terça-feira, fevereiro 22, 2011

Noite

Não tenho sono e nem vontade de dormir.
Cresci vendo minha mãe a dormir sob protesto. Acabei por herdar-lhe a rebeldia.
Hoje, aos oitenta anos, ela deita assim que o sol se põe e fica a ouvir as rádios do mundo. Viaja todas as milhas de que é capaz, antes de adormecer. E tem sempre uma notícia nova quando acorda e já é de novo de manhã.
Meu relógio de pulso ainda marca a hora de verão no Brasil. O celular e o portátil mostram a hora de Lisboa e aqui em Santa Maria da Boca do Monte, agora são 01:17.
Andei a navegar por tudo quanto é sítio, internet afora, internet adentro.
Aprende-se.
E se desaprende.
A emoção anda habitando cada canto, cada palavra, cada letra. Fácil dar-se a conhecer.
E nem assim.
Têm-se o fato em tempo real, a palavra, a imagem e até o sentimento. Mas ninguém é capaz de perceber a alma.
Por que?

Devia dormir.
Mas o ficar acordado é bem mais fascinante.
Já não há mais sonhos como quando se era criança.

Um comentário:

fernando andrade disse...

que prosa poética mais fascinante...desconhecia a tua veia poética! Férias Felizes!