sexta-feira, março 07, 2008

Sexta-feira de praça, bater pernas, a crise na Educação em Portugal, Alvin Toffler e outras considerações...

Bom dia, pessoal!

A coisa por aqui anda agitada, por conta do conflito entre a senhora Ministra da Educação e os Professores. Está prevista para amanhã uma grande manifestação, que deverá contar com mais de setenta mil professores de vários pontos do país, ao longo da Avenida Liberdade.
Maria de Lourdes Rodrigues aparece na capa da VISÃO a tapar os ouvidos às cornetas.
E eu fico aqui pensando que já vi este filme, várias vezes. Só que em outro cenário.
Aqui a grande questão é o modelo de Avaliação dos Docentes, mas na carona vêm várias outras inovações e medidas tomadas pelo governo em relação ao ensino que, mesmo que sejam em muitos dos casos, indispensáveis, vêm um tanto atropeladas, com muita pressa de entrar em vigor. Reformas mal digeridas.
A rigor, a tal Avaliação consta de uma Auto-Avaliação, Avaliação pelos Conselhos Executivos, Avaliação dos Pares, Avaliação dos Pais e a avaliação em função dos Resultados dos Alunos, passando ainda pela questão das faltas, mesmo justificadas, que não podem ultrapassar os 5%.
Para os conceitos Muito Bom e Excelente está prevista uma rápida progressão na carreira.

Para quem anda estudando as novas regras, o sistema não tem nada de especial e é pacífico. A oposição bota lenha na fogueira e os professores tratam a coisa como uma revolução.

Não opino.
Ou melhor, acredito que uma avaliação é fundamental.
Se for cruzada e se puder contar com a responsabilidade, profissionalismo e ética de quem avalia, tanto melhor. A questão do resultado dos alunos, para mim, é a mais crucial e importante. Parece-me que o índice de sucesso em termos de ensino deveria e deve ser a maior preocupação, em qualquer lugar do mundo.
Se fosse só por isso, acho que a questão seria simples. Bastava negociar o tempo de implantar, que é o que me parece mais crítico neste momento.
Mas não é só e toda a gente sabe que não.
Por trás, anos de descontentamento com os salários, ressentimentos, influências políticas e o que é talvez a maior das queixas: a de fazer crer que os professores são os maiores responsáveis pela degradação do ensino. E isso toda a gente sabe que também não é.

Enfim, amanhã é sábado e logo se vê.
O que se espera é que, no meio dessa confusão toda, não sobre para os alunos o ônus da revolução. E que não haja qualquer tipo de violência, seja por parte de quem for.

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E a propósito, estive lendo na mesma revista VISÃO, matéria que traça um paralelo entre Portugal e a Finlândia ( o mais bem sucedido sistema de ensino dos países da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Tirando a semelhança de que ambos têm o mestrado como pré-requisito para que se possa ser professor nos dois países, há algumas considerações interessantes.
Na Finlândia, a profissão é extremamente disputada, embora não seja particularmente bem paga. Mas apenas 10% dos candidatos são aprovados nos exames de candidatura à carreira. Em Portugal, até então, bastava haver vaga para se conseguir um lugar no ensino público, independentemente do perfil. Agora, com a Revisão do Estatuto da Carreira Docente, isto muda. Foram criados testes de avaliação dos candidatos, que têm de obter uma classificação mínima de 14 valores.
Na Finlândia, o Governo mantém um sistema sigiloso de avaliação dos resultados escolares, que são entregues aos diretores das escolas, para que seja dada ciência aos professores e, em conjunto, têm que criar soluções para o insucesso.
Lá, 20% dos alunos recebe aula de reforço e, por isso, as taxas de repetência são baixíssimas.
Além disso, alimentação, transporte, assistência médica e material escolar são gratuitos para todos, portanto as condições e oportunidades são as mesmas.
Vão para a escola cedo da manhã e lá ficam até às 15 horas. E são estimulados a experimentar e a questionar, o que pode ser motivo de serem os primeiros em Ciência e Matemática, no estudo do PISA, instrumento internacional mais credível de avaliação das performances dos sistemas de ensino ocidentais.

É o que diz a matéria. Sob esse ponto de vista, parece-me um bom exemplo.

A esta altura, fico pensando no Brasil.

