segunda-feira, abril 27, 2009

Dom

Noutro dia li que o Gabriel García Márquez, quando fica algum tempo sem escrever, sente-se angustiado.
Dois dias depois, assistindo na TV a uma entrevista do escritor português António Lobo Antunes, ouvi-o dizer mais ou menos a mesma coisa.
A arte, para o artista, é como uma necessidade fisiológica, para além de ser psicológica, de realização. Exercício de um dom.
Como correr, nadar, saltar, jogar, para o atleta.
Como a música para o músico.
Faz falta.
A ponto de dizerem que não conseguem viver sem.
E aí o Dionathan, meu genro, dizia um dia desses, sorrindo com aquele sorrisão dele, pela câmera do PC, no MSN:
- Não consigo parar de tocar, é como uma necessidade prá mim. O que vou fazer? É o meu dom - como a justificar-se, de uma forma muito educada, por estar sempre dedilhando um violão e tirando sons de tudo.
Precisa não, guri. Entendo perfeitamente.
E sou a maior fã.
Força!
.......................................................................

Um comentário:

Raquel Gorski disse...

Eu é que sei os efeitos tóxicos da abstinência da música. Um dia sem nem ao menos cantarolar uns versos é como não ter passado o dia. Um vazio. Escuridão. Quem, como ele, nasceu com a música correndo nas veias, não pode prescindir deste bem tão do bem.