sexta-feira, outubro 03, 2008

Candelário - Província de Salamanca - Um caso a parte

Sinceramente eu não esperava por algo tão lindo, quando o moço do camping Las Cañadas, em Hervás, nos sugeriu que fôssemos visitar esta povoação.
Hoje cedo saímos em direção a Baños de Montemayor e Béjar, a norte de Hervás, na carretera que segue para Salamanca, mas o destino era Candelário.
Na chegada fomos direto ao Turismo para pegarmos um mapinha e nos orientarmos. Fazia muito frio, tinha saído de Hervás de calça curta e camiseta de manga curta, tive que trocar de roupa e me entrouxar.
As fotos vão dizer o que encontramos por lá, mas deixa eu falar do señor Andre González, proprietário da bodega La Regadera. Uma graça o velhinho. Deu-nos conversa e contou-nos coisas da região e do lugar. Nasceu ali mesmo e sempre viveu em Candelário.
Essas situações é que me encantam nas viagens. Falar com as pessoas, perguntar, descobrir curiosidades, saber dos costumes. Isso é que é viajar, prá mim. Não como turista. É ficar um pouco em cada lugar, até quando dá vontade, e ir embora só depois de ter visto o que realmente me interessa ver. O Arsénio é igual, ainda bem, combinamos muito nisso. Se ele já estivesse reformado, como eu, a nossa vida seria uma viagem constante. Mas aqui em Portugal, só aos 65 anos para os homens e, sendo assim, ainda faltam mais de 15 anos. E na Espanha também, segundo o nosso bom señor Andre.
Mas, por enquanto vamos passeando no tempo que dá, à nossa maneira.
Tomei um descafeinado com leite, que ele fez questão de servir em um bule branquinho. E me fez provar um bolinho característico do lugar. Depois ainda quis que eu provasse o vinho tinto feito ali e a gente não pode fazer desfeita, né...Bela misturada!
Provamos e gostamos.
Uma delícia.
A bodega tem aquele ar antigo e aconchegante, balcões de madeira e muitas fotografias e cartazes de touradas e toureiros pelas paredes. Pergunto se ele tem alguém da família que seja toureiro ou coisa assim, ou se é por gostar muito. Ele me diz que não, que não tem ninguém que seja toureiro, é porque gosta mesmo
.
Querido o velhinho.
Castiço, como diz o Arsénio.
Deu-nos um cartãozinho, prá que voltássemos um dia e também para que mandássemos os amigos de Portugal.


Entramos num mercadinho, depois de visitar a povoação. Compramos algumas coisas que faltavam, como azeitonas e pão para o almoço (português não almoça sem pão, nem janta) e uns bolos, para o lanche da tarde.
O Arsénio ainda parou em uma casa de embutidos e queijos e fez o seu ranchinho especial pró colesterol. Feliz da vida.


Candelário é uma povoação que fica mesmo ao sopé da Serra do Candelário, na Provícia de Salamanca, em Castela y León.
Tem uma população de pouco mais de mil habitantes. As pessoas são simpáticas e cumprimentam a todos por quem passam, com se fossem velhos conhecidos.
As casas têm estilo medieval e foram construídas de forma a estarem preparadas para os períodos de inverno rigoroso, quando neva. Nas portas de entrada são característicos os "batipuertas", feitos em madeira escura, que tanto serviam para proteger a entrada das casas da neve e da água, como para a prática da matança, já que a atividade econômica principal era a indústria familiar de embutidos. Ainda servem para proteger a entrada das residências, que mantêm suas portas abertas, durante o dia.
No povoado, muitas tradições são mantidas e repassadas de gerações a gerações. Entre elas, destaca-se a do casamento típico, realizado no mes de agosto, onde os noivos, em geral, mais de um casal, trajam-se com roupas tradicionais e seguem ritual rigoroso, desde passear pelas ruas de Candelario para que a sociedade os conheça até as bênçãos na igreja e danças em praça pública. Outro costume preservado na cidade diz respeito ao informe, através de cartazes colocados em bancas de revistas, ao lado dos jornais, dos cidadãos que morreram. Com isto, todos são “convidados” a se despedirem do falecido e a prestarem solidariedade à família.



