quinta-feira, março 01, 2012

Cronópios, Turco e a moça do caleidoscópio.






Não é nenhum segredo que eu tenho uma certa fixação por instrumentos musicais diferentes, como apitos indígenas, qualquer coisa que faça barulhos inusitados.
Acho que boa parte deste gosto vem do convívio com os amigos Ricardo Freire e Marcelinho Schmidt. O Rica dá vida e som a toda a sensação. E quando não lembra da palavra que quer dizer, lasca logo um "sflings". O som geralmente tem tudo a ver com a "coisa" em si. Impressionante como consegue captar coisas que a gente não percebe. Já o Marcelo anda com o ouvido ligado a todos os barulhos que possam ser colocados em uma composição. Vai batendo nas coisas por onde passa, experimentando o som que produz. Nem os corrimãos das escadas escapam. Se for preciso, volta e bate de novo. Ouve, bate mais uma vez, depois deve colocar em alguma escala lá dentro da cabeça dele. Em Lisboa, atravessando a passagem que vai dar no monumento Padrão dos Descobrimentos, para quem sai do parque em frente aos Jerónimos, levava um pandeiro. Dentro daquilo que é uma espécie de túnel, começou a batucar. O som lá dentro retumbava pelas paredes, dando um efeito muitas vezes aumentado.
Artistas de verdade.

Eu cá tenho os meus gostos, embora não tenha esta criatividade que admiro tanto neles.
E isso dos apitos, chocalhos, invenções sonoras me causam curiosidade e gozo.
No Mercado de Floripa, aquele amarelo antigo ali no centro, encontrei uma caixa com alguns dez apitos diferentes, sons de cantos e pios de pássaros, fabricados pelos indios. O Arsénio comprou a caixa, que o gajo também adora apitos. E eu comprei três muito interessantes, que os meus netos adoram soprar e ouvir o barulho que fazem. Quanto a mim, penso colocá-los em uso em algum show musical um dia desses. Mas também gosto de soprar às vezes, pelo puro prazer de ouvir ou inventar novas formas de tirar sons diferentes.
Noutro dia fui com meu irmão Maurício, a Lia e o Matheus e a irmã Mara almoçar no Pântano do Sul. Na entrada do Arante, aquele bar/restaurante super conhecido e que eu adoro, todo cheio de bilhetinhos colados pelas paredes e teto, há muitas bancas de artesanato local. Artesanato é outro de meus xodós.
Foi ali que encontrei o Cronópios, um argentino "fazedor" de instrumentos musicais, capoeirista e professor de capoeira. Eu quis ver tudo. E acabei comprando mais um chocalho e um outro instrumento que faz barulho de tempestade, com sons de raios e tudo. Um espanto! Conversamos bastante e ele contou da paixão pelo que faz, os lugares onde já morou e outras tantas coisas. Isso também é outra mania minha. Quando compro este tipo de coisas que são importantes prá mim, quero saber de onde veem, como são feitas, quem são as pessoas que as fazem. Só assim faz sentido. Assim, cada objeto tem a sua história.
Nas bancas ao lado, uma moça vendia caleidoscópios e o Turco fazia tatoos de henna.
Adoro caleidoscópios e gosto mais ainda de presentear as crianças com eles. Comprei um para o Matheus, meu sobrinho de dois anos. Estes brinquedos foram parte da nossa infância e acho legal a idéia de passar isso a eles. Hoje em dia os brinquedos são tão sofisticados...não que eu não os ache incríveis, mas também é bom conviver com a simplicidade e magia dos brinquedos antigos.
Não fiz nenhuma tatuagem de henna, dessas que duram só quinze dias, mas um dia ainda faço uma pequenina, de verdade. Ando amadurecendo a idéia.

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