quarta-feira, julho 06, 2011

Cassino Beach

Acordo sempre cedo.
Muito cedo.
Toda a gente já sabe.
Levanto cedo, também.
E saio batendo palmas pela casa, como fazia o meu pai, enquanto preparava o café.
Além do fato de ser colorada, herdei isso dele.
A gurizada, nos tempos áureos da adolescência, queria me matar. Ou pelo menos algemar. Ou trancar as portas todas e colocar protetor de ouvidos.
Continuo batendo palmas e colocando música.
Às vezes batendo panelas na cozinha. Pelo menos aos finais de semana. O Arsénio que o diga...A mulher dos tachos é mesmo um espanto.
Mas aqui no Cassino, com este frio considerável, tenho me acobardado.
O vivente fica meio sem coragem, pura verdade.
Acordei cedo, como de costume.
Puxo o portátil, que dorme ao lado da cama e haja mundo.
Mas isto hoje tá complicado, já me dá vontade de enfiar umas luvas. Como a preguiça e o frio, mais frio do que preguiça, não me deixam sair da cama prá ir procurar na mala, estico as mangas da camiseta que está por baixo do pijama (sim, isso é uma superposição de roupas que nunca mais se acaba) e tento cobrir pelo menos parte das mãos, enquanto digito. O nariz é uma pedra de gelo em cima da cara. Espirro, espirro. E os olhos marejados o tempo todo, à exceção de quando durmo, mais parecem de um desgosto sem fim.
Um quadro já meio esquecido, não me lembro de sentir tanto frio assim lá em Lisboa.
Pensar que o povo lá não acredita que aqui também há um inverno tão rigoroso quanto. Quase pedem prá gente mostrar fotos.
O Brasil, pro pessoal do outro lado do Atlântico, é só nordeste, sol, calor, praia, samba e muita caipirinha. Mulheres, também, claro. Férias eternas.
De uns tempos prá cá, um país com futuro.

Levantar é preciso!
Não tem jeito.
Minha irmã Betina acabou de chegar de Rio Grande e a mãe já tem a mesa posta pro café.
É hora de botar os assuntos em dia.
Coragem, que lá fora há sol.
Volto mais tarde.
Um belo dia a todos.

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