Antes de irmos embora, ainda fiz pose em frente à Igreja do Santíssimo Cristo do Refúgio e demos mais umas voltas, prá entáo seguirmos viagem.

















Dali seguimos para Cáceres. A idéia era pernoitarmos ali, para saírmos amanhã de manhã prá Portugal.
Almoçamos no caminho, bifes com salada, num espaço de descanso, à beira da estrada.

Chegamos a Cáceres eram quatro da tarde e resolvemos seguir até Portugal, com destino ao Camping de Asseiceira, em Santo António das Areias, entre Marvão e Portalegre.
Foi meio complicado chegarmos até o camping, erramos algumas vezes o caminho, mesmo com o GPS (este é um capítulos mais a parte ainda...). Mas acabamos por chegar, depois de perguntarmos a algumas pessoas no caminho.
Outra situação é que o acesso para a autocaravana em algumas estradas é bem difícil. Árvores, sacadas, varandas suspensas, ruas estreitas...
Já no camping, enquanto estacionávamos e colocávamos os calços para colocar a autocaravana no nível, chegou um inglês e rapidamente ligou-se à eletricidade a nós destinada. Ficamos sem entrada. Nós e um outro casal de portugueses que já haviam chegado ainda antes de nós. O remédio foi utilizarmos uma extensão tripla que carregamos para as emergências. Assim ficou solucionado o problema. Tive que me despachar com um outro inglês que estava estacionado ao nosso lado, para poder ligar a extensão no lugar onde estava o fio da autocaravana dele e colocar os três na extensão.
Nada que não se resolva. Com alguns gestos e um inglês muito sofrível, acabamos por nos entender.
Esquisitinhos esses ingleses. Tanta fleuma...
Espertinhos até mais não. Viram que estávamos ali, mas se fizeram que não.
O Arsénio liga e fica meio indignado. eu prefiro não estragar o meu dia, nem esquento. Mas até era prá esquentar...
Feito isso, ligamos tudo e fomos dar uma volta pela povoação de Santo António.
Um lugarzinho bem simpático e limpinho. A população anda por volta dos 1.200 habitantes. As casinhas são todas brancas, com faixas amarelas nos portais e à volta das janelas e tem muitas flores. A estrada que leva ao povoado é uma espécie de caminho rural, com ovelhas e vacas no caminho. Vê-se que vivem também da agricultura.

Passamos pela Praça de Touros que, segundo me informei, é de terceira categoria e realiza anualmente uma corrida de touros a portuguesa.
Chegamos ao povoado quando terminava a missa.
E pelo jeito é o acontecimento da sexta à tarde.
Depois tentamos entrar em um café, mas estava repleto, assim que desistimos.
Concluí que os senhores, depois de terem ido à missa e confessado os pecadinhos básicos, iam tomar uns copos prá esquecê-los de vez. Um copito sempre ajuda, não é verdade?
Interessante o fato de ver tantos senhores saindo da igreja. Em outras regiões do Alentejo as mulheres é que são dadas à religiosidade presencial. Os homens preferem o culto ao copo, reunindo-se em clubes para beberem uns copos e cantar. Outros para beberem uns copos e ouvir os outros a cantar.
Enfim, cada um com os seus costumes.
Adoro saber de tudo.

Voltamos para o camping pela mesma estradinha, que agora era só a descer.
Depois do lanche, refizemos o itinerário de amanhã e vim prá cá contar as peripécies. Vamos sair cedo para Portalegre. Se der, ainda vemos alguma coisa por ali, se não, tocamos direto.



O Arsénio foi deitar, com o friozinho que faz, não tá nada mal ver tv na cama.
E eu, não demora, sigo o mesmo rumo. Brrrrrrrrrr



Bem, é triste dizer, mas a viagem está no seu finalzinho. Amanhã retornamos a Lisboa e ao trabalho, na segunda-feira.
Valeu esta semaninha.
Deu prá recarregar as baterias e nos divertirmos bastante.
Durante a semana vou tentar colocar mais algumas fotos.
Um abraço grande prá todos.
E uma bela noite.

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