domingo, julho 12, 2009

E Lisboa...


Já é também um amor.
Talvez não conte tantas histórias minhas, mas já faz parte da minha vida e começa a fincar raízes.
Prova disso:

Um texto de Vasco Martins, extraído da Revista CAIS, agora do mês de junho.
Cenas que me comovem.

Em junho Alfama fervilha. Noites longas e quentes, balões e manjericos. Lisboetas e turistas esfomeados devoram bifanas e sardinhas. Suas goelas sedentas pedem sangrías e cervejas frescas. Réplicas do Quim Barreiros animam bailaricos com músicas brejeiras, e o povo vibra de emoção.
Em junho todos os moradores trabalham no comércio. Enchem os bolsos para pagar umas férias em Punta Cana ou Porto Galinhas. Seja vendendo sardinha a um euro e meio a unidade, ou minis a dois euros.
Durante o dia a azáfama é outra, limpam-se os grelhadores, afiam-se as facas, salga-se o peixe e a carne bem salgados a puxar a bebida. Velhinhas carregam sacos de gelo, porque não há arca que contenha a cerveja que mais logo se vai beber. Moças procuram, rua acima e rua abaixo, as últimas sardinhas, a febra mais barata. Moços regressam da Makro com carrinhas carregadas de bebidas e guardanapos. Senhoras descascam batatas à porta dos prédios enquanto gritam com as vizinhas. Homens barrigudos acendem as brasas para o churrasco e vão petiscando ocasionalmente uns chouriços ou sardinhas com pão e tinto do garrafão.
Vir aqui petiscar ao almoço é que é viver os santos, descansar enquanto todos trabalham, comer enquanto todos cozinham, e ver uma nesga do Tejo quando mais ninguém está a olhar.
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A Revista Cais é editada pela Associação CAIS, como uns instrumento de captação para a participação de pessoas em situação de sem-abrigo.
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