Não sei a quantas anda, mas acredito que a formação acadêmica tenha cada vez mais peso nos concursos públicos para a rede de ensino. Tenho que perguntar à minha irmã Betina, ela pode me colocar a par. Não sei qual é o nível dos concursos, mas acredito que sejam feitos com critério e exigências razoavelmente bons. E há programas permanentes de aperfeiçoamento de docentes.

É uma carreira disputada?
Continua sendo, mesmo com toda a queixa, ainda é uma profissão bem procurada. Até porque as universidades estão sempre a formar milhares de professores todos os anos. E há cada vez mais alunos precisando de professores.

A Avaliação de performance dos alunos e das escolas é aplicada, só não sei dizer como se processa. Mas vou me informar. Quanto à avaliação dos professores, diretamente, não sei se há. Mas acredito que sim. Vou tentar saber como funciona.

Aulas de reforço?
Outra informação que não tenho. Conheço alguns projetos independentes, mas na própria escola, não sei.

Como é a nossa taxa de repetência?

E quanto à alimentação, o transporte e o material escolar?
Ah...disso mais ou menos sei. Mas sinto que tenho que estudar muito, pesquisar e tal.
Nas escolas públicas, há a merenda escolar, o transporte acredito que deve ficar por conta dos municípios e há distribuição de material escolar básico.
Nas escolas privadas é cada um por si e o dinheiro por todos, de preferência com aumentos significativos da mensalidade escolar a cada ano.

E finalmente, o tempo em que os alunos permanecem na escola varia. Sei que normalmente estão lá no período de um turno, há algumas iniciativas de programas de turno oposto, em instituições ligadas aos municípios, mas realmente não saberia desenhar o quadro em nível de país.

Claro que fica meio complicado comparar, mas tentava ver como o Brasil está com relação aos ditos países desenvolvidos.
Fica difícil até em função da população. Portugal beira os 11 milhões de habitantes, a Finlândia 5,2 milhões e o Brasil, segundo o Censo do IBGE de 2007, já andava a mais de 180 milhões. Prá ser mais precisa, 183.987.291 de habitantes, somando-se os 28 estados brasileiros.

Prometo fazer uma pesquisa e voltar a falar nesse assunto daqui a um tempo.

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E Alvin Toffler, profeta da Terceira Onda, em 1980, que veio a Lisboa no final de fevereiro, para participar do 3º congresso das Ordem dos Biólogos, subordinado ao tema Bioeconomia, diz: "Parece ficção científica, mas não é impossível. Estamos a falar de implantes muitíssimo pequenos. Diria que no próximo meio século o desafio vai ser o de definir o que é humano. Vai haver clonagem de seres humanos, teremos elementos de neurociência nos nossos cérebros e os computadores serão muito mais inteligentes do que nós. O que é humano neste contexto?"
Para ele, em entrevista à VISÃO, nenhum país completou a Terceira Onda e coloca que as pessoas educadas vão sair-se cada vez melhor e os não-educados, cada vez pior.
Diz que vota em Obama, pelo fato de vir a ser um presidente negro, que poderá passar a mensagem de que os EUA ultrapassaram um certo ponto de desenvolvimento - Enquanto formos uma nação racista, não podemos reclamar-nos respeitáveis. Desprezo o rascismo e isso leva-me a Obama.
Por fim, acredita que uma das características da próxima onda de mudança será uma muito maior diversidade nas estruturas políticas, religiosas, familiares e sociais.
(Revista Visão - nº 783 - 6 de março 2008)

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O novo cd de Luís Represas "Olhos nos Olhos", 9º disco solo do cantor português, tem parceria com Miguel Nuñes, Pablo Milanés e Simone (sim, a nossa Simone brasileira).
Já ouvi a faixa "Sagres" e por acaso gostei muito. Segundo ele, o Cabo de São Vicente é o lugar para onde as pessoas fogem para olharem para dentro delas próprias.
Quanto à parceria com Simone, diz que à medida em que ia compondo a canção Desencontro, foi ficando claro que tinha que ser ela a cantá-la.
Vou querer ouvir este cd, com certeza.

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Gente, tenho que ir à Praça (Mercado Público), buscar frutas e "tremoços"
Hoje não trabalho, é folga.
À tarde vou dar um pulo ao centro, ver o que há por lá.

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