quarta-feira, abril 15, 2009

E a Páscoa...

Passamos recte-bem, como diz a minha tia Ude, lá do Uruguai.
Na quinta saímos de Lisboa na autocaravana (nome mais comprido, qualquer dia ainda inventamos um apelido/alcunha prá ela), por volta das seis da tarde. Encontramos o Zeca e a Paula já perto de Vendas Novas, onde paramos prá comer umas bifanas, regadas a cafés e imperiais (só quem não tava conduzindo, claro).
Mais tarde, passando por ali ao acaso, juntaram-se a nós o Seco e a esposa, no Café Boavista, lugar onde, segundo o Arsénio, come-se a melhor bifana das redondezas.
Despedimo-nos da dupla, que seguia para a Espanha, e zarpamos com destino à Aldeia da Estrela, à beira do Grande Lago formado pelo rio Guadiana, no Alentejo, onde foi constuída a Barragem do Alqueva.
Com uma superfície de 250 km2, 83 km de comprimento e uma margem de 1,2 km, a "Barragem de Alqueva" é o maior lago artificial da Comunidade Européia.
A aldeia da Estrela é uma das dezesseis aldeias ribeirinhas que compõe as Terras do Grande Lago de Alqueva.

Lá nos esperavam o Américo, a Arminda e a filha Vanessa, vindos de Setúbal. Ainda não nos conhecíamos e foi uma grata surpresa.
Umas das coisas boas do autocaravanismo é que sempre estamos fazendo novas amizades e encontrando pessoas muito legais.
À beira do lago, debaixo de um chaparro* frondoso que há ali, estacionamos as carrinhas e preparamo-nos prá dormir, depois de uma rápida conversa, porque o vento e o frio não permitiram muito mais.
Na manhã de sexta, acordamos cedinho, com o barulho dos chocalhos das ovelhas que pastavam calmamente ao pé das autocaravanas. Cena linda de ver.
Preparei um café e fiquei à janela, me deliciando com a paisagem, enquanto o Arsénio, ainda deitado, fotografava através da janela ao lado da cama, encantado com o cenário.
Deviam ser umas sete e meia da manhã.
Tínhamos combinado ir para fora pelas dez da manhã, para preparar o barco e colocá-lo na água. Mas o frio desencorajou qualquer gesto.
O Arsénio, depois de beber o seu iogurte do costume, tomou a direção da Aldeia, à procura de um café. Uma hora depois voltou com dois pães alentejanos, quentinhos e crocantes debaixo do braço. Eram para os amigos das outras autocaravanas, mas só a Paula e o Zeca quiseram, o Américo e a Arminda, por lhes terem dito que a padaria da aldeia não funcionava no feriado, tinham feito estoque. Acabamos por comer o pão ao almoço. Estava uma delícia.

Mais tarde fomos todos dar uma volta pela aldeia. Muito vento e frio, não teve jeito de pensarmos sequer em barco e água. Ficamos a conversar um pouco no café e depois voltamos ao nosso paradouro para começarmos a pensar no almoço.
A comida foi feita de forma comunitária e, mesmo ventando muito, ensaiamos uma mesa geral do lado de fora. Encostamos as carrinhas de forma a atacar o vento e amenizou um pouco. Os homens fizeram os assados e as mulheres as saladas.
Delícia.
Jejum?
Hmmm...nem por isso. Quanta heresia, gente! Em plena sexta-feira santa!


Depois foi o café de novo, na aldeia. Caminhada, conversas, uma taperware de caracóis encomendados no café, prá levarmos pro petisco, e voltamos às autocaravanas.
A reunião gastronômica a seguir teve lugar na nossa carrinha.
Estávamos em sete. Três comiam caracóis: Arsénio, Paula e Américo.
Os outros, nem por isso.
O Zeca resolveu fazer uma morcela na frigideira e comeu-a com pão. Eu não comi nem um nem outro. Optei por um chá com torradas. A Arminda ainda tinha o almoço a fazer a digestão, passou batida. E a Vanessa comeu qualquer coisa mais tarde, lá na carrinha deles.
Nesse meio tempo fomos brindados com um espetacular por-do-sol, que rendeu fotos e fotos. O sol a pôr-se no lago, com aqueles reflexos espantosos, era mesmo um quadro e tanto.
Deu-nos alguma esperança de fazer um belo dia no sábado e, quem sabe, o Zeca conseguir pôr o seu barco no rio.
Depois foram conversas e mais conversas, até que a canseira bateu e cada um tomou o rumo de casa e do berço. O frio não dava mais nenhuma hipótese mesmo.
O Arsénio ainda ensaiou um passeio solitário e noturno, a lua estava uma imensa bola prateada no céu. Ele tentou fotografar, sem muito êxito. Andou por ali por um tempo e voltou prá dentro, já não se ouvia mais nada, a não ser os barulhos da noite. Ligamos a tv e fomos ver qualquer coisa, até adormecermos.

No sábado acordamos no horário de costume (eu, às seis e meia em ponto, prá variar).
Tínhamos combinado ir pro almoço com os pais do Arsénio na Amareleja, a mais ou menos quarenta minutos dali.
O pessoal acorda mais tarde, acabamos saindo e deixando um bilhete no para-brisas da carrinha do Américo.
Antes ainda passamos na padaria da aldeia e compramos pão e folhados de gila.
O dia estava bonito. Saímos achando que o Zeca iria finalmente conseguir ir prá água com o seu barco, mas não podíamos ficar na companhia deles, os velhos nos esperavam pro almoço.

Já na Amareleja, tivemos momentos muito gostosos e divertidos junto da família. Tios, primas e amigos, os dias de festa proporcionam horas agradáveis e de muita conversa com pessoas que demoram algum tempo a se ver. É sempre bom.
Foi um belo momento de Páscoa.
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Só estamos um pouco tristes pelo Américo, que acabou partindo a perna, com fratura exposta e tudo, numa brincadeira com o Gastão, o cão do Zeca e da Paula, lá na aldeia, no domingo. Ficamos sabendo ontem, por outro amigo caravanista, através do seu blog. Uma queda boba, uma virada de corpo, um mau jeito, nem ele sabe, e lá ficou o nosso amigo no chão, até chegar o pessoal de ambulância prá socorrê-lo.
Estamos todos torcendo prá que ele se recupere logo e possamos nos reunir novamente, num destes finais de semana ou feriado qualquer, ou em alguma viagem em parceria, por estas estradas afora, ele e a sua simpática família, a esposa Arminda e a filha Vanessa.
Passamos momentos muito divertidos e agradáveis com eles.

A Arminda provando o meu bolinho de fubá...com vinho!


Paixão este cãozinho, né Arsénio...ele não morde, sossega.



* Chaparro - um tipo de árvore comum na região do Alentejo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Autocaravana = AC