sábado, janeiro 10, 2009

Post 500!

É verdade.
Escrevendo, escrevendo, chegamos até aqui.
Fico feliz, afinal é um jeito de conversar com os filhos, com a família, os amigos. Contar, questionar, concordar, perguntar, responder. Viver momentos e coisas, conforme vão acontecendo. E partilhar isso.
Alguns posts são assim, sabem a aniversário.

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Decerto prá comemorar, o vizinho de cima começou um novo furo, não faz muito. Com um barulho diferente, é verdade, mas ainda assim um furo. Anteontem andava com os móveis prá esquerda e prá direita, prá frente e prá trás. Se calhar anda a liberar uma nova parede, a ver se consegue mais espaço livre pros novos furos. O cara tem que furar, é o que concluo. De outra forma não está feliz.

Dá-lhe vizinho!
Força aí no barbequim!
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Hoje depois do almoço, fomos à Baixa.
Estava um sol delicioso e a gente com uma jibóia ou duas enroladas no pescoço, depois dos quitutes todos da dona Graciete. Era prá ser o parque das Nações, mas acabamos por estacionar o carro na Avenida Liberdade, na altura do Teatro Tívoli, e descer até o centro a pé.
Claro que teve jinginha no caminho, isso faz parte. É digestivo. E jinginha com elas, que é ainda mais interessante. Não, eu não. Mas o Arsénio sim, não vai ao ao Rossío sem passar ali e saborear um copinho. Pronto, entreguei.
Há coisas emblemáticas no centro de Lisboa.
A jinginha é uma delas. E com elas quer dizer que vem com algumas frutinhas no copo, devidamente encharcadas com a bebida, ou com o álcool, como queiram. Uma espécie de conserva alcoólica, por assim dizer. O gosto parece com licor maraschino, aquele que vem nos vidrinhos de cerejas. É bom. Mas é forte e doce.

Antes passamos no Teatro Politeama e lembramos que é preciso marcar um dia desses com o Énio e a Isa prá irmos ver o musical que tá em cartaz, antes que saia de cartaz: West Side Story.

