terça-feira, setembro 30, 2008
Sufoco...
Não preciso dizer o sufoco que foi esperar todas essas horas, até que ele conseguisse me dizer, há pouco, que correu tudo bem e que ela estava na recuperação.
Sei, é uma cirurgia simples, todos dizem. Mas é sempre uma cirurgia.
E vocês não fazem idéia do que é estar longe, sem poder fazer nada. E eu aqui, no meio de um ermo, num parque natural no interior da Espanha, sem rede, a rede de telefone super precária. Dá um desatino.
Prás mães, os filhos são sempre os seus bebês e querem estar perto sempre, em todas as situações. Não poder estar, não segurar a mão quando eles mais precisam, é uma dor sem descrição.
Andei pelo parque, caminhei meio desorientada. Quando estou nervosa preciso andar.
E rezei. Rezei muito.
E Deus nunca nos abandona.
E ela contou com a atenção e o carinho do Dr. Ourique e da Dra. Zoraide. Não podia estar em melhores mãos. Graças a Deus. É o que nos vale.
Bem, continuo rezando, agora prá agradecer e pedir que a minha filhotinha tenha uma excelente recuperação e que logo esteja em perfeita saúde.
Ufa!
Não é nada fácil estar longe, nada mesmo!
Sorte que a gurizada (Rodrigo, Carol, Daiane, Dionathan e Lucas) é super unida e que a vó Ilda e o pai Chicão estão sempre a postos.
Não fosse isso eu ia dar um jeito de desencravar um avião prá sair correndo.
E Deus é grande.
Obrigada!
domingo, setembro 28, 2008
Seguindo a viagem...
No centro vimos, entre outras coisas, o Templo de Diana, outros prédios históricos e a Ponte Romana, sobre o rio Guadiana, o mesmo que passa na cidade de Ayamonte, também na Espanha, e depois em Vila Real de Santo António, já em Portugal, onde tem a sua foz.
Depois de vermos tudo, deixamos Mérida em direção a Cáceres.
Uma curiosidade: aqui na Espanha as estradas são realmente boas e na maior parte delas não é cobrado pedágio. Detalhe importante, sobretudo para quem anda em autocaravanas, uma vez que o valor cobrado, quando se cobra, é bastante salgado.
A viagem até Cáceres foi tranqüila.
Chegamos à uma da tarde no Albergue Municipal de Cáceres, um belo lugar para pernoitar e também para deixar a autocaravana, além de estar a cinco minutos do centro histórico da cidade, o que nos permitiu ir a pé até lá. O bom é que tem estação para abastecer os depósitos de água, despejar cassetes e águas residuais e deixar tudo limpinho. Uma mão na roda. E o melhor: totalmente grátis.
Pertence ao município e está bastante conservado.
Porreiro!, pá!
Logo na chegada encontramos um senhor daqui de Cáceres que estava abastecendo a autocaravana e que nos deu várias dicas do caminho e de lugares interessantes para visitar. Em função disso, é possível que a gente altere o roteiro previsto. Talvez espichemos a viagem até Plaséncia.
O almoço foi mais tarde, lombinho de porco com maçãs ao forno. Uma delícia. O forno aqui da autocaravana é um espetáculo, acho que é melhor do que o de casa. E aquele já é bom. Tinha também salada de alface e rúcula, com tomate. E tomamos um vinho branco fresco.
Sobremesa: pudim de leite condensado, que trouxe pronto de Lisboa, e pêras bêbadas.
Racionado, sim. Se eu deixo, o Arsénio come o pudim inteiro, de colherinha. Ele adora.
O tempo esteve esquisito, mas ainda conseguimos ir até o centro histórico, dar uma volta e conhecer. A chuva nos pegou no caminho, por isso voltamos mais cedo. Compramos algumas lembranças numa loja de uns senhores bem velhinhos, muito simpáticos e atenciosos.
Já em casa, aproveitei prá descarregar as fotos do dia, ler os mails aqui no portátil e atualizar o blog, enquanto comíamos chocolate Milka com água mineral das pedras sabor tangerina e víamos a chuva cair lá fora, pela janela da autocaravana.
Pecados e mais pecados, um atrás do outro, tudo num só dia. Valei-nos os quilômetros de bicicleta que fizemos ontem, em Mérida.
Uma coisa que achei super interessante é que todos os prédios do centro histórico aqui de Cáceres são ocupados pelos órgãos públicos, que ali funcionam, estando, por isso, em perfeito estado de conservaçáo. Realmente, um bom exemplo a ser seguido. Claro que a Comunidade européia entrou com uns 70% do valor gasto e que eles têm muito poder. Mas com certeza deve ter havido um bom projeto por trás.
