quinta-feira, novembro 15, 2007

A tarde no Parque das Nações, em Lisboa...

Ontem acabei não indo até a ArCo, fiquei mesmo no Parque das Nações, a bisbilhotar a tarde.
Antes tomei a sopa da ordem na Paris, ali mesmo na Gare do Oriente. Adoro uma sopa!
Andei pela Feira do Livro, volta e meia está por ali. E eu quase não gosto de cheirar livros...a traça de esbaldou. Noutro dia tinha assistido à entrevista com a escritora brasileira Ângela Dutra de Menezes, na TV daqui, e fiquei bem curiosa com seu livro " O Português que nos pariu" (Civilização Editora) que é uma visão brasileira sobre a história dos portugueses, considerado pelo jornal O Globo como um dos dez melhores livros do ano.
Achei. Comprei. E, de ontem prá hoje, li.
Devo dizer que gostei e dei boas risadas, porque o livro é mesmo divertido, um bolaço, e a escritora tem um estilo muito interessante.
Uma maneira bem-humorada de encarar a História.
Recomendo.

Mas onde eu andava mesmo?
Ah...na Gare do Oriente.
Pois.
E a Feira trás sempre livros bons e até em conta.
Andava me ensaiando prá ler "A soma dos Dias", da Isabel Allende (Difel). Comprei também.
Mas ainda não li. Dei uma olhadela e parece bom. Antes de acabar o fim de semana, de certeza, digo.

Isto posto, entrei no Continente para comprar as tais sementes de temperos a que me referia ontem de manhã (mas isso já é fora da Gare, é no Centro Comercial Vasco da Gama, onde se chega apenas atravessando a rua e pronto) Achei várias. Começo a preparar a minha pequena horta. O Continente é um dos grandes supermercados (rede) que temos aqui, onde se acha de tudo. Perto do caixa estavam um livros de receitas natalinas, por 2 euros, tendo por garota propaganda a Sónia, apresentadora do Portugal no Coração (ou será da Praça da Alegria? Já nem me lembro, que tonta que sou!), nas manhãs da RTP1, muito sorridente, num display ao lado, com o livro às mãos. Acabei trazendo também. Pode calhar prás festas. Afinal, ainda não estou bem a par da culinária portuguesa, preciso aprender muito.
Pago e saio. O livro parece bom, pelo menos o papel é de qualidade e as fotos, no interior, também.

Ando pelo Centro Comercial Vasco da Gama a olhar as câmeras fotográficas. Quero me "dar" uma de aniversário. Mereço, afinal.
Vejo na Worten, na Vobis...mas eu quero uma Canon com ecrã maior, a ceguinha...rssssssss... e só há com 2,5". Também queria uma com 10mp. Mas só tem de 8.1. Sei lá. Hoje vou à Baixa, prá ver o tal curso de fotografia (esse que fica ao pé do Castelo, na ArCo) e vou dar uma olhadela nas lojas ali da Rua Augusta e da Rua dos Sapateiros.
Já é a terceira vez que namoro as câmeras no centro comercial, mas não compro nada. Hora dessas me decido.

Caminho pelo Parque, gosto demais do lugar.
À beira do Tejo, o movimento é peculiar, há vida própria. Pessoas diferentes, situações um tanto inusitadas. Gosto disso. E tudo com aquele pano de fundo que passa longe de ser feio. Acho o Tejo lindo, a ponte Vasco da Gama ao fundo, suas gaivotas, as pessoas sentadas nos bancos, a olhar o horizonte, serenas. É um cenário que me agrada.
Olho para o lado e vejo um grupo de rapazes e moças que devem estar tendo aulas de fotografia. Fico com vontade de pedir algumas informações sobre câmeras, porque só gosto de fotografia, mas não entendo quase nada...depois fico com alguns receio de que não gostem da minha intervenção. Não pergunto. Fico a observar. Há um que acredito ser o professor. Têm lá umas cartolinas fixadas à parede, uma branca, outra preta. Focam ali as suas lentes. Ele dá orientações. Alguns fotografam os passantes, as gaivotas, o rio, que já se prepara para o espetáculo do pôr do sol. Todos têm câmeras grandes, já vi que a maioria é Canon (então não estou errada). E grandes objetivas. Há uma que se limita a segurar a câmera e fumar. Aliás, o que fumam essas mulheres e homens portugueses, é algo!
Há uns senhores sentados nos bancos à minha frente, ao lado. Pela alameda passam casais, vê-se beijos, mãos dadas, carinho. É bonito. E não são apenas jovens. Há casais de idosos quase em igual proporção. Lindos velhinhos, todo aprumados em seus trajes esportivos ou não, as cabecinhas brancas cheias de sonhos e romantismo. Pronto, é o que penso. Se estiver enganada, paciência, é a minha "foto".
Passa uma senhora, penso que vai sentar-se ao meu lado, puxo a sacola dos livros, prá dar espaço, mas não. Ela passa e vai até um banco onde está um senhor. Senta-se ali. E cada qual olha para o rio e para as gaivotas do seu jeito, numa comunhão silenciosa, vazia de palavras, mas rica em olhares e gestos. É como se o rio fosse mágico e se apoderasse da gente.
Chega um casal de turistas. Falam inglês (novidade...é o que todos falam). Entendo um pouco, mas às vezes a língua me parece mais truncada. São os europeus do norte. Muito claros, olhos muito azuis, as roupas típicas de cor crua, as papetes de couro, pochetes à cintura, mochilas...essas coisas. Ficam um pouco, fotografam-se devidamente. Depois sentam-se no mesmo banco, ao meu lado. E ficam ali a conversar e a olhar as fotos no ecrã (tela) da câmera.
A este ponto ando a bisbilhotar a Isabel Allende, devo estar na quarta página. Resolvo que volto a ler em casa. Guardo o livro na sacola e saio a caminhar na direção norte do parque. Mais à frente há umas...puxa, agora me deu um branco...ah...sei...aquilo parecem ser o que nós, no Brasil, ou pelo menos lá pros lado de Rio Grande, Pelotas, onde mora a minha mãe, chamamos de caramanchão. Enrodilhadas, as buganvílias. Coisa bonita. De um rosa maravilha, vibrante.
Ao fundo, o rio, sempre ele, a fazer-se de moldura impecável.
Acima, os bondinhos do teleférico passam, fazendo seus ruídos, que não chegam a interferir na calma do lugar.
Sento-me de novo.
Experimento umas fotos. Para todo o lado onde se olhe há cenas interessantes.
Aproxima-se um senhor com uma câmera enorme, a objetiva em riste. Tem um aspecto totalmente peculiar. A barba bem grande, a dar-lhe no peito, cabelos longos, uma roupa que mais parece uma túnica sobre a calça de cor marrom, no bom e velho estilo hippie.
Passa muito a vontade ao lado, pára, ensaia uma fotografia...não...não era...anda mais um pouco, foca de novo. Enfim, bate algumas fotos.
Mais tarde ainda o encontro, por acaso, junto do grupo de fotógrafos aprendizes. Devem tê-lo interpelado, na certa, querendo saber algo que ele, naquele estilo todo, devia saber a mais.
A tarde cai.
Não vai dar prá esperar que o sol se ponha.
Ainda quero dar mais uma olhada nas câmeras. Entro no shopping. No caminho até ali ainda bato várias fotos.

