quinta-feira, maio 12, 2011

Fim de tarde...

Acontecimento raro e carregado de melancolia. Estar assim a olhar a tarde a derrubar-se na imensidão do mundo, desde a sacada do segundo andar.
A rede macia em balanço preguiçoso, o sol a ensaiar a despedida de cada dia - músico a passar o som para a apoteose diária, que é sempre diferente e especial. O rio logo ali, em movimento oculto e o tempo de se ver só a traseira de um barco que vem de não sei onde, tampouco para onde vai, sumindo por detrás da sombra dos prédios. A ponte quieta, a contabilizar os carros que a atravessam, a camioneta a gemer na rua lá embaixo, abarrotada de trabalhadores cansados e famintos. A voz que canta The long way home é da Norah Jones e faz lembrar lugares distantes. Um quê de saudade que vai doendo sempre. De tudo o que não está e do que poderá ser só saudade um dia. Saudade do futuro.
Daqui a pouco virá a noite, quando quase tudo silencia.
E então serão outras as histórias.

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