Uma confissão:
Já não é de hoje, toda a vez que vejo estes espaços cheios de prédios históricos, sendo valorizados como deve ser, lembro da igreja matriz de Santiago e me dá uma dor no coração de pensar que foi demolida.
Hoje, não por acaso, me veio tudo à mente de novo.
E senti uma grande pena.
Pensando nisso, acho que agora o que se pode fazer, num caso como esse, é tentar construir réplicas. E alguém ficou com fotos, documentos, plantas, o que quer que fosse daquela igreja?
Aquela capela do santo, que a gente visita no fim do Caminho de Santiago das Missões, poderia ter sido feita nesses moldes.
Com um bom projeto, poderia haver verbas estaduais ou federais para isso?
Não sei, pergunto...
Ou eu estou sonhando muito alto?
Em todo o caso, é de se pensar...
O próximo prefeito, seja quem for, poderia ver isso com carinho, não é verdade?
Gosto de sonhar que é possível.
Por aqui a chuva continua caindo de mansinho, lá fora. E dá prá sentir que o tempo refrescou.
Em Cáceres são 22:45hs e o sono começa a bater.
Na TV espanhola, um filme sobre casamentos e leis.
Vou tomar uma xícara de chá e dar jeito de ir pro berço.
Tomara que amanhã o tempo esteja melhor.
De qualquer sorte, dormir com a chuva caindo assim suave é algo que dá algum gosto.
Boa noite, gente.
Volto amanhã.
sábado, setembro 27, 2008
Mérida
Saímos de Lisboa cedo, não tanto quanto gostaríamos, mas deve ter sido por volta das oito e um quarto da manhã.
Seguimos rumo à Ponte Vasco da Gama, para atravessar o rio Tejo e deixamos Lisboa prá trás, numa manhã que parecia um pouco nublada, mas que depois acabou ficando bonita.
Ainda paramos na estação da GALP para abastecer o quanto chegasse para irmos até a fronteira, pois o gasóleo é mais barato na Espanha. Ali também enchemos os depósitos de água da autocaravana.
No caminho, em Vendas Novas, parada básica prá bifana da ordem, com uma empada e um café.
Passamos por Montemor-o-Novo, Arraiolos, Borba, Estremoz e Elvas, ainda em Portugal. Entramos na Espanha por Badajós e seguimos prá Mérida, onde chegamos por volta da uma da tarde, uma vez que entre Portugal e Espanha há diferença de uma hora (a mais na Espanha).
Fomos direto ao Parque de Estacionamento do complexo turístico, onde preparamos algo para comer, para depois irmos visitar a Cidade Romana.
A visitação só começava a partir das dezessete horas e passava um pouco das quinze e trinta. Já que tínhamos que fazer tempo, decidimos levar a carrinha para o Parque de Campismo onde iríamos pernoitar, numa zona um pouco retirada do centro de Mérida, mas onde teríamos eletricidade para ligar o frigorífico e termos luz à noite. As coisas na autocaravana funcionam a gás, a bateria, eletricidade ou com energia do painel solar, mas tudo funciona melhor quando ligado na rede externa. Por isso sempre procuramos utilizá-la. As outras opções ficam para alternativa quando não ficamos em parques.
Como temos as bicicletas, muitas vezes nos movimentamos dentro das cidades com elas, deixando a carrinha no parque. O tamanho da autocaravana sempre complica um pouco em cidades com ruas estreitas e muitos balcões ou toldos e até mesmo árvores mais baixas.
A idéia é, com o tempo, comprarmos uma scooter para isso. Facilita bastante.
O próprio trânsito é também um dificultador.
Mas nada que não se resolva.
Voltamos à Cidade Romana assim que nos despachamos com a carrinha no parque, pela estrada nacional, de bicicleta. Andamos algo em torno de 6 quilômetros até lá.
Compramos bilhetes de visitação total, que não perdem a validade, por dez euros, cada. Assim, se não se consegue ver tudo em um dia, pode-se ver no dia seguinte ou depois. Não caducam.
Prendemos as bicicletas com os cadeados à entrada do Teatro Romano e entramos para visitar.
O que se vê ali dentro é algo que surpreende pelo positivo. E dá uma emoção diferente ao vermos todo aquele cenário onde ficamos a imaginar todas aquelas cenas que só vimos em filmes. A gente senta nas arquibancadas do anfiteatro e fica viajando no tempo. É realmente algo muito interessante. E as coisas todas muito conservadas. Valeu de verdade.
