de passeio entre os corredores, a "cheirar"os livros todos, ver o que tem de novo e, por fim, comprar alguns, prá garantir a leitura à frente da lareira ou na cama, à noite, ou ainda, de madrugada, já que, com esse frio todo, acabo por deitar "com as galinhas" e despertar mal o dia amanhece ou quando ainda nem.

Escolho os livros:

Um do António Lobo Antunes, um bom autor português, que comecei a ler na revista VISÃO, lá em Lisboa, onde ele tem uma página semanal, crônicas do cotidiano e tal... A primeira coisa que li dele na revista foi quando estava hospitalizado, tendo sido diagnosticado um tumor que, segundo os médicos, não lhe deixava muita chance de qualquer esperança. Fiquei chocada. Passei a lê-lo com freqüência, tem um modo esquisito de encarar essa coisa de vida e morte e, diga o que diga, sabe dizê-lo muito bem. E acabei por procurar coisas dele por lá, mas vim achar aqui em Santa Maria, na CESMA. Há vários livros dele, ali. E tem uma boa referência do autor. O livro é "Conhecimento do Inferno" e relata uma viagem solitária de carro, pelo sul de Portugal. A reflexão interior de um psiquiatra, personagem que funciona como alter ego do próprio autor, que é formado em medicina, com especialização em Psiquiatria.

Antes de vir de lá, no final de junho, li que ele estaria curado, dito por ele mesmo, numa crônica na mesma revista e referindo-se ao fato como algo inexplicável e milagroso, o que me deixou especialmente feliz.
Estou a lê-lo. O livro é narrativo e recheado de coisas muito peculiares da região por onde ele viaja, o que me encanta. Além disso, tem um jeito todo único de trabalhar as metáforas, que também me encanta. E mistura isso tudo com as coisas da sua infância, o que torna o texto muito interessante. E triste, quando relata a condição humana vista sob o ângulo da loucura. É este o inferno.

O outro livro é Cartas, do Caio Fernando Abreu. Estou especialmente curiosa com ele. Mas quero terminar o outro primeiro. Tenho essa mania de ficar lendo dois ou três ao mesmo tempo, no fim vira um que é aquilo...estou tentando me disciplinar.
Mas o Caio sempre me intriga. Já li coisas muito boas dele. Sou uma admiradora incondicional de sua obra. Muito pela sua ligação com Santiago do Boqueirão, mas não só, com certeza foi e será sempre um de nossos escritores mais brilhantes.
Esse foi publicado após a sua morte e, como diz o título, são cartas escritas por Caio durante a sua vida, numa edição organizada por Italo Moriconi. O prefácio é de Luciano Alabarse.

E o terceiro livro é de outro português, Prêmio Nobel de Literatura em 1998, José Saramago. A bagagem do viajante mostra uma admirável faceta de mestre do relato de registro instantâneo, da expressão concisa, num timbre cálido e informal, como bem referencia José Geraldo Couto, em suas considerações a respeito da obra e do autor. São crônicas publicadas na imprensa portuguesa entre 1969 e 1972 que têm a característica da renovada atualidade de sua reflexão sobre as armadilhas da linguagem.

Decidi que serão lidos nessa ordem, se eu conseguir me manter fiel à disciplina a que me propus, o que acho bastante difícil, considerando a minha dificuldade natural em manter-me disciplinada.

Por agora é só.
Hora de ler.
Boa noite.

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