quarta-feira, julho 09, 2008

E então...

Foi decretada uma dieta rigorosa e prá valer.
Que não pretende ser como todas as outras, aquelas que começam às segundas-feiras.
Começou ontem. E era terça.
Digo que vai vingar.

Saladas, saladas e mais saladas. De tudo. Coisas até que nunca havia comido. Como folhas de ervilha, se é que me faço entender. Se calhar, como diz o Arsénio, não demora nada e terei fotos comendo gramíneas em algum jardim.
Credo!
Mas decidi e tá resolvido.
Claro, há peito de frango, filé de peixe, bife magro e um ovinho cozido de vez em quando.
Não, não é a la louco, não. Sigo uma dieta prescrita pelo médico.
O que vai dar, não sei.
Mas agora vai.

Por que?
Então vejamos:
Eu explico.
Noutro dia assisti a um programa na TV, onde mulheres francesas mostravam toda a sorte de discriminação que sofriam por conta dos quilos a mais.
Fiquei assustada.
Numa loja, uma vendedora teve a capacidade de arrancar a roupa das mãos da freguesa gordinha, dizendo que ela podia estragar, rebentar, rasgar e sei lá mais o que. E isso é mato por lá.
Outra se queixava que, ao entrar na loja, logo iam dizendo que não tinham nada que lhe servisse. E fazendo cara feia prá que ela saísse logo, prá não, digamos, enfeiar a loja.
Isso sem falar nas agências de emprego, onde as gurias com excesso de gostosura iam lá ter, com uma câmera oculta, e eram atendidas como ralé ou como se tivessem uma doença contagiosa. Logo a seguir uma magrinha gostosa ganhava a vaga num piscar de olhos.
Pura verdade.
Um assombro.
Me deu medo.
Pelo sim, pelo não, decidi nunca chegar a esse ponto.
É por isso.
Não que eu ande a comprar roupas a torto e a direito e nem porque ande atrás de trabalho.
É pela possibilidade do mico e por todo o resto. Risco de hipertensão, risco de contrair doenças cardiovasculares, problemas renais, problemas de coluna, essas tretas todas que, depois de uma certa idade, fazem mesmo diferença.
E afinal, prá ficar mais saudável.
Sem mais delongas, é melhor.
Desta forma, tudo dito, vamos a isso.
A ver no que dá.
Tô acreditando.
E, por conta da coisa toda, hoje resolvi aprender a fazer gaspacho.
Fui lá e fiz.
Não sei se ficou bom. O Arsénio achou que sim.
Como ele é entendido do assunto (a dona Graciete é mestra nesse prato), digo que ando a caminho.

Bem, como alguns devem saber e eu só desconfiava, o gaspacho é uma comida que tem jeito de sopa, mas servida fria, originária da gastronomia espanhola, muito deliciosa, diga-se de passagem.
Também em Portugal, especialmente nas regiões do Alentejo e do Algarve (onde o verão é um caldeirão de tão quente), come-se o gaspacho, embora seja feito de forma um pouco diferente da espanhola.
Como não sei guardar segredo, conto como se faz.
Olha, gente, pro verão, não tem nada mais saboroso e nutritivo.
Vamos a isso.
Detalhe: Se for prá servir ao almoço, é bom preparar pela manhã, prá pegar bem o tempero.

GASPACHO À ALENTEJANA
Porção prá 4 pessoas

Ingredientes:

200 g de pão dágua (alentejano ou algárvio, se estiver em Portugal)
3 tomates maduros, do tamanho médio
1 pimentão verde pequeno
1 pepino
4 dentes de alho
4 colheres de sopa de azeite (oliva, claro)
4 colheres de sopa de vinagre de vinho
orégano seco
1,5 litro de água gelada (ou 1 litro de água e 6 cubos de gelo)
1 colher de sopa de sal

Preparo:

Esmagar o alho junto com o sal, até ficar uma massa.
Escaldar um tomate e tirar a pele, retirando também as sementes e reduzindo depois a purê.
Misturar os ingredientes, formando uma papa e colocando no fundo de uma travessa redonda e alta, de vidro.
Regar com 2 colheres de azeite, 2 colheres de vinagre e polvilhar com orégano seco, que deve ser esfarelado entre as mãos.
Cortar os outros dois tomates (sem peles e sem sementes) e o pepino em cubinhos bem pequeninos. O pimentão corta-se em tirinhas fininhas. Dá prá usar vermelho, verde ou amarelo, ou os três, desde que não ultrapasse a quantidade da receita.
Colocar tudo na travessa, juntando aos outros ingredientes e regar com as outras duas colheres de azeite e de vinagre, além de adicionar a água gelada e, se preferir ainda mais gelado, os cubos de gelo. Deixar na geladeira até a hora de servir (o bom é ficar umas duas horas, no mínimo, prá apurar o gosto).
O pão deve ser cortado em cubinhos pequenos e quase à hora de servir, juntar à mistura.
O gaspacho é servido com azeitonas e como acompanhamento de sardinhas assadas na brasa. Eu gosto de comer puro. Se não quiser comer com o pão d´água, usar pão integral, é mais saudável. Já experimentei, fica bem bom.
Detalhe 2: Na Espanha passa-se tudo no liquidificador ou processador e serve-se frio, como um purê de cor rosada, em pratos fundos ou até em taças largas, como nas fotos. Também se pode colocar alguns camarões levemente cozidos prá enfeitar. Mas daí já peca pelo colesterol (hihihi). Melhor mesmo é uma folhinha de salsa e a consciência tranqüila.

Experimentem.
Duvido que não gostem.
Bom Apetite.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só um detalhe; a dieta lá em casa é no singular
Uma pergunta... alguem da Badela vai imigrar para França?