Dali fomos até o museu, mas antes sentamos na esplanada à beira da rua onde estão todos os cafés e bares do centro, muito cheia de turistas de todos os lugares do mundo. O Arsénio tomou uma cerveja e eu preferi tomar água, já que a volta era e bicicleta até o parque e eu já sou meio tonta por natureza. Melhor não arriscar.
A volta foi de pedalar mais seis quilômetros. Um cansaço bom. Tomamos banho e comemos alguma coisa. como estou pela hora de Lisboa, ainda não tenho sono, por isso resolvi vir aqui contar e mostrar as fotos. Mas daqui a pouco vou prá cama, porque amanhã devemos sair cedo.
O museu é também muito interessante. As coisas todas aqui em Mérida, em termos de turismo, estão muito bem postas. Por isso há tanto afluxo de gente, como eu disse, vale a pena.
Amanhã seguimos a nossa visitação. Ainda faltam alguns monumentos, pontes romanas, construções. Vamos sair do parque ainda de manhã e depois de terminarmos a visitação, nos dirigimos à Cáceres. De lá devemos ir a Trujillo.
E depois, vou dando o roteiro.
Até aqui tá tudo perfeito. Hoje foi super divertido e também vimos coisas muito bacanas.
sexta-feira, setembro 26, 2008
Olé!
A ver vamos, me aguarde.
Que venga el toro!
Olé!
Quem vai querer comprar bananas?
Adoro praças.
Já disse isso, né?
E também vou ao chinês, comprar uma forma prá assar coisas lá no forno da autocaravana.
Ai, seu chinês, se depender de nós, o senhor nunca fecha essa lojinha. Não tem sábado, domingo, feriado...vai trabalhar assim lá na China.
Ôps, não!
Fica mas é trabalhando aqui mesmo, em Portugal.
Té já, gente.
E prá Carol, um delicioso pudim!
quarta-feira, setembro 24, 2008
Carol...Carolina!
Eu tinha tanto gosto pelos vestidinhos bem enfeitados e laçarotes. Adorava vestir as duas como duas bonecas de verdade. Coisas de mãe...Mas ela queria mesmo era andar com os calçõezinhos adidas surrados , herdados dos irmãos. E detestava saias. Jogava futebol com eles e com os amigos dos irmãos, até o ponto de começar a ser olhada com respeito, porque no meio deles era meio craque. Não havia nada que se referisse a condicionamento físico em que ela não se sobressaísse. Sempre foi esguia, magrinha, de biotipo atlético. Fez de tudo. Corridas de rua, futebol, natação, tênis. Em tudo era competente e se via que gostava.
Com os manos aprendeu as danças da vida e mais tarde fez par com o Gabriel na tarefa de limpar o salão no fim das festas. Nunca vi gostar tanto de serem os últimos a sair. Bem, já contei aqui que o Gabriel fez isso até no dia do seu casamento.
Um dia a vó Ilda quis ir visitar a tia Eda no Rio de Janeiro. E lá se foi a Carol com a vó, muito responsável, sem nunca ter posto os pés fora do estado do RS. E eu recomendando que não descessem do avião, nem por decreto, na despedida, no aeroporto em Porto Alegre. Pois o avião tinha conexão em São Paulo e eu quase dei em maluca, depois que já tinham decolado, apavorada que não quisessem abandonar o avião, mesmo que orientadas.
A praia do Cassino era uma festa. O mar outra maior. E as fantasias de Pedrita que a vó Helena fazia com papel crepom amarelo, cheias de bolas marrons, outra ainda muito maior, junto com o primo Thiago. Os guris eram os Bambans. Tinham direito até a ossinho de perna de galinha de verdade no cabelo, que eu e a tia e madrinha Betina providenciávamos. Ô tempo bom!
Um belo dia todos cresceram. E eu me vi cheia de adolescentes em casa.
Foi quando ela desembestou que tinha um cabelo feio. Não era verdade. Nunca foi. Por isso mesmo, teve todos os cabelos que quis, de todas as cores e tamanhos e era bonita de qualquer jeito.
Por esta altura fomos morar em Florianópolis, onde a gurizada acabou tendo que crescer um pouco mais depressa do que o habitual.
A Carol passou a ser a minha conselheira, ajudante, secretária, amiga, confidente, prá além de continuar sendo a filha amorosa e prestativa que sempre fora.
Tivemos ali tempos felizes e momentos bastante difíceis, onde a superação teve forte base no amor e na união que sempre tivemos. Ali, muito mais do que mãe e filhos, um profundo laço se fez presente, em constantes trocas de papéis, quando isso foi preciso para seguir em frente.
A Carol, nestes tempos, muitas vezes foi muito mais minha mãe do que eu dela. Foi corajosa, solidária. E acho que com isso cresceu, se fez uma mulher forte, ainda mais consciente de suas vontades e sonhos. E partilhamos momentos muito importantes da nossa vida.
