terça-feira, agosto 26, 2008

Sobre um filme que nunca esqueci...

Acho que talvez não haja mesmo nenhum filme que tenha me marcado mais do que "The little girl who lives down the lane", do diretor Nicolas Gessner, baseado na novela escrita por Laird Koenig, protagonizado por Jodie Foster, no papel de Rynn Jacobs e Scott Jacoby, como Mário, por volta de 1978 ou coisa assim. Eu tinha uns vinte anos.
Não, não houve.
Acho que a Jodie Foster fez esse filme antes ainda de Táxi Drive.
Nunca consegui esquecer das cenas de carinho e cumplicidade entre os dois adolescentes e de tudo o que fizeram juntos.
Depois do filme, foi a vez do livro, este em versão espanhola, cujo nome era "La niña de las Tinieblas", que devo ter até hoje naquelas minhas caixas de livros que deixei em Santa Maria. Capa preta e vermelha, editora Pomaire, 1976.
Fascinada. É o termo.
Fiquei assim por muito tempo.
Li e reli o livro.
E até hoje procuro o filme, prá comprar, guardar e ver toda a vez que me apetecer.
Nunca mais achei nada desse autor e, como li noutro dia em um site na internet, é como se ele tivesse sido tragado pela terra.
Uma pena. Gostaria de conhecer outros trabalhos dele.
Mas, se calhar, pode ter sido o livro da sua vida e depois nunca mais escreveu nada.
Muitos anos depois ainda encontrei uma versão editada pelo Círculo do Livro, traduzida para o português.
Mas não tinha nada a ver com a versão em espanhol em termos de beleza.
Levava o mesmo nome do filme que vi em Porto Alegre, numa daquelas tardes de domingo intermináveis em que eu me metia dentro de um casacão preto comprido, umas botinas, luvas de couro e um chapéu de feltro e ia de cinema em cinema, assistindo a uma data de filmes. Foi uma época em que assisti a muitos filmes europeus. Amava.
Como achava uma grande graça em andar assim, naquela via sacra, solitária e pensativa, nos frios domingos do inverno portoalegrense.
Tão bom de lembrar...
Naquele tempo eu já sonhava com países distantes, do outro lado do oceano.
Sede de conhecer, de ver como era, de estar lá e ver as coisas que a gente só via no cinema.
Agora o lá é aqui.
E o Brasil é lá e a saudade dói.
Mesmo assim, vale a pena.
O mundo é imenso e a gente tem que andar.
O coração às vezes tão apertadinho, a memória da pele, dos cheiros da comida caseira, o sorriso dos filhos, as risadas, os abraços e o convívio com a família, não têm preço.
Mas esse é um outro filme.
Em novembro vou em casa.
É um consolo.
A gente, nesta vida, quer mesmo é estar onde não está, dizia António Variações em uma de suas canções.
Também o digo eu. E o Arsénio canta, de vez em quando.

Um comentário:

Renata disse...

É a mais pura verdade Helô.
Sábias palavras.
Beijo Grande!