segunda-feira, dezembro 17, 2007

"El tiempo es veloz, la vida esencial"


Hoje acordei com vontade de ouvir Mercedes Sosa.

E veio a calhar que fosse logo essa canção de David Lebón, que fala da vida e das suas urgências e da vontade de mudar o mundo. E que nos mostra que as coisas continuam andando, a despeito de nós. E dessa sede de algo que nem nós mesmos sabemos o que seja.

Toda a gente que me conhece, sabe o tanto que a aprecio.
Comecei a gostar da Mercedes Sosa e das suas músicas fortes, da sua voz gigantesca e da força que me traz, cada vez que a ouço, ainda era adolescente. O que sempre me intrigou foi a suavidade com que canta essa voz imensa, sem fazer a mínima força, como se isso lhe viesse do mais profundo da alma.

E deve vir. Deve, sim.

Só isso explica.

A outra explicação devem ser as letras que escolhe para cantar. Sempre fortes, sempre gritantes, sempre de sentimentos muito claros. Violeta Parra, Ataualpa Yupanqui (compositores), Charly Garcia, León Gieco, Antonio Tarragó Ros, Sílvio Rodriguez, Milton Nascimento, Raimundo Fagner, Pablo Milanés, Fito Páez e tantos outros parceiros.
Em outros tempos, costumava ouví-la não só apenas por gostar. Quando me sentia a fraquejar em alguma situação, a energia da voz de la negra me trazia de volta ao que sempre fui ou queria ser: Forte.
E foi também uma canção que ela canta, Maria, Maria, de Milton Nascimento, a trilha sonora de entrada da Raquel, quando se formou em Publicidade e Propaganda, caminhando para receber o seu diploma. Cantada por mim, uma mãe emocionada, de voz trêmula, mas extremamente feliz, por entender que tudo aquilo que eu quis passar aos filhos, estava, de alguma forma, a florescer ali, na atitude da minha filha. Foi um momento desses de que nunca mais se esquece.
Depois, numa conversa com o Rodrigo, numa viagem ao Cassino, nós dois no carro. E ele a me dizer que, depois de muito tempo negando por pura birra, confessava achar a voz do Milton Nascimento maravilhosa e que ouvir a Mercedes Sosa nas viagens que a gente fazia, a cantar em altos brados, estrada afora, era uma coisa de que tinha saudade. E que com aquilo tinha aprendido a gostar de música de qualidade.
Outro momento. Sem comentários.
O Gabriel nunca se manifestou. Mas sempre ouviu, quietinho, sensível, imerso nos seus pensamentos, como a desenhar sempre o momento seguinte, dentro daquela cabecinha brilhante. A música fazia-se pano de fundo prá criatividade.
Minhas filhas Carol e Raquel sabem grande parte das músicas da Mercedes. Incontáveis vezes as cantamos juntas. Acho que foi assim que aprenderam um bom pouco de espanhol. E emocionavam-se, feito eu. Cantamos até hoje, quando nos encontramos nas junções da família. E sempre nos vêm lágrimas aos olhos. Definitivamente, a música é algo que nos liga imenso.
Essas coisas vão bordando a vida da gente de cores e matizes incontáveis. Vivas, fortes, suaves, às vezes um tanto cinzentas, mas sempre carregadas de enorme significado. Que nunca mais nos escapa, pela vida afora.
Por isso essa alma, que nunca se cala.
"No será tan fácil, ya sé qué pasa,
no será tan simple como pensaba,
como abrir el pecho y sacar el alma
una cuchillada de amor.
Quién dijo que todo está perdido?
Yo vengo a ofrecer mi corazón"
(Fito Páez)
Bom dia, gente!
E uma linda semana.

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