quinta-feira, janeiro 13, 2011

Tsc...Tsc...

Se andei sumida?
Pois foi.
Desde a véspera das festas todas.
Trabalho?
Um pouco foi.
Mas não só.
Quando não escrevo, observo.
E às vezes não dá vontade de relatar nada, nem de opinar.
Há coisas boas, outras nem tanto e uma, pelo menos, horrível.
Começo pela horrível, que assim já me despacho.

Há dezoito anos que a ABRAÇO promove a GALA DOS TRAVESTIS em Lisboa, todos os dias 1 de Dezembro, ano após ano. Nestes dezoito anos a pessoa mais importante da Gala, o mentor, o grande realizador, a figura foi Carlos Castro, um senhor de atuais sessenta e cinco anos, jornalista, cronista social, escritor e promotor de eventos sociais importantes em Portugal. Também homossexual assumido, lutador pelas causas e desmistificador de preconceitos. Um homem solidário. Desde que entrei na Abraço faço parte da equipe que organiza o evento, por isso conheci o Carlos Castro em 2007.
Pois na última Gala, para a platéia que lotava o Teatro São Luíz naquela noite fria de 1 de Dezembro, havia de encerrar o espetáculo com palavras como estas:
- Estou feliz, estou apaixonado e estou indo a Nova Iorque para a passagem de ano, com a pessoa que é a minha alma gêmea. Pela primeira vez estou com uma pessoa que não precisa de mim para nada. É um rapaz de 21 anos, estudante universitário em Coimbra.

Por favor, sejam felizes como EU SOU!

Na manhã de sábado, dia 8 de janeiro, ainda muito cedo, acordei com a notícia na TV:

Carlos Castro encontrado morto e castrado em um quarto do Hotel Intercontinental em Nova Iorque na noite de ontem, sexta-feira, 7 de janeiro. O principal suspeito é o modelo Renato Seabra, que acompanhava o jornalista nesta viagem.

Hoje, dia 13, já sabemos que o rapaz é o assassino confesso e aguarda julgamento na ala psiquiátrica de um hospital naquela cidade.
O desenrolar dos fatos e todas as notícias estão em todos os jornais, revistas e canais de televisão portugueses e pelo mundo inteiro.

E nós por aqui, pasmos, sem conseguir entender o que vai na cabeça dos seres humanos.

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