Enquanto desço pela escada rolante ( ou será que subo, já nem me lembro), o Arsénio, a sair do trabalho, liga prá ver se quero "boléia" (carona). Digo que sim. E me dirijo à saída do shopping.
Diz prá eu esperar à porta do AKI (que é uma loja enorme, próxima da gare, onde há de tudo para casa e para a prática da bricolage. Bom, isso, gente, acho que tem o mesmo significado no Brasil, mas é essa coisa de casa, jardinagem, carpintaria, montagem de estantes, apetrechos para esse fim, coisas do gênero...fica por aí. Tem tanta coisa ali, que precisaria escrever aqui um tratado...
Passo pelo café do costume e compro ali duas empadas e um pastel de creme ( Belém), prá levar pro meu gajo( sei que ele gosta muito) e me dirijo ao AKI.

Entro.
Já à porta está uma representante dos Médicos da Alegria, que aqui leva outro nome, mas prá já não me lembro qual, a oferecer-me uns bonecos e a pedir-me que colabore. Como simpatizo muito com a causa, marcho com 5 euros e levo de nhapa um boneco-médico-sorridente-de-orelhas-enormes-e-nariz-vermelho e que faz um barulho quando a gente aperta. Muito simpático. Tinha também uma esfermeira gordinha e igualmente simpática, mas escolhi a ele.
Dentro do AKI, procuro vasos plásticos prá minha horta (lembram?) e também uma pazinha. Acho tudo. Só que a pá não é pazinha. É pazão. Mas levo igual, não tem outra. Aqui tudo parece ter tamanho família...Se calhar, estou em Itu, e não sei...Queria um regadorzinho, mas só tem regadorzão, então não levo.
Escolho quatro vasos, apanho os seus respectivos pratos de aparar a água, a pazinha pazão, passo no caixa e vou prá rua, esperar pelo Arsénio, que deve estar enrolado no trânsito, nessa hora de pique. Ainda fotografo a gare, sob esse ângulo, prá mostrar aqui no blog. E a rua. Nesta época, nos meses de outono, a cidade fica muito bonita. Cheia de folhas de todos os matizes a colorir o chão.
Eu gosto. Por isso tento mostrar aqui.
O Arsénio chega, entro no carro. Eu e mais os pacotes. Ele vem rindo sozinho. Maluco?
Nada...No caminho, ele me conta uma bomba. Bomba boa, claro.
Buemba, buemba, como diria o nosso Macaco Simão...

Mas isso já é prá uma outra ocasião. Se ele me autorizar, eu conto.
Tenho que me arrumar prá sair.
Ir ver a tal escola de fotografia e arte, lá ao pé do Castelo. Pois é.
Vou ligar à Mariângela (amiga de Santa Maria), ela também quer ver um curso de cerâmica, lá. Primeiro é preciso que tenha melhorado da gripe. andou pegando uma das antigas, como falam por aqui. Bem que eu avisei (como passam me avisando), há que se cuidar com o frio, que é tão frio quanto o nosso, mas é diferente. Dá prá entender?
Não?
Ah...então deixa.
Também tem a minha colega da FAMES, Santa Maria, a Karina, que anda a trabalhar num navio de cruzeiro e que me avisou que deve estar passando por aqui hoje. Se calhar, vou almoçar com ela, mas não sei, ainda não me ligou...

Um belo dia prá todos.
Saudações lusitanas e, sobretudo, "coloradas"!
Até mais...

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