sexta-feira, fevereiro 06, 2009

De filmes e cineastas, do tempo e outras considerações

Saindo um pouco da linha de filmes prontos a ser oscarizados (ou não), ontem assisti a dois muito interessantes:

A Guerra dos Botões ( La Guerre des Boutons), de Yves Robert, inspirado no romance homônimo de Louis Pergaud. Convertido num clássico do cinema francês dos anos 60, é um filme inesquecível, onde infância rima com inocência. Com estréia em 1962, na França, o filme em P & B bateu todos os recordes de bilheteria à época e ganhou o Prêmio Jean Vigo de melhor filme do ano.
Uma sátira formidável à guerra dos adultos, segundo o The New York Times.
Gostei muito.
Os filmes europeus sempre são mais simples em termos de produção e têm muito mais alma, digo eu.

Domicílio Conjugal ( Domicile Conjugal - França 1970), de François Truffaut.
Com Jean-Pierre Léaud e Claude Jade.
Adoro as tomadas de detalhes, sem pressa. Adoro a composição da personalidade de cada um dos personagens, adoro as cores, as casas, os lugares e as pessoas retratadas. Nada de super-produções. Tudo muito simples, verdadeiro e poético.

Em Domicílio Conjugal temos mais uma vez Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud), que é um personagem bem conhecido para aqueles acostumados aos filmes do cineasta francês. Assim como Marcello Mastroianni era o alter-ego de Frederico Fellini em seus filmes, Doinel cumpria a mesma função em relação à Truffaut.
Demonstra também e, mais uma vez, o seu profundo interesse pela relação homem-mulher e a tendência autobiográfica de seus filmes, embora tenha declarado que era muito menos autobiográfico do que se pensava.
Foi o criador da Nouvelle Vague, em 1954, que tinha como pilar a teoria autoral, ou seja, um filme pode ser visto como uma produção individual, não muito diferente de um livro ou uma música. Pode-se dizer que foi uma revolução na forma de filmar, na técnica e na liberdade.
Truffaut, na revista Cahiers Du Cinéma, durante os anos 50, clamava por uma Revolução Cinematográfica: um modo mais livre de fazer cinema, que significava mais locações externas nas filmagens, menos restrições dos estúdios, produtores ou roteiristas, um enfoque mais solto para o ato de atuar e, mais importante, diretores que iriam escolher o próprio material e criar filmes pessoais, sempre conscientes da natureza específica do meio cinematográfico.

Sou meio aficcionada pelos filmes do Truffaut e pelas suas idéias, desde a minha adolescência.
Apaixonei-me.
E agora há uma estante recheada deles lá na FNAC Vasco da Gama.
Dele e não só.
Há outra estante só do Almodóvar, com grande parte dos seus filmes.
Há outra com filmes de Jean-Claude Lelouch, de uns quantos realizadores italianos (Bernardo Bertolucci, Frederico Fellini, Luchino Visconti, Roberto Rossellini e Mario Monicelli, entre outros) e asiáticos também.
Se eu tivesse tempo e dinheiro...

Tempo?
Hã...
Continua a chover.
E hoje, em Lisboa, ficaremos entre os 6 e os 13 graus.

As outras considerações:

Amanhã é sábado e teremos a inauguração da Exposição de Fotografias do fotógrafo brasileiro Renan Cepeda, na Galeria da Abraço.

De resto, preparo uma Feijoada à Brasileira para o almoço de amanhã, espero que saia espetacular.
A sobremesa ainda não decidi qual será, mas estou seriamente inclinada a testar-me no Molotov. a quem interessar possa, a receita, está em http://www.gastronomias.com/doces/doce0688.htm
Depois eu conto como ficou.

Volto depois. vou à Feira.

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