quinta-feira, agosto 02, 2007

Aquecedores elétricos e um costume português - as camilhas

Gente, é verdade, não se acha unzinho sequer, nem prá remédio.
Andei vasculhando a cidade, hoje, de loja em loja. Simplesmente sumiram, os aquecedores elétricos.
Já andava a ponto de achar que era falta de senso de oportunidade, mesmo estranhando...mas seria demais.
Resolvi perguntar a um dos atendentes. Depois a todos os outros.
Resposta simples: ano passado não fez quase frio, as lojas não compraram. Venderam tudo o que havia em estoque e é isso. Não tem aquecedor prá ninguém, em Santa Maria.
Com todo esse frio!
Pode?
Pois pode. Tanto pode, que não há.
Se alguém encontrar, por favor, avise.

E falando em frio e aquecedores, lembrei agora de ter visto lá em Portugal, no inverno, algo bastante curioso e interessante. Nunca tinha visto por aqui, por isso o espanto. Se havia ou se há, não sei. Como a maioria de nós descende dos portugueses, parece provável que sim.

Eles lá têm, na maioria das casas onde fui, a camilha ou mesa de camilha, que nada mais é do que uma mesa redonda em que as pessoas sentam-se a volta, para se aquecer.
Vou tentar explicar como é isso.
A tal mesa de camilha tem um outro círculo de madeira, menor do que o tampo, ligado aos pés que a suportam e onde as pessoas, por sua vez, colocam os seus pés. No centro desse círculo há uma espécie de furo, de forma circular, onde é colocado uma braseira, forma ou algo que parece com uma bacia metálica mesmo, cheia de brasas muito vermelhas e vivas. As brasas vão sendo substituídas a medida em que vão-se apagando ou "arrefecendo", como eles dizem. E então a família senta-se à volta da camilha e colocam os pés ali embaixo. Sobre a mesa há uma toalha de um tecido muito grosso, que vai até o chão, cobrindo as pernas e os pés das criaturas.
É interessante. Pena eu não ter uma foto prá mostrar. Quando voltar lá, prometo que tiro e publico aqui.
Fica-se um pouco enfumaçado, lá isso é...mas dá um calorão...
Verdade que o calorão também pode ser por causa das conversas, sempre regadas a bons vinhos, nesse caso, alentejanos, porque isso vi lá no Alentejo, sul de Portugal.
Deve haver em outras regiões, também, de certeza. E daí tomam-se outros vinhos, que isso, por lá, é o que não falta, seja inverno ou verão. E o inverno lá é bastante rigoroso.
Pois ali ficam, nos chamados "serões", a petiscar e a bebericar, até que o sono bata e o pessoal se recolha.
Dizem que o certo mesmo é usar brasas feitas com lenha, não o carvão industrializado. Esse já matou muita gente por lá. É duas e três e se ouve ou lê notícias de pessoas que foram intoxicadas pelo gás do carvão, principalmente pessoas idosas. Com todo o frio, fecham-se em casa e aquecem-se dessa forma. Um perigo.
Por causa disso já não se usa tanto a braseira. As camilhas continuam sendo usadas, mas as brasas foram substituídas por aquecedores elétricos.
Melhor assim, digo eu. Fico bem mais descansada.



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