quinta-feira, agosto 21, 2008

Cãezinhos de Peluche

Dez da manhã na Lagoa de Melides.
Família de camones chegando à praia.
E camones podem ser ingleses, franceses, finlandeses, holandeses, o que forem. Estrangeiros e normalmente loiros.
Vem a mãe, o pai, outra mãe e a meninada. Uns pela mão, um no colo e outro mais atrás, puxando o seu cãozinho pela cordinha.
Lembro de ter visto de relance uma placa à entrada da areia, a dizer que ali não são permitidos cães.
Mas isso não importa.
A cena é linda e me colhe.
Aquelas crianças loiras, em sua displicência doce, entregues aos seu mundo cheio de fadas, bichinhos e pirilampos coloridos e brilhantes.
Puxa docemente o seu cãozinho de peluche (agora vejo) pela areia, em direção ao mar.
E o cão late e tudo.
Ou é a criança que lhe empresta a voz?
Vai até a água, molha um pouquinho o pé. Não dá, a água é muito fria pro cão.
Volta à areia. O cãozinho late (ou não é o cão?)
E sobe a duna muito branquinha, com as outras crianças do bando.
Cada um leva o seu cão. A menina maior usa trancinhas, o menino do meio tem uns calções vermelhos.

O menorzinho arrasta pela areia uma toalha comprida azul com bolas brancas e segue os outros como se fosse o guardião do ritual ou como se ainda não tivesse idade prá ter o seu próprio cão.
Sobem até o topo e então é hora dos cães voarem na ponta das cordinhas.
Parece-me que agora os latidos são mais intensos.
Ainda não consegui decifrá-los.
Mas estou longe.
Olho as crianças e suas cabeleiras loiras ao vento, rindo-se muito em movimentos circulares dos braços e das mãos que seguram as cordinhas dos cães.
Não são permitidos cães de carne e ossos.
A criatividade dos miúdos...
Algumas visões grudam-se à memória.

Não vou esquecer desta, por muito que viva.

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