Todos nós. Uns cuidando amorosamente dos outros.
Depois vieram o colégio Riachuelo, os namoradinhos, as festas, preocupações com as saídas à noite, já em Santa Maria. Sorte eles terem as mesmas turmas e idades parecidas. Mesmo assim, lembro de ter acordado muitas madrugadas em vigílias de espera ou em via sacra de levar amigas em casa, depois da festa acabada.
Outras vezes os amigos iam lá em casa e eu gostava de ficar com eles a conversar e ouvir música, trocar idéias. Os amigos de meus filhos sempre foram meus amigos e isso foi muito bom. Aprendi muito com eles, ao mesmo tempo em que acompanhava a sua trajetória.
Também acabávamos por nos apegar aos namorados., cada um à sua vez. Quando acabavam o namoro era triste, dava vontade de chorar junto. Mas sempre ficávamos amigos. E logo vinha outro, a quem a gente se afeiçoava de novo e novamente via partir. Mas a vida é assim e tudo faz parte de um crescimento contínuo. Ganhamos bons amigos e até hoje gostamos de saber onde andam, o que fazem, como estão e, principalmente, se são felizes. Acabam por ser como filhos. Foi assim o João Guilherme, o Pastel, o Rafael, todos tão queridos e por quem tenho muito carinho e amizade.
Um dia parece que se acha a alma gêmea, né filha...E a gente sempre na expectativa de que seja.
Na profissão, como a gente desconfiava, a Carol escolheu fazer Educação Física. Terminou o curso, voltou a Floripa, dessa vez prá trabalhar e encarar a vida sozinha, mas acabou por descobrir que tudo o que queria era ficar mais perto da família e dos amigos. Estranhou, ficou triste e voltou prá Santiago. Com mais experiência na bagagem, claro. E cheia de vontade de começar tudo de novo. Encontrou o Lucas, foi paixão fulminante. E a gente torce prá que eles tenham amor suficiente prá construir uma vida juntos. É mais um filho e um grande amigo.
Voltou às origens, se juntou de novo à irmã Raquel, à vó Ilda, ao pai e à sua nova família. Está feliz da vida e agora tem mais um motivo prá comemorar. Passou a vida toda me dizendo que queria trabalhar num banco e que queria fazer o que eu fazia, que achava bonito e que gostava. Queria trabalhar na Caixa.
Então estudou, acreditou, passou no concurso e ficou esperando. Eu daqui, rezando todos os dias.
Deus nos ouviu e ela conseguiu. Mas com todos os méritos. Porque soube construir.
Hoje somos colegas, eu (de certa forma, uma vez Caixa, sempre Caixa), ela e o Rodrigo.
E é tão bom ver a felicidade dela na foto em Porto Alegre, quando foi assumir. Confesso que vendo essa alegria, consigo ficar tranqüila. Ela está onde sempre quis estar. E isso, na vida de qualquer pessoa, é tudo o que se pode querer.
Fora toda essa alegria, é titia babona da Luisinha e do Francisco, filhos do Rodrigo, os queridinhos da família. E de quebra, ganhou mais dois irmãozinhos, além da Stefânia, que já era o xodó, a Gabriela e o Marcelo.
Filha, espero do fundo do meu coração que estejas mesmo muito feliz. E que a festa do teu aniversário e da comemoração do novo emprego, esse que tanto querias, seja mesmo um marco de uma vida positiva, ponto de partida para outros tantos sonhos e realizações. Tu mereces, foi tudo muito batalhado.
Eu, daqui, mesmo que pareça longe, estou ao teu lado, segurando a tua mão quando for preciso, te aplaudindo pelas tuas conquistas, conversando sempre que quiseres e sendo extremamente feliz com a tua felicidade. Estamos juntas, sempre estaremos.
Que continues sendo essa filha maravilhosa com os teus pais, amorosa e solidária com todos os que te rodeiam. Essa amiga verdadeira e fiel que sempre foste, neta dedicada, irmã carinhosa e companheira dos teus irmãos. Tudo de bom que te acontece é o reconhecimento de tudo aquilo que representas prá todos nós.
És uma vencedora!
Minha filha querida, minha linda, minha boneca moreninha do narizinho arrebitado, toda a sorte do mundo, que os teus sonhos sejam todos alcançados, que tenhas saúde, alegria, paz e muito, muito AMOR no coração, sempre.
Te amamos muito.
Feliz aniversário!
Que os teus 27 anos sejam realmente um marco importante.
E que tenhas uma vida plena de Verdade.
Da tua Manhê (totalmente emocionada)