domingo, agosto 08, 2010

SAMBA e CHORINHO na noite de Sesimbra

Quem vai para Sesimbra, logo ali antes da entrada da cidade, virando-se à direita lá pela terceira rotunda, está a localidade de Venda Nova. A princípio tivemos um pouco de dificuldade para encontrar, acabamos por ter que pedir socorro à nossa amiga Ethel que, por telemóvel, foi nos orientando, até que a encontramos ao pé da entrada do Quilombo de Santiago, uma das gratas surpresas que tivemos nos últimos tempos.
Eram umas oito e tal da noite, mas isso no verão não conta, pois o sol ainda vai alto no céu.
Cheirava a sardinha assada. E o clima, já na chegada, era de patuscada das boas.
Chegamos como quem chega em casa. E mesmo não conhecendo quase ninguém, era como se fosse. Entrosamento relâmpago, coisa e tal, fomos tomando pé do que ia acontecer.
Eu nunca havia presenciado uma tertúlia cultural. e o pessoal falava de música brasileira, de samba, de chorinho. Entre uma cerveja e outra, alguns tomavam sangria e eu, água muito fresca, o papo foi rolando ao natural, prenúncio do que viria com a noite.
Gente, e estamos em Portugal!
Quando entramos no que pode ser chamado de bar, talvez fosse melhor dizer barraco, mas não pelo sentido pejorativo e sim pelo de aconchegante, simples e carregado de significado, aí foi a consagração. Nas paredes, recortes de jornal atravessando tempos, umas cuícas, uns triângulos, na verdade tudo o que se quiser encontrar em termos de instrumentos para que se possa fazer bom samba. E uma bandeira do Brasil, em lantejoulas. Outra do Salgueiro.
O dono, Reinaldo, conhecido morador de Sesimbra, nada mais é do que o mentor maior dos carnavais daquela cidade. Influenciou e esteve junto na criação da primeira escola de samba de um carnaval que passou a ser ponto obrigatório para quem quer ver vida, beleza, muita cor e música da melhor. É o cara do samba em Portugal. E sabe tudo. Sabe tudo de samba, da música de raíz brasileira, da batucada, da manha, É um carioca da gema, mesmo sem ter nascido lá.

Começa a música.
Clima total.
Brasilidade pura.
A gente que é brasileiro e tem um monte de saudade, fica pasmo, baba e, se calhar, fica sem querer sair mais de lá.
Porque é difícil de acreditar que se faça isso em Portugal. E mais ainda, por só ter descoberto isso agora.
Mas antes tarde do que nunca. Cantamos (e sambamos) todos até as tantas da matina. E não lembro de ter sido tão feliz de uma forma tão simples e inesperada.
Valeu, Ethel!
Quando houver de novo, por favor, coloca a gente na lista.
Tércio Borges, cavaquinho, Cláudia e Jessé, pandeiros.

Turma animada e atenta, apaixonados pela música brasileira.
Catarina, juntando-se ao grupo - percussão.
O ambiente é mesmo encantador.
Na platéia, a atriz e escritora Susana Palmerston e o cineasta Edgar Feldman (O Segredo -2008), pai do premiado João Salaviza, Palma de Ouro em Cannes 2009 - Curta-metragem "Arena".
Eu, encantadíssima. Grande noite!
Reinaldo Nunes (Nova Galé) , português oriundo de Queluz, músico, compositor, cantor e um dos grandes responsáveis pelo sucesso do carnaval de Sesimbra, um símbolo do samba em Portugal. Um português mais do que brasileiro, que foi viver em Sesimbra pelos anos de 75, e de lá nunca mais saiu. Alma devota à música, dono do espaço alternativo que se dedica à divulgação da música brasileira, o Quilombo de Santiago, nos arredores de Venda Nova, para onde convida os amigos para as conhecidas Tertúlias Musicais, com alguma regularidade.
- A malta junta-se ali, faz uma patuscada e ouve música da boa, daquela que não se ouve em mais lado nenhum.
Apresentam-se ali grandes músicos, que vêm do Rio de Janeiro e que moram em Portugal ou cá estão para alguma apresentação.
O espaço não é comercial, é alternativo e privado.

Tércio Borges (Raspa de Tacho), brasileiro, carioca, compositor, cantor, cavaquinista e produtor musical, que hoje vive em Lisboa. Um convidado mais do que especial de Reinaldo, para o deleite dos amigos que frequentam o Quilombo de Santiago. Já tocou, acompanhou, cantou e atuou com os maiores nomes da música brasileira.
Cláudia, filha de Reinaldo, acompanha o grupo no pandeiro. Filha de peixe, herdou do pai a paixão pela música.

2 comentários:

Fabi disse...

Pôxa, morei 8 anos e meio em Portugal e passei o tempo todo procurando um lugar assim... O que me consola é que morei no Porto por isso não daria pra ir nesse lugar. Adoro lugares assim e quando voltar de férias espero conhecer.
Aproveita bem essas noites de boa música!
Parabéns pelo blog!

helo flores disse...

É verdade, Fabi, a gente se sente em casa num lugar como este. Tens que conhecer.
Beijo grandão e excelentes férias.
Aproveita!
E obrigada pelo carinho.