No Coliseu dos Recreios paramos prá ver os espetáculos a seguir e demos com o concerto da Maria Bethânia, dias 27 e 28 de fevereiro. Decidimos que vamos e, depois de já estarmos na rua, o Arsénio resolveu voltar e comprar os bilhetes, antes que não houvesse mais. Voltamos. Os músicos brasileiros aqui têm muita platéia. Sobretudo as figuras carimbadas da MPB. Faltando ainda mês e meio, já estão vendidos bem mais da metade dos bilhetes. Só conseguimos lugar na fila R. Mas já estão garantidos.
Ufa!
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Cheiro de castanha no ar, resolvemos provar algumas. Ainda não tínhamos comido castanhas assadas neste inverno. Assamos em casa, mas não são como as da rua, têm outro sabor. E é outro dos itens emblemáticos do centro de Lisboa.
São vendidas à dúzia, por dois euros. E agora vêm num pacote de papel tipo de pão, não mais naquele cone de jornal, como era até há pouco. Exigências da Câmara, diz o vendedor, que agora pilota um brilhante carrinho de inox e não mais o velho aparato de assar, tão conhecido de todos os portugueses. Tudo mais limpinho, sim, que isso não se discute. Mas totalmente descaracterizado.
O Arsénio mete conversa com o gajo, questiona, retruca, quer saber tudo e mais um pouco. Não se conforma com a perda da identidade das coisas típicas de Portugal.
Ele, o gajo, explica que é tudo exigência da Câmara de Lisboa, nem é da ASAE. E que agora até exigem um curso, como para quem trabalha na restauração, que ele foi fazer lá não sei onde, sem o que não se pode ser vendedor de castanhas, prá incredulidade do Arsénio, que pega nas castanhas e sai comendo Praça da Figueira afora, a discursar sobre o assunto.
Tanto turista vindo aqui prá ver as coisas de Portugal e o português a dar cabo delas.
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No caminho, entramos na Brás e Brás, uma loja centenária ali da Baixa, onde o Arsénio sempre me dizia ter tudo quanto é coisa prá casa. Por acaso ainda não tinha estado lá. Andamos à procura de xícaras de acrílico prá levarmos prá autocaravana, mas isso não tinha. E nem aquele treco prá assar chouriço, de barro, esmaltado e marrom. Quando perguntamos sobre as xícaras à atendente, depois de procurarmos pelos dois pisos da loja, ela respondeu que infelizmente só havia de plástico. O gajo chamado Arsénio não sossega, foi logo lascando: Afinal o Brás e Brás não tem, referindo o reclame da loja na mídia, desde sempre, que é O Brás e Brás tem.
A moça riu e concordou: Pois... não tem.
Paciência.
E pura sorte delas. Se a dona Helena, minha mãe, estivesse junto, já tacava sem dó:
Tomara que nunca tenha!
Que depois de uma certa idade, como ela mesma diz, já é triagem e tolerância zero, sai conforme pensa e nem tá. Velho pode!
Rárárá!
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O programa turístico da tarde também incluía um passeio de elétrico até Belém, basicamente prá andar um pouco até a beira do rio e comer uns pastéis de nata, com café. Claro, ali na casa dos Pastéis de Belém. Emblemático até não poder mais. É até pecado vir a Lisboa e não ir até lá.
Mais observações do gajo (ele observa prá caramba). Os elétricos já não dão gozo, bom mesmo eram aqueles que levava gajos pendurados, com malas e bagagens, agarrados às portas, prá não pagarem o bilhete. E prá parar, a gente puxava uma corda, que fazia um estardalhaço. Estes agora são muito modernos.
Com razão, até as portas, a gente aperta um botão e elas abrem, como por encanto.
Comemos pastéis e tomamos café. Nada como tê-los quentinhos, feitos na hora, é outra coisa.
Sei... já vou longe de conseguir cumprir a minha promessa de comer menos doces em 2009. É muita tentação... ainda mais com este frio. Prá compensar, empanturro-me de sopa a semana inteira.
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Fomos até a beira do Tejo, ali na altura do Padrão dos Descobrimentos, em direção à Torre, conferir se realmente já não se pode estacionar autocaravanas ali, como se costumava fazer até uns dias atrás. Na mouche! Adeus almoços à beira do rio, em domingos ensolarados. Os donos do Portugália e do Restaurante Chinês, que ali estão, devem ter pressionado as autoridades, pensamos nós, porque as autocaravanas deviam tirar a vista do rio aos clientes. Só pode. Aquilo agora está cheio de placas de proibição às autocaravanas.
O Tejo deve ser deles...
No more.

Pelo sim, pelo não, andamos mais um pouco, até perto da Torre de Belém, do outro lado da Marina. Descobrimos que é lá que elas estão agora. Várias delas. Até que uma criatura qualquer resolva dar cabo da alegria dos viventes e coloque ali umas placas de PROIBIDO. Esperamos que isso não aconteça ou demore muito a acontecer.

Tudo bem, a gente também concorda que alguns abusavam. Deixavam lá as suas carrinhas estacionadas a semana inteira prá marcar lugar pro fim de semana, e eram daqui. Disso ficamos sabendo. Mas a maioria era mesmo gente de fora de Lisboa, a passeio, em visita. E era até bonito de ver todas elas ali, enfileiradas, com gente de todos os lugares da Europa.

Enfim, paga o justo pelo pecador, é sempre assim.

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Mas o espetáculo mais bonito foi o do pôr do sol no Tejo, quando estávamos vindo prá casa. Uma bola imensa, de um vermelho absurdo, boiando entre o céu e a água , como a pintar um quadro de cores incrivelmente belas.

Mais linda só mesmo a lua cheia que se via no céu e no rio, aqui perto da Bobadela, jogando seus reflexos de prata na água, a desenhar uma estrada de luz . Uma imagem prá não esquecer.

Quadros que nenhum pintor é capaz de reproduzir e é preciso que se agradeça todos os dias por termos olhos de ver.

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Bom gente, era isso. Não corro o risco de virar abóbora, pelo menos não já, que recém são dez da noite, mas o frio é muito, os pés estão gelados e a vontade de ler um pouco, debaixo das cobertas quentinhas, é maior ainda.

O Arsénio já está abafado há horas, a ver o jogo e a gritar goooooool, cada vez que o Sporting marca. Pelas minhas contas já são dois a favor. Contra não sei, porque daí não tem grito. Mas logo se vê. Vou indo prá lá.

Uma bela noite a todos.

Amanhã estou de volta.

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