segunda-feira, agosto 11, 2008

Happy birthday, my dear son! Felicidades, Gabriel!




http://br.youtube.com/watch?v=glNjsOHiBYs
Não poderia ser diferente, tinha que ser ao som de Happy Birthday cantado pelos Beatles.
Claro! Não sei se há alguma coisa cantada pelo Pink Floyd, se houvesse, também poderia ser.
Quando este menininho veio ao mundo, nem eu nem ninguém sonhava que iria gostar tanto de música, de desenho e das coisas da arte.
Veio moreninho e muito cabeludo. Com o tempo ficou mais loiro. E demorou um pouco prá abrir os olhos, mas quando o fez, viu-se logo que era uma criança doce e tinha algo muito especial.
Mal acabou de nascer, eu quis saber se era menino, menina, que cara tinha, se era moreno, loiro, com quem se parecia. Sentei prá ver, esquecendo que ainda nem haviam terminado os procedimentos do parto e que ainda me davam pontos. Quis ver, contar os dedinhos, como também fiz com o Rodrigo, prá ver se as mãozinhas eram perfeitas. Preocupação estranha essa das mães. Mas a minha avó fazia, a minha mãe também e eu não ia ser diferente.
Era uma criança calma, de olhos muito expressivos.
E era mais um menino, prá fazer companhia ao irmão, que de tanta curiosidade e emoção com aquele bebê que chegava, começou a caminhar e a falar, justamente naquele dia, ainda no quarto do Hospital da Beneficência Portuguesa, em Pelotas.
Meigo, carinhoso e dengoso, sensível, curioso, inventivo, desde pequeno mostrava uma grande inclinação para o desenho. Na escola fazia os seus próprios gibis e nos lugares por onde andávamos, bares e restaurantes, em festas com amigos, desenhava em guardanapos caricaturas de alguém que lhe chamasse a atenção.
Acho que o primeiro desenho que fez foi do primo Katê e, se não estou enganada, a Vânia ainda guarda até hoje.
A tia Betina lembra dele em volta de um sapinho, lá na Quitéria, tinha uma coisa com bichinhos. Na hora de ir embora, despedindo-se dele. Como a Raquel, tinha um mundo particular, povoado de bichinhos e personagens.
Com o amigo Lucas formaram dupla na escola, desde o pré. E foram longe, nessa parceria que virou grande amizade e que perdura até hoje. Eram amigos fieis e inseparáveis.
Há uma cena que me vem sempre à memória. Os três, ele, o Rodrigo e o Lucas, de fraldas, dentro de uma piscininha de plástico, lá nos fundos da casa da vó Ilda, em Santiago.
Aquilo era mesmo um mundo.
E eu passava horas a filmar, fotografar e observar essas cenas.
Depois foram crescendo e ficando ainda mais bonitos (mãe sempre acha, claro). Mas eram mesmo. Crianças lindas.
Boas notas na escola, também. É verdade. Tive muita sorte com a gurizada, sempre foram bons alunos no Apolinário e nas outras escolas e crianças comportadas em casa. E o Gabriel não fugiu à regra.
Era menos agitado do que o Rodrigo, mais quieto, mais contemplativo e mais sonhador, acho eu.
O Rodrigo, sem entender muito bem o que se passava ali, queria agito, e acabava por tirá-lo do sério, algumas vezes. Uma delas era quando ouviam música. Ele cantava todas aquelas do disco do Balão Mágico que trazia um carrocel que girava junto com o disco. O Rodrigo não só cantava, mas também dançava, fazia piruetas,marchava e cutucava. O Gabriel ali, compenetrado, acabava ficando bravo.
Mas foram sempre muito amigos e ainda hoje. O tio Bebé, como é carinhosamente chamado, é padrinho derretido da minha netinha Luísa, filha do Rodrigão.
Era disciplinado, tranqüilo, educado e com muito jeito para trabalhos de paciência. E cuidava das irmãs, cheio de um carinho verdadeiro.
Jeitos de cada um.
A Raquel era protegida dele. Por algum tempo resolveu chamá-la de Mimo. E a gente pegou.
Os quatro, porque tinham pouca diferença de idade, sempre estiveram nas mesmas brincadeiras, jogos e tinham quase os mesmos amigos.
Os mais chegados eram os filhos da Tia Rita e do Tio Pena, o Lucas, a Vanessa e o André.
E os meus compadres, porque eram padrinhos da Raquel, eram como se também fossem pais deles. Quando vimos, já estavam no segundo grau, depois fomos prá Floripa e voltamos prá Santa Maria, onde foram estudar no Riachuelo. Foi o tempo das namoradas, das festas, das preocupações com a volta das festas. Não foi uma nem duas vezes que acordei de madrugada prá buscar a gurizada ao final das festas. E o Gabriel, junto com a Carol, costumavam ser os varredores de salão, como se diz. A festa nunca chegava ao fim.


O curso de Desenho Industrial descobriu através do Giuliano Cogo, numa Feira das Profissões da UFSM e se apaixonou. Chegou em casa dizendo que era aquilo que queria prá vida dele. Por pouco não tínhamos mais um engenheiro na família, o que teria sido uma lástima, levando em conta que não era prá aí virado e tinha o dom de saber desenhar. Demos graças a Deus, porque hoje sabemos que é totalmente realizado com a profissão que escolheu. Faz o que gosta. Ama o que faz.

Nesta altura, já o amigo de fé era o Akira. Trabalhavam juntos no CPD da UFSM, vestiam roupas dos anos 70, compradas nos brechós de Santa Maria e foi quando criaram o site Electriconland na internet. E ainda havia o Marcos e outros amigos igualmente estilosos e divertidos.

Um dia resolveu que ia morar sozinho e quase me mata do coração. Engoli em seco, depois de espernear um pouco. A bem da verdade, foi com o Gabriel que aprendi os limites que a gente tem que ter com os filhos. Nessas horas o Rodrigo sempre entrava em cena prá me botar as idéias em ordem e me fazer ver com olhos de mãe moderna.

E ele foi, feliz da vida, prá sua nova casinha, onde apetrechou-se de tintas e pincéis e ele mesmo pintou as paredes de cores vivas e modernas, fazendo dali um lar, cheio de estilo. Tá certo que as sacolas de cuecas e meias incontáveis continuavam a vir prá Visconde de Pelotas e voltavam cuidadosamente dobradas, depois de muito bem lavadas e enxagüadas com amaciante cheiroso. Mas nem se conta, qual é a mãe que não faz isso?
Chegou o dia em que comprou a máquina de lavar e os nossos varais tiveram mais espaço. Até sentimos falta das quatrocentas e cinqüenta meias e das duzentas e oitenta cuecas... sem exagero. E ele sempre a rir, divertindo-se com aquilo.
O Gabriel, hoje penso, foi meio precoce em tudo. E sempre teve sonhos mais altos. Isso não o fez melhor ou pior do que os outros, só diferente. E eu tive que aprender a respeitá-lo em suas vontades e sonhos, como aos outros. Às vezes era um pouco custoso. Todos eles são pessoas de personalidade marcante, forte. Pessoas de decisão e atitude.
Valeu à pena.

Assim crescemos todos. Eu, ele, o Rodrigo, a Carol e a Raquel. Mesmo sem estar em casa, era presente e fazia parte de todas as conversas e emoções familiares.
Ponderado, dono de um senso de justiça muito forte, amadureceu em seu tempo e se assumiu como gente grande, cheio de responsabilidades.
Depois virou o profe Gabriel na Unifra, junto com o novo amigo Luli, com quem tinha trabalhado antes, na Línea. Todo competente. E eu a encher os olhos d´água e a engasgar-me toda a cada elogio dos alunos que encontrava no caminho.
Encho até hoje. Confesso. Tenho o maior orgulho dos meus filhos.
Mas nunca deixou de ser dengoso e buscar carinho dentro da família. Só foi atrás do seu próprio espaço, como cada um deles, à sua vez.

Lá no Sanduba, onde íamos ouvir um blues às sextas -feiras, conheceu a Renata, que mesmo sem pedir nada, acabou por mudar-lhe as idéias de se aventurar pela Inglaterra.
Então daí, em setembro do ano passado, casou muito apaixonado, com a Renatinha, e ganhamos mais uma filha, além da Daiane.
Foram noivos lindos e tiveram uma festa de sonhos, toda planejada por eles e com cada detalhe que haviam pensado. Correria boa, mas que foi um sucesso. Foram raros os noivos que vi serem os últimos a abandonar a festa de casamento, por volta das seis e tal da manhã, e serem levados pelos pais até o hotel. Eles foram. E divertiram-se à brava com isso.
E mais uma vez, agora a dois, ele pôs as pernas e o coração no mundo, levando a termo o sonho de uma experiência fora do país. Em busca de mais conhecimentos, de novos ares, de novos mundos, de novas gentes. Gurizada de coragem.
Escolheram a Irlanda e quando vi eram meus quase vizinhos europeus. Até já me visitaram. Logo devemos nós ir até lá.
Quem diria...
Altos sonhos, filhos. Bela caminhada.
Preparam-se agora prá encarar um mestrado.

Sim, sou emotiva, praticamente uma manteiga derretida. E foi assim sexta, quando escrevi pro Rodrigo. E está sendo agora, quando lembro de todas essas coisas bonitas que fizeram a nossa vida tão especial. Também tivemos momentos complicados, mas estivemos sempre unidos e ficou mais fácil superar. Ainda estamos de mãos dadas, todos nós. De alma e coração. E isso sempre nos fará mais fortes do que somos quando estamos sós.

Filho, o meu desejo é muito mais do que um simples desejo de feliz aniversário. É a vontade forte e verdadeira de que a vida de vocês seja a projeção dos sonhos mais bonitos, porque fazem por merecer, quando buscam com vontade e amor. Vão conseguir, não tenho dúvida alguma.
Que sigam sempre em frente, por caminhos iluminados, ao som de uma trilha perfeita e tão emocionante como esta música do Pink Floyd, "The great gig in the sky", que é quase um hino. Não pela letra, que não tem, mas pelo sentimento que encerra.

28 anos, que bela idade!
Que sejas muito feliz, meu filho!
Que sejam muito felizes!
Sempre!
E agora sim, Feliz Aniversário! Muita saúde, muita paz, muita alegria, muito amor e energia da melhor que há.
Um beijo enorme e muito cheio de carinho e saudade.

http://video.google.com/videoplay?docid=-7776141103519828122&q=gig&vt=lf

4 comentários:

Anônimo disse...

Heloísa, parabéns a você pelos seus filhos e, em particular, pelo Gabriel que eu conheço.
Aniversário de filho sempre me encheu de emoção. Vejo que não sou a única!!!
Bj

Raquel Gorski disse...

E eu que ainda não consegui falar com aquele guri....nãnãnã

Carol Görski disse...

Pois é... quantas lembranças... que certamente ficarão para sempre na memória!
Momentos de bons e até os ruins que passamos juntos... nunca deixando de estar unidos... um defendendo o outro!
Aqui também vai os meus parabéns... e depois disso tudo que a mãe escreveu... só posso assinar em baixo!
Seja, ou melhor, sejam felizes!
Beijos

Renata disse...

Helo, sabes que sou assim meio "manteiga derretida" ehehehe. Já tinha ficado muito emocionada ao ler as homenagens que fizeste para a Luisa e para o Rodrigo. Mas essa foi demais!
O texto me emociona, não só porque a escritora é boa, mas porque a história é linda e verdadeira.
Só tenho a te agradecer por ter estado sempre ao lado dele, agora ao nosso lado, e reafirmar que sempre farei o 'impossível' para fazer o teu gurizinho feliz.
Bjo